Are you satisfied?

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Último ano acadêmico, estava quase arrancando os meus cabelos de tão nervoso que me encontrava, eu estava esperando receber o resultado da bolsa para a universidade de medicina, aquilo era algo tão conflitante.

Mas no fundo eu não estava feliz, talvez eu devesse certo? Por exemplo, aquilo podia mudar minha vida, era claro que eu tinha que me sentir feliz, era uma oportunidade das grandes e eu precisava melhorar meu humor.

Notei a Jessica e seu grupo, eles eram tão populares, sempre gostei da Jessica, mas todos sabiam que ela gostava da melhor amiga - claro, todos menos o Scott - então nem sequer pude ter minha chance, tínhamos trocado algumas palavras ou outras mas nada que durasse minutos prolongados. Eu era tímido demais para a chamar em um encontro.

Eu estava vivendo uma vida de fingimentos, para os outros eu era o sonhador, que não tinha minha cabeça em um local físico pois estava pensando nas nuvens, pessoas amam falar da vida alheia.

Talvez a vida da pessoa seja tão pacata que prefere opinar sobre a vida que não lhe convém.

Quando notei que não estava contente com apenas aquilo que estava levando, minha mãe foi a primeira a opinar sobre algo que ela nem sequer sonhava. Claro que sua crítica foi para meu bem mas ela nunca tentou entender o que eu estava tentando demonstrar.

Eu nunca meti minha opinião sobre a escolha de carreira do meu amigo, não era da minha conta e eu não me importava com aquilo, não acreditávamos nas mesmas coisas mas nem por isso impúnhamos nossas opiniões um no outro.

Eu ia demorar para ter sucesso ou até mesmo o amor de Jessica - isso era algo que eu almejava demais - mas isso é apenas minha opinião, se eu quisesse largar tudo e fingir que nunca fiz essa escolha, podia. A nossa vida é repleta de escolhas e nesse momento é nós que decidimos, nossa vida e nossas escolhas.

Caminhei pelos corredores mas parei ao ouvir um barulho de discursão, poderia ter ido embora mas era a voz da Jessica, ela não parecia estar no melhor de seu humor.

- É problema meu, eu descido o tempo que eu levo para ter sucesso, se eu quisesse subir em um pedestal que nem você poderia muito bem fazer, não fique se achando por ser mais popular que eu! Você nem sequer dá a mínima para sua amizade, você só é uma pessoa podre. - Jessica disse por fim, aquelas palavras foram proferidas em tanto ódio que só soube quem foi dirigido um tempo depois.

Jessica finalmente tinha cortado laços com a Lincon, aquilo tinha alegrado o meu dia, mesmo que o dia da Lincon tenha sido arruinado, mas eu amara aquilo, o quê mais poderia fazer?

...

Tinha se passado três meses, minha vida estava boa, tinha superado meu primeiro amor de escola, o mundo parecia mais bonito, talvez seja a sensação de liberdade emocional. Eu tinha gostado da sensação.

Sempre fui fã de livros de fantasia. Por favor, semideuses e hobbits tinham sido o marco da minha adolescência, só que depois de um tempo o homem precisa ir caçar mais livros. Por isso escolhi a livraria mais famosa da cidade, eu era um cliente fiel naquele recinto, amava aquele lugar por sinal.

Entrando na loja notei ela, fazia um tempo que não a via. Ela estava linda, com aquela calça jeans surrada e um moletom verde escuro, seus cabelos não tinham as mechas finais, mas tudo nela continuava lindo.

Sua empolgação para recomendar os livros aos seus clientes era de se invejar, eu amava ver-lá assim, feliz.

Mas será que ela estava satisfeita com uma vida tão mediana? Ela mentia para assumir a rédia de sua longa vida? Eu não acho que seja isso, ela me viu, tinha sido notado depois de anos! Ela tinha um sorriso único direcionado apenas para mim.

Céus, eu estava com saudade daquele sorriso. Pude sentir meu próprio coração me trair, estávamos superando a minha antiga paixão e agora estávamos de cara a ela mais uma vez, que coisa cruel que o destino estava nos aguardando.

Ela podia ser uma grande empreendedora, vocês não veem? Ela sabia que nada daquilo vinha de graça e mesmo assim com o seu trabalho tão perfeitamente elaborado era demonstrado como se tudo isso fosse realmente de graça.

Finalmente tinha chegado nela, ficamos conversando sobre livros e contei a ela que estudava em sua escola, ela permaneceu em choque, me revelou que poderíamos ter sido bons amigos antes, se ela soubesse que eu não estava contente com apenas a sua amizade.

Perguntei o motivo da briga com a Lincon, sou um bom ouvinte às vezes, aquela pulga atrás da orelha era um saco, mas não podia esperar mais para saber sobre o rompimento da amizade inabalável de anos.

- Ela disse que eu sou uma maníaca por controle, que sou impulsionada por uma avidez pelo sucesso e ninguém podia me parar, quem diabos diz isso para sua melhor amiga? - ela suspirou e afundou sua cara nos braços que estavam em cima do balcão.

Não consegui responder na hora, mas mentalmente tive pelo menos uns cinco mil diálogos de como ajudar ela a resolver aquele problema que estava a atormentando, mas na hora eu tinha travado, emoção demais para o meu sistema corporal, não estávamos acostumados com isso.

Continuamos nosso contato por grande parte do meu tempo, mas nem por isso eu parava de estudar para minha universidade de medicina, ela seria paga com a ajuda da minha mãe, não estava contente com isso mas eu tinha que aceitar. Nas piores das hipóteses minha mãe teria queimado seu próprio dinheiro.

...

Tinha se passado seis meses e já estávamos começando a aula, notei que também a Jessica faria o mesmo ensino que o meu, o que me deixava com vontade de fazer a mala e fugir para qualquer outro país sem Jessica Stevens, senti meu cérebro querer dançar e dar acrobacias desajeitadas cada vez que a mesma colocava uma mecha de seu cabelo atrás da orelha. Ela era tão adorável.

Eu não me dava bem quando estava nervoso, principalmente quando a causa tinha nome e sobrenome, eu sentia a necessidade de me esconder dela, mas ela era tão linda que se Afrodite realmente existisse eu já sabia onde ela se encontrava.

- É problema meu que eu não tenho amigos e algumas vezes tenho vontade de morrer, não estava preparada para isso tudo, isso cansa a minha linda carinha - ela fez um bico derrotada.

Sorri para ela, a mesma me olhou espantada e logo em seguida suas bochechas ficaram um pouco rosadas, ela tinha me dito que meus sorrisos eram encantadores e isso me motivou a sorrir mais na presença dela, eu gostava disso, gostava de nós como estávamos, mas e se eu quisesse passar dos limites? Será que ainda gostaria dela da mesma forma que agora? Será que eu estaria satisfeito com a minha ação?

Talvez com tantos pensamentos eu estava na verdade triste por dentro, quebrado emocionalmente, talvez nesta vida  as coisas foram um pouco cruéis demais em relação a mim.

Orava para que finalmente fosse notado mais do que já era, mas eu ia continuar esperando, um relacionamento só daria certo quando ambos decidissem que se queriam, dois namorariam quando os dois quisessem.

Finalmente tirei a coragem do fundo do meu cérebro e a chamei para um encontro, um encontro romântico, nós dois e uma toalha vermelha com bolinhas brancas de piquenique no Central Park, não podia estar mais feliz que isso e ela tinha aceitado!

Tinha a universidade dos meus sonhos, uma garota linda que poderíamos compartilhar um lindo romance jovem, eu tinha o que precisava para ser grato até a minha própria morte.

Não estava mentindo, estava feliz. A satisfação de conseguir finalmente reconciliar o Tyler Maison com sua própria alegria me deixava em êxtase.

Afinal, quem iria querer um jogador nato de xadrez e que não era nem um pouco atlético, não possuía músculos como alguns estudantes, mas Jessica tinha me dito que a melhor coisa entre aparência e cérebro era o cérebro, e isso é algo que eu tenho até demais.

Eu era Tyler Maison, eu era um cara de sorte.

Nossa vida é composta por músicaOnde histórias criam vida. Descubra agora