Contos de Fadas | yoonseok

1. Histórias sem Começo

— Não é Lindo?

— Muito, é como no livro que a senhora sempre lê pra mim. — Os meus olhinhos brilhavam a cada nova descoberta.

A brisa balançava meus cabelos e os dela, ela parecia uma princesa de tão linda.

— É tão bom sentir o vento. Sinta ele querido. — Ela sorri, e logo fecha seus olhos para a paisagem e ergue seu rosto para o vento.

Repito o mesmo.

Era frio e tempestuoso, mas tão acolhedor, segurar a mão dela fazia o ar gelado ser quente.

— Eu te amo meu filho.

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— Estava dormindo no trabalho de novo, senhor Yoongi?

— O que? — Com olhos raivosos o mais babaca de todos da sala me encarava, meu colega de trabalho, Peter.

— Estou dizendo que estava dormindo em meio ao expediente, não esta tendo boas noites de sono em sua casa senhor? — Lentamente suas palavras saiam com deboche, havia acabado de colocar as mãos na cintura, e suas sobrancelhas mantinham-se erguidas por alguma razão.

Para dizer a verdade não, mas não é como se ele se importasse muito.

— Não, eu estou bem obrigada. Vou voltar a trabalho, asseguro que isso não ira mais ocorrer Peter — Como se essa pequena conversa nunca estivesse acontecido, volto a digitar, não muito bem o que, mas faria qualquer coisa para fazer Peter ir embora.

Como se isso bastasse, com um bufar irritado ele desiste, vendo que suas mãos na cintura e suas sobrancelhas erguidas não me fariam pedir desculpas ou recuar, seja lá o porquê, ele sai irritado andando pesado sobre o chão, acabo pensando nos vizinhos de apartamento que ele pode ter e sinto pena deles.

Volto para a tela do computador, para as letras miudinhas que alí tinham, começo a ler e corrigir, faço com cuidado, lentamente, meu trabalho é isso ler e reler, revisar e corrigir.

"O rei do norte se lembraria do dia de hoje, e não deixariaimpune a maldita rebeliao"

"O rei do norte se lembraria do dia de hoje, e não deixaria impune a maldita..

— Rebelião...

Era tão tedioso.

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Meu prédio não ficava nos melhores bairros de Busan, ele também não ficava nos piores, a fachada era a mais marcante do lugar, numa tonalidade salmão horrível onde a tinta descascada era preenchida por pixações com palavrões em japonês.

Como sempre o elevador quebrado, uma folha escrita a mão feita de qualquer jeito, escrito "EM MANUTENÇÃO", já faziam anos que se encontrava alí, o papel era até velho, meio desgastado.

Então subi pelas escadas, um pé na frente do outro, como todos os dias antes desse, mas hoje os sonhos que tive no trabalho tomaram minha cabeça, era tão estranho sonhar com minha mãe.

Meu sono desregulado nunca foi uma surpresa para mim, eu sempre esperava acordado minha mãe chegar do trabalho, e apenas dormia após a chegada dela, então ter um horário de de sono nunca fez parte da minha vida, mas depois da morte da minha dela isso se tornou mais uma rotina do que inconveniência.

Dormir quando o sol nascia ou não dormir se fez mais recorrente, me deitar e nem conseguir descansar a mente já não era mais um problema e sim uma parte do meu dia.

Ter aquele sonho com ela me despertou um sentimento de confusão gigantesco, foi a primeira vez que dormi sem ter sequer um pesadelo.

Termino de subir os degraus e ando pelo corredor até encontrar a porta de casa, 28B, com o primeiro número sobrando apenas a sombra na porta.

Destranco a porta ja podendo sentir o peso do dia subindo por todo o meu corpo, ficar apenas sentado com os pensamentos presos, o barulho de milhões de vozes e milhões de carros andando pelas ruas.

Respiro fundo e fecho meus.

Vejo o mar.

Os abro novamente.

Vou direto para a mesa de casa, com calma pego cada frasco dos seis que haviam alí, um por um, tirando apenas uma pílula de cada, e tomando com um copo de água.

Um para ansiedade.

Outro para a insônia.

O seguinte para os devaneios.

Para a tontura. Dor de cabeça.

E para as alucinações...