PRÓLOGO.

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"Hmm hmm.. hmm hmm~"

  Uma voz suave cantarolava uma canção antiga a beira de um riacho. Pode se ouvir o som da água correndo, e alguns pássaros cantando ao fundo. Era um dia bem bonito. Por volta de 10 da manhã, o sol batia em tudo que estava a seu alcance e fazia brilhar, especialmente a grama verde, a água e as árvores no recinto. Por mais que o dia estivesse muito bonito, a pessoa dona da voz que cantarolava não tinha um sorriso em seu rosto. Seu rosto estava sério e a pessoa parecia cansada, com grandes olheiras embaixo dos olhos relaxados, fechados pela metade, enquanto olhavam as roupas que limpava no rio em suas mãos, junto de um sabonete caseiro. Depois que termina o que estava fazendo, ela coloca as roupas num cesto que estava ao seu lado e o pega nas mãos, se levantando e se retirando do local.
  A pessoa, que a primeira vista parecia ser uma garota, tinha uma pele clara como neve, que brilhava levemente corada na luz do sol, e olhos negros como carvão, que quase não tinham nenhum brilho. Seus cabelos compridos, ondulados e volumosos eram bem pretos, com exceção do cabelo em sua nuca, que tinha uma cor vermelha forte. Ela vestia um kimono feminino rosa florido e uma sandália de alças vermelhas. Ao andar próxima de outras pessoas, podia-se ver que sua estatura era relativamente alta, por ser uma garota jovem mas ter a altura da maioria dos rapazes.
  Depois de andar por poucos minutos, ela chegou numa pequena cidade, e continuou seu caminho.

"Bom dia, Yashiro-chan!", uma senhora fala da porta de uma das casas.
"Bom dia." A garota responde com um sorriso forçado, não parando de andar. Durante o caminho, mais algumas pessoas na rua lhe cumprimentam, mas depois de um tempo, ela consegue chegar em casa.

  Ela abre a porta de correr de sua casa com o pé, levando a cesta com as duas mãos, e imediatamente olha para os lados. Ao não ver ninguém na casa, ela entra, tira suas sandálias e fecha a porta com o pé novamente, se direcionando a porta dos fundos. Ao dar apenas 3 passos, ela é surpreendida com algo se agarrando em sua perna, e quase cai.

"Onee-san, onee-san! Bem-vinda de volta!" Era apenas seu irmãozinho mais novo. A jovem dá um sorriso genuíno e afasta a cesta para conseguir ver a criança.
"Ren, eu já falei pra você parar de me assustar assim! Eu quase derrubei toda a roupa limpa em cima de você!"
"Ah... desculpe..." Apesar de Yashiro ter respondido com um sorriso, Ren fica cabisbaixo e a solta, se afastando.
"Hm? O que houve?" A garota fica preocupada. O menininho demora uns segundos, mas responde, baixinho.
"O papai tá sendo malvado comigo de novo. Eu posso ficar com você um pouco?"
"Ah... claro que pode. Vem. Quer me ajudar a pendurar as roupas no varal?"
"Quero!"

  Yashiro e seu irmão mais novo vão andando pros fundos da casa e saem no quintal. Depois de entregar o pote de pregadores para Ren e o deixar sentar em seus ombros, a garota levanta o cesto novamente e vai para o varal. Ela entrega uma peça de roupa para o irmão, ele pendura e prende com o pregador, e o ciclo vai se repetindo. Eles faziam aquilo muitas vezes, considerando que Ren adorava passar tempo com a irmã, tanto por gostar dela e a admirar, quanto para fugir de seus pais e de sua irmã mais velha. Por gerações, a família Yoshimasa foi repleta de caçadores de oni, demônios devoradores de homens, o que dura até hoje. O pai e a irmã mais velha de Yashiro são caçadores, e desde que a garota se lembra, é pressionada para também se tornar um, assim como seu irmãozinho Ren, que tem apenas 7 anos.
  A anos, a família dela vem a chamando para começar seu treino, mas ela sempre conseguiu recusar, e preferiu continuar apenas cuidando da casa com sua mãe, tentando se manter o mais longe de espadas katanas o possível, mesmo tendo várias penduradas na parede da sala de estar. Ela nunca teve interesse em se tornar espadachim, mas o motivo real de ela recusar os treinos é que ela acha que nunca conseguiria ser tão forte quanto seu pai ou sua irmã e iria ir muito mal em todos os treinos, além do fato de que ela nunca teria a capacidade de matar demônios. Ela não conseguia se imaginar cortando a cabeça de outro ser fora, especialmente de um ser que se assemelhava tanto a um humano.
  Depois de um tempo, eles penduram todas as roupas no varal, e Yashiro desce o irmão dos ombros.

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