alcançando o Sol

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"Depois da minha traição com a liga dos vilões, eu não via um futuro, apesar de estar confortável no único presente que eu queria. Hawks estava machucado, com as asas queimadas e mesmo assim, eu estava feliz por poder escutar sua respiração, por sentir a quentura em seu corpo, por ele ainda pertencer a vida.

Aquilo era o que mais me importava.

Nós tínhamos que fugir, nos esconder em becos por meses e para dificultar, Keigo demorou cerca de 3 meses para se recuperar por completo. Essas fugas o afetavam muito e isso fazia demorar ainda mais. O fato de não só eu como ele também era um traidor por estar ao meu lado, fez com que nós não tivéssemos suporte, alguém para nos arrumar um esconderijo. Era apenas nós dois contra o mundo.

Eu tinha medo de meu amor não ser o suficiente comparado ao dele. Ele poderia muito bem ter me entregado, mas não o fez. Eu me perguntava se eu o merecia, se eu poderia fazer a mesma atitude que ele. Era um porre aquelas ideias de não ser o suficiente, porque graças a ele eu saí da liga, eu traí aquilo que eu achava que era certo. De alguma forma eu tinha abandonado o meu único suporte para ama - lo imensamente e estar ao seu lado pelo resto da vida. Mesmo assim...

Você me fez enxergar que você nunca esperou nada em troca, que só de eu estar ao seu lado já se tornava o suficiente. Conforme o tempo passou, eu entendi suas palavras. Você apenas me amava.

Nos adaptamos com a personalidade um do outro, com as dificuldades e fomos morar longe do centro das atenções. Ali, eu comecei a enxergar um futuro, mas não com a liga dos vilões, não destruindo o meu pai, ou sozinho; um futuro com você.

Nós aos poucos, com suas economias e bicos noturnos, juntamos dinheiro o suficiente para uma casa própria. Um colchão velho era a única coisa que nos separara do chão da casa. Foi uma época difícil e turbulenta, eu realmente me sentia mal por aquela situação, por eu ser culpado. Culpado por ver que o dinheiro não daria, pela falta de comida, pelas vezes que Hawks chegou caindo de sono em casa pela noite exaustiva, mas eu ali; não conseguindo nem um bico, nem o mínimo.

O tempo passou e nós finalmente conseguimos nos ajustar. Tendo nossos próprios empregos e já pensando em um futuro próximo, sem apertos. Quando nossa vida estava estabilizada, nós decidimos que queríamos um integrante a mais na família. Filhos biológicos era quase impossível e adotivos... seria mais viável, mas com a minha aparência não daria muito certo aos olhos. Mas, a única solução que tinha a possibilidade de dar certo era com a mesclar de DNA. Pegar uma parte de nossos DNAS, espermatozóides e transformar em um casulo, onde sairia a criança. Era um tanto inovador na época, poucas pessoas haviam feito e com altas chances de dar errado, mas nós estávamos confiantes. Nós queríamos que acontecesse.

E aconteceu. Os olhos dourados como os de Keigo e os cabelos ruivos como os meus na infância. Ela é a criatura mais linda, tão diferente e perfeita. Eu já julgava que ela seria mais parecida com o passarinho, agitada e brincalhona enquanto eu trocava sua frauda. A única coisa que a distraia no banho era uma pena que Keigo sempre a dava, justamente para distrai - la.

Eu não podia dizer que foi fácil cria - la porque ela era muito carente, assim como a mãe. Toda vez que nós íamos tentar começar algo, Hinata chorava, sentindo nossa falta. Talvez fosse ciúmes ou carência mesmo, mas no geral, ela era e é uma ótima filha.

— Papai! Eu vou pra excola agora! Beijo papai! - Ela deu um beijo na minha bochecha queimada e eu apertei meus braços em volta do seu corpo. Beijei sua testa e ajeitei seus cabelos ruivos, ajeitando os cachos das pontas.

— Se comporte, ouviu? Não quero reclamação! - Olhei naqueles olhos puxados e com a marca de nascença neles, a mesma que a de Keigo. Eram os mesmos olhos, uma cópia. — Te amo.

towards the sun - dabihawksOnde histórias criam vida. Descubra agora