Caindo na Real

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Amanda...

  Eu me encontrava soterrada em meio à bagunça presente em meu quarto, essa. Não era nem de longe maior do quê a que se encontrava em meu interior. Puxei meus joelhos e os comprimi contra meu peito. Meu coração parecia querer sair pela boca. Eu cobria meus ouvidos com às palmas das mãos, em uma tentativa falha de vedar os barulhos produzidos por meu consciente. O choro de Ana Gabriella e os gritos de Bruno ainda eram muito vívidos.

Flashback on

Eu o observava sentada em uma das cadeiras dispostas ao entorno da sua lareira. A música era alta e misturada com a bebida alcoólica que eu consumia, me deixava zonza. Ele sorria como se não houvesse chorado à tarde toda sobre meu colo. Era sempre assim: eles brigavam e ele corria para mim, como se eu fosse uma espécie de consolo para o seu relacionamento que estava fadado ao fracasso. Eu não reclamava, porquê sabia que aquela situação era a única que me possibilitava ter ele em meus braços, nem que seja chorando por outra.

Dei mais um longo gole em minha bebida e então, comecei à perceber que o teor alcoólico presente em meu sangue poderia me causar problemas. Dizem quê: paixões avassaladoramente secretas e álcool nunca são uma boa combinação, são, como riscar um fósforo em um depósito repleto de pólvora fresca. Levantei-me um pouco tonta e segui para dentro. Avistei Bruno na sua rodinha de amigos, quando fui me aproximando deles, Gil o alertou de minha presença. Todos se viraram para me encarar.

- Meninos, já deu para mim. Vou subir.~ eu disse mais para Bruno do quê para os de mais presentes~

- Vou subir com você.~ ele disse passando seu braço esquerdo por minha cintura em uma tentativa de me apoiar. Quando virei meu rosto para me despedir dos amigos de Bruno, notei um sorriso libertino no rosto de Jota ou era efeito do álcool?~

Subimos às escadas em direção ao quarto de Bruno. Por sorte, ele havia deixado às luzes do corredor acesas ou nós dois teríamos problemas. Chegamos ao seu quarto e eu me joguei em sua cama, imediatamente, Bruno fez o mesmo. Só que ao invés de pular no espaço que sobrava em sua cama, ele pulou em cima do meu corpo. Ficamos nos encarando. Aquilo não era bom sinal, alertou meu subconsciente. Senti o hálito dele bater em meu rosto, tinha cheiro de bebida destilada combinada com hortelã. Fiquei intercalando meu olhar entre seus olhos castanhos e sua boca vermelha em um súbito raio de lucidez que pareceu me atingir, eu o alertei.

- Bruno, nós estamos bêbados e vamos nos arrepender do quê quer que seja que estejamos prestes à fazer.

Ele pareceu não se importar e me apertou ainda mais contra seu corpo. Seu nariz começou à roçar no meu, gentilmente. Logo senti seus lábios sobre os meus. Meu coração batia em um ritmo frenético, como se eu houvesse acabado de realizar uma maratona. Sua língua pediu passagem em minha boca e eu cedi, eu sempre cedi aos caprichos de Bruno e agora, não seria diferente. Levei uma de minhas mãos para sua nuca, arranhando vagarosamente enquanto à outra, repousava sobre suas costas definidas. O beijo dele era melhor do quê eu idealizei enquanto estive sozinha em meu quarto. Era quente, lento, carinhoso e cuidadoso. Nos separamos quando o oxigênio se fez necessário aos nossos pulmões.

- Sempre quis saber o gosto do seu beijo.~ ele confessou olhando no fundo dos meus olhos~

- Eu também. Desde quê te vi pela primeira vez. Sempre idealizei esse momento. Sempre te quis como agora...Eu sempre te amei, Bruno mas você só me via como uma amiga.~ a coragem surgiu eu não sei de onde e eu me declarei. Eu esperava alguma resposta dele mas ele só me beijou enquanto suas mãos afoitas procuravam o zipper de meu vestido branco. Eu o ajudei a retirá-lo~

- Não fala nada. Vamos curtir o momento, amor.~ ele disse enquanto me despia~

Fizemos amor à noite toda. Bom, pelo menos eu pensava assim. Caí no sono depois de experimentar o abismo de prazer que Bruno me proporcionara pela sexta vez. Acordei com gritos e abri meus olhos rapidamente, enquanto me enrolava no lençol. Quando consegui firmar minha visão, notei que Ana Gabriella chorava copiosamente enquanto gritava com Bruno. Fiquei zonza, o efeito da bebida ainda não havia deixado meu corpo.

- EU SEMPRE ESTIVE CERTA. ENTÃO ERA POR CAUSA DELA QUE VOCÊ QUERIA UM TEMPO, NÃO É BRUNO?

- Eu posso explicar, amor.~ "amor", era exatamente assim que eu me recordara de ele ter se referido à mim na noite anterior. Me senti nauseada~

- EXPLICAR O QUÊ, BRUNO? VOCÊS DOIS NÚS DIVIDINDO À MESMA CAMA? DORMINDO COMO UM CASAL ENQUANTO ÀS ROUPAS DE VOCÊS ESTÃO ESPALHADAS POR TODOS OS LADOS? Olha. Eu não irei mais me prestar à um papel nesse circo ridículo que se montou. Não me procure mais e não venha atrás de mim~ ela disse tirando à aliança e jogando em alguma parte do quarto e saindo em passos rápidos~

Bruno passou às mãos em seus cabelos, quase os agarrando. Se eu o conhecia, ele estava enfurecido, me encolhi na cama e ele então pareceu finalmente se dar conta de minha presença no ambiente. Se virou em minha direção e seus olhos estavam em uma tonalidade sombria, sua mandíbula estava trincada e seu maxilar tenso.

- VOCÊ ESTÁ FELIZ AGORA QUE FINALMENTE CONSEGUIU O QUE QUERIA? HEIN~ ele disse vindo em minha direção e me pegando por ambos os pulsos enquanto me chacoalhava~ TODA ESSA CONVERSA DÊ: ELA NÃO TE MERECE, SERIA MAIS SAUDÁVEL VOCÊS DAREM UM TEMPO. NÃO PASSAVA DE PURO PRETEXTO SEU PARA TER TEMPO DE ARMAR ESSE ESPETÁCULO, NÃO É AMANDA? ME RESPONDA.~ eu tentava me soltar de seu aperto mas era inútil. Quanto mais eu relutava mais ele me apertava~

- Eu nunca quis isso Bruno.~ eu disse chorando~ Eu sinto muito. Me solta, por favor. Você está me machucando.

Nessa hora, já tínhamos uma plateia considerável de pessoas, assistindo à cena lamentável que eu e Bruno protagonizávamos.

- ESCUTA BEM. EU QUERO VOCÊ LONGE DE MIM, DA MINHA CASA, DA MINHA FAMÍLIA E DA ANA. VOCÊ ENTENDEU?~Ele perguntou de forma ameaçadora rente ao meu rosto. Eu estava apavorada com sua reação, então, só concordei com a cabeça~ ÓTIMO. PORQUÊ SE EU SONHAR QUE  VOCÊ SE APROXIMOU DELA OU DAS MINHAS IRMÃS. EU MESMO VOU FAZER VOCÊ CAIR NA REAL. SE VESTE E SAÍ DA MINHA CASA. VOCÊ NÃO É MAIS BEM-VINDA AQUI.

The girl you left behind- Bruno Rezende Onde histórias criam vida. Descubra agora