08.

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     Quando dizem que o vício é como um mecanismo de fuga emocional em que o indivíduo obtém prazer e foge de sua dor, estão totalmente certos sobre isso.

     Eu estou viciada em fazer sexo com Noah.

     O sentimento é de que você está realmente usando uma droga: você só pretendia experimentá-lo, mas quando vê, já está montada em seu colo, gritando e pedindo para que ele vá mais fundo.

    Não era para acontecer, mas havia se tornado parte da minha rotina. Tendo as segundas e quartas como o exceção – que são os dias em que eu preciso passar mais tempo na faculdade e que eu não consigo estar excitada para quase nada além da ideia de dormir –, todos os dias durante o último mês eu o telefonava, e ele vinha. Sempre era insano, e mais que lhe devia os créditos: o cara é excepcional no que faz. Era como uma realidade alternativa, onde não há mais nada além de nós dois e o prazer. Quando terminamos, a sensação que tenho era de que eu estava completamente chapada sem ter precisado fumar um único baseado. Ele me faz sentir quase íntegra, desejada. Meu corpo não fica somente saciado, mas em êxtase, apaixonado por cada toque seu.

     Também era interessante e novo para mim o fato de ser sexualmente – hiper – ativa, mesmo não estando em relacionamento algum. Mas a verdade é que, apesar de não saber quase nada sobre ele, eu me sentia conectada com Noah a cada vez que ele me tocava ou dizia o quanto queria fazê-lo;

     Nós também tínhamos nossas conversas enquanto nossos corpos tentavam se recuperar de toda a atividade, e devo admitir que às vezes me esquecia das circunstâncias, e de que não éramos um simples casal falando sobre a vida. Mas a proximidade do momento chegava ao fim quando ele me dizia que tinha que ir embora.

     Eu sei que não deveria levar tudo isso para o lado romântico ou sentimentalista, mas quando estamos juntos é algo tão natural que às vezes se torna quase impossível não fazê-lo. Alguma coisa muda entre nós. Porém, eu sei que não devo, e o porquê está mais do que óbvio. Da última vez que nos encontramos, quase deixei as coisas estranhas entre nós.

    – Você alguma vez já se apaixonou por alguém? – Estava encarando o teto deitada com a cabeça na beira da cama e Noah fumava um cigarro sentado ao meu lado quando perguntei.

    Pude sentir ele tensionar da onde estava, e o olhei. Seus lábios rosados tragaram o cigarro mais uma vez e exalaram fumaça antes de me responder:

    – Não. – Não consegui sentir firmeza em sua resposta, mas também não poderia dizer que ele estava mentindo.

    – Nunca sentiu nada a mais por nenhuma das mulheres com quem já saiu? – Insisti.

    – Não, Elly. Nunca.

    A frigidez em sua voz me fez recuar, e eu não perguntei mais nada. Depois disso, ele seguiu seu próprio roteiro, se vestindo e dizendo que deveria voltar ao Pleasure's Paradise. Eu, em meu pouco equílibrio emocional, o acompanhei até a porta, lhe oferecendo a mesma quantia de sempre. Mas algo naquele ato se tornou muito esquisito. Podia afirmar que tanto para mim, quanto para Noah, que hesitou por um bom tempo antes de aceitar o dinheiro. 

     Havia tanta desilusão em saber que no momento em que ele fosse embora, ele faria a mesma coisa que fez comigo com várias outras mulheres. Eu não sabia como lidar com aquilo. Tentei interromper meus próprios sentimentos e lembrar à mim mesma qual era o objetivo ali: SEXO, e nada além disso. 

     Pelo amor de Deus. Eu não posso simplesmente ser capaz transar com alguém sem tentar me envolver realmente?

    Não! Minha Any interior responde, e eu a ignoro.

my oh my • 𝘯𝘰𝘢𝘯𝘺Opowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz