PRÓLOGO

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Manhattan, Nova York.

A manhã estava quente. Quente o bastante em Nova York. As pessoas saiam na rua para passear com seus cachorros ou fazer caminhada. Era um tempo bom.

Exceto para Theodoro Devenport.

Ele estava atrasado.

E isso graças a uma noite mal dormida. Ou melhor, quase nem dormida.

─ Anda, Veronica!

Theo gritava e buzinava ao mesmo tempo. Estava dentro do carro, na garagem do prédio. Seu olhar não saia do relógio.

─ Vamos! ─ ele gritou alto demais.

─ Já estou aqui! ─ Uma bela mulher com a pele negra disse entrando no carro. ─ Só estava procurando meus sapatos.

─ Ah, sim, seus sapatos são bem importantes ─ zombou Theo.

─ São. E foram caros.

Theo disfarçou uma careta e acelerou o carro. A menina falava sem parar sobre quantos pares de sapatos ela tinha e Theodoro só queria um pouco de silêncio.

Passou de um sinal fechado.

─ Veronica, fica quieta, por favor! Minha cabeça vai doer!

─ Primeiro, meu nome não é Veronica. E segundo, claro que vai doer, você bebeu ontem. É ressaca. Eu também estou.

─ Eu não tenho ressaca. ─ Ele fez uma careta e a menina revirou os olhos.

─ Sei. E qual é meu nome?

─ Veronica.

─ Acabei de falar que não é!

─ Hum... Valentina?

─ Não! Sarah. Não tem nem a letra "V" nele! Seu idiota.

─ Certo. Você fica aqui.

Ele parou o carro e fez um batuque no volante, ansioso.

─ Não é a minha casa.

─ Não disse que ia te levar até a sua casa. Disse apenas que te daria uma carona.

─ Até a minha casa.

─ Não. Carona é carona. Não determinei até onde.

─ Eu nem sei que lugar é esse!

─ Olha, tem um ponto de ônibus bem ali. É só você ir se informar qual pegar. Não sou seu uber.

─ Depois de dormir comigo você me descarta. Você é patético!

─ Oh, é para eu agradecer?

─ Idiota!

Sarah abriu a porta do carro e saiu com pressa, bufando sem parar.

Theo riu.

─ Tchau, Veronica.

─ Vai se ferrar! ─ Ela mostrou o dedo do meio.

Theo fez um bico e acelerou.

Passou por mais um sinal fechado.

Ele já nem sabia mais qual palavrão xingar. E era tudo culpa dele mesmo, mas ele não admitia. Estava atrasado para algo importante.

Ah, se os seus pais soubessem disso, ele ouviria sermões por horas.

Virou o carro com velocidade em uma rua vazia e, sem conseguir frear a tempo, bateu em uma garota.

Theodoro saiu correndo do carro e viu a menina no chão. Ela tinha o cabelo em um loiro dourado, quase acobreado. Ela usava uma bandana rosa na cabeça e um uniforme também rosa.

─ Foi mal ─ Theo disse, gentil. ─ Você se machucou?

A menina se chamava Summer Yildiz e estava no meio de uma entrega do seu trabalho na confeitaria da esquina.

Summer elevou os olhos para Theo e os semicerrou no mesmo instante.

─ Seu estúpido! ─ ela esbravejou e Theo arqueou uma sobrancelha. ─ Olha só o você fez!

Summer começou a recolher os doces que voaram da caixa que ela carregava.

─ Estão sujos!

─ Você não olha por onde anda, é nisso que dá!

Summer se levantou do chão, furiosa.

─ Você anda com o carro acelerado em uma rua vazia! Poderia ter atropelado uma senhora ou uma criança!

─ É, mas atropelei uma mimadinha que chora porque seus docinhos foram para o chão.

─ Idiota!

─ Maluca!

Summer pegou um cupcake amassado e esfregou o chantily no capô do carro.

Theo abriu a boca chocado.

─ Você vai pagar por isso!

─ E você vai pagar por tudo isso!

Veremos! ─ os dois falaram juntos.

Theo entrou no carro e acelerou, esmagando mais alguns doces que ainda estavam no chão.

Summer quis chorar. Deveria fazer aquela entrega para alguém importante.

Não sabia quem era aquele cara, mas ele iria ter que pagar o prejuízo.

Ah, teria!

Correndo Por VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora