Apenas Jovem

Vinícius

- Eu não me importo que horas sejam, eu segui meu coração e ele me levou até aqui, até a sua porta. Estranho? Nem um pouco, de certa forma, esse carinha consegue a audácia de sempre estar certo... mesmo eu achando que ele está errado. Eu tenho algumas coisas a te dizer, e você precisa ouví-las! Lembra do tempo em que éramos felizes? Você usava aquela camisa listrada vermelha com preto, e eu sutilmente te chamava de Freddy Krueger. De quando acordávamos cedo para nós praticarmos a nossa canção favorita. Você talvez não se lembre, mas eu me lembro. Sabe, acho que esse é o erro mais comum das pessoas. Conhecemos a pessoa da qual achamos que seremos felizes para sempre, planejamos nossa vida ao lado dela... e quando ela simplesmente vai embora, não sabemos o que fazer. Aí acabamos no portão dessa pessoa em plenas duas da manhã, desesperados e sem rumo. Achei que eu fosse o bastante, achei que meu jeito exagerado de ser, que meu jeito tosco e falho de ser, porra! A quem eu estou tentando enganar? Fui eu que te afastei no fim das contas, eu... se nem eu me suporto Mari, porque você me suportaria? Olha... eu te entendo, mas eu entendo ainda mais o que eu sinto por você, eu te amo. Mas é aquela coisa, né? Quando se ama, tem que deixar partir. Mas caralho, por que é que dói tanto? Mari, eu... eu espero que você seja feliz. -disse Vinícius.

Vinícius então virou-se, subiu a rua e foi em direção à sua casa. Deitou-se em sua cama, e tomou uma decisão ruim. Colocou a playlist que havia montado para Mari, agora sua ex-namorada, e relembrou seus momentos mais felizes, desde o primeiro "oi", até o último "adeus". Ele teria passado a noite em claro, se não tivesse derramado lágrimas em seu travesseiro até dormir.

"Cause it's too cold, for you here, and now." Ouve-se então, a música preferida de Vinícius. Era o despertador do jovem, que acabara de despertar.

- Merda! Seis e vinte, maldita seja a escola! -disse Vinícius.

O rapaz então se preparou para mais um dia de aula, coisa que o mesmo odiava. E então, cometeu outro terrível erro, abriu sua mochila e achou o caderno de Mari, e abriu um sorriso de canto.

- Ainda tá com o cheiro dela... -disse Vinícius

E então, o mesmo se arrumou como nunca antes na vida, passou seu melhor creme em seus grandes e lisos cabelos, vestiu-se com sua jaqueta que usou para conhecer os pais de Mari, passou seu melhor perfume, pegou seu skate e foi até a casa da mesma, com o caderno dela em mãos.

No caminho até a casa de Mari, Vinícius aparentava estar bem ansioso, até mesmo estava falando sozinho.

"Oi! Tá aqui seu caderno!" Porra, muito seco. – disse Vinícius.

"Mari, te amo, volta comigo, o caderno foi só uma desculpa pra te ver!" Não, muito explícito. -retrucou a si mesmo.

E então, Vinícius havia chegado na casa de Mari, bateu no portão, e a mãe da garota abriu.

- Vinícius? – disse a mãe da garota.

- Oi! Preciso entregar uma coisa para a Mari! – retrucou.

- Então era você gritando no meu portão às duas da madrugada, né? A Mariana não estava. -disse a mãe da garota.

- Não estava? Que estranho. Ah! E antes de mais nada, peço desculpas, dona Vanda. Eu acho que a senhora soube o que houve. -disse Vinícius.

- Soube sim, mas Vinícius, eu acho que você não vai querer entrar. -disse Vanda.

- Bobagem dona Vanda! Com licença, eu vou só entregar rapidinho pra ela. – disse Vinícius.

E então, com um sorriso estampado no rosto, o garoto abriu a porta da casa de Mari, e logo quando olhou para o sofá da sala, Vinícius deparou-se com algo que iria acabar com seu dia.

- Oi Mari! Você se esqueceu do seu cader-... -disse Vinícius, sem terminar sua fala.

Vinícius deparou-se com seu melhor amigo, Pedro, beijando Mari, no sofá da sala de estar.

 - Vini? Que porra 'cê tá fazendo aqui? -disse Mari.

- Vinícius, cara, não era pra você estar na escola? – disse Pedro.

O garoto não disse uma palavra sequer. Apenas derramou lágrimas e o caderno de Mari no chão. Após isso, foi em direção ao portão, olhou para trás e seguiu em frente.