towards the sun - dabihawks

em direção ao Sol

Hawks voice's

Eu tinha uma missão, uma missão que se não fosse comprida haveria mais perdas do que a média. Na verdade, naquele dia todos os heróis tinham uma missão em comum: deter a liga dos vilões.

Naquele momento eu tentava não aparentar que eu estava nervoso, porque o que eu mais sentia naquele momento era aquilo. Twice estava caído no chão, com minha pena em seu pescoço pronta para caso ele tente me machucar. Eu não queria machucar Twice, não mesmo. Ele era um cara legal e eu estava disposto a tentar conversar com ele sobre ele se render, mas caso Twice se rendesse, mesmo assim, ele teria as consequências de seus atos. Mas então ele revidou e foi ai que tudo deu errado.

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Sangue meu e o de Twice se misturavam pelo carpete macio e rosado do cômodo. Eu já me acostumava com a sensação mais confortável no momento para mim, eu me deleitei no carpete com o cheiro de sangue; no fundo do meu eu aceitando que era os meus últimos suspiros. Aquele era o meu leito de morte.

Eu não sei o que doia mais: ter as asas queimadas ou ver quem as queimou. A resposta certa é que cada uma tem seu peso. As asas queimadas é o colapso do meu corpo, já ver Dabi as queimando é o colapso da minha alma.

Ser agente duplo é estar encima de um maldito muro que você tem que se manter nele. Quando você está no lado da luz parece que lá tudo é perfeito e correto, mas quando você conhece mais daqueles que estão na escuridão, você começa a entender o que eles sentem. Quando conheci Dabi eu estava focado na missão e aos poucos eu senti que nas sombras, uma parte de mim pertencia a ali.

Eu bebia café no final do meu expediente e você fumava seu típico cigarro como alguém que não ligava para os pulmões. 90% da justificativa para eu estar ali é porque eu gostava da sua companhia mesmo que nós não trocássemos muitas palavras e na maior parte das vezes eu que tomava as iniciativas. E pelo começo da manhã, eu subia os céus manchados pelos primeiros raios de Sol, voltando para o mundo perfeito, aonde a ilusão da sociedade perfeita também emanava. Enquanto isso você me olhava encostado num poste, sempre na mesma posição, com a mesma expressão e os olhos turquesas cansados. Apenas uma vez aconteceu o selar de lábios e aquilo já bastava, o calor vindo dele já bastava para esquentar minha boca.

Agora, com esses pensamentos, eu estou esperando os meus batimentos pararem com um sorriso no rosto, enquanto eu escuto você gritar no pé do meu ouvido para eu aguentar. Você é extremamente estranho. Uma hora está me matando e na outra está pedindo pra eu aguentar firme como se você se importasse.

Ele queimou meus sonhos, queimou tudo ao meu redor. Mas por que eu estou indo em direção ao Sol e ignorando completamente que eu estou abraçando o próprio inferno? Por que eu ainda beijo seus lábios mesmo sabendo que um dia eles podem cansar do meu gosto, depois os queimando assim como você fez com minha alma? Simples, enganos acontecem e erros são cometidos. Então mesmo que os outros digam que você é o culpado, eu direi que não. O culpado é a sociedade por não estender a mão para você quando só eu que o fiz.

Senti seus braços em minha lombar e na parte de trás da minha coxa. Com a minha vista embaçada, ainda consegui ver dois corpos ao chão. Um eu sabia que era o de Twice, mas ao me deparar com os cabelos loiros, suspirei em surpresa, alívio e tristeza. Toga, estava jogada ao lado de Twice, queimada e acabada.

Aqueles batimentos que pareciam ser os últimos começaram a se tornar os primeiros. Meus olhos se arregalaram ao levantar um pouco do meu olhar e encontrar os seus olhos. Os olhos que sempre expressavam indiferença agora expressavam preocupação. Foi então que eu me toquei: Toga tinha melhorado suas habilidades de metamorfose.

- Você acreditou que eu queimaria aquilo que eu mais quero tocar? - Dabi franziu a testa e eu voltei a perder o ar. Sorri e fechei os olhos por um segundo. - Deve estar doendo muito, não é? Fica tranquilo Keigo, vai ficar tudo bem. - Eu gostei que ele havia me chamado de Keigo, eu havia gostado mais do que o permitido.