A pior das manhas

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bom dia! tô tipo motor, no ritmo frenético
boa leitura :))

O Rei do Drama

— Eu não vou — impôs, os dedos apertavam uma revista esportiva, com informações mensais sobre vôlei de praia. O corpo robusto estava estirado sobre o sofá, transparecia calma.

Para ser específico, Tobio estava puto; magoado. E tudo porque o namorado havia negado um beijo seu pela terceira vez seguida naquele dia.

Bakageyama... — insistiu, as mãos forçavam o tênis contra o próprio calcanhar, na tentativa de coloca-los de uma só vez. — Vamos nos atrasar!

— Já disse que não. Pode ir sozinho — folheou mais uma página do noticiário.

Shouyou franziu o cenho. O corpo agora estava parado à frente do levantador carrancudo, com os braços cruzados.

Sabia bem o porquê. E como sabia — ou pelo menos deduzia —, um motivo adorável, no entanto perturbador. Estavam atrasados para o treino e só de imaginar Daichi-senpai quadra adentro, tremia de medo.

Kageyama era cheio dessas, insuportavelmente zangado e de muita manha. Não se lembrava da última vez que o parceiro tinha perdido a paciência consigo por um simples capricho, e não adiantava contestar. Ele jamais diria.

Adorava o jeito como o biquinho se formava em seus lábios, suas maçãs enrubesciam e seu olhar condizia com as próprias brigas internas; Afiado e penetrante.

Suspirou, farto daquela dramatização sem meios. Hinata apoiou o punho no braço do sofá e inclinou-se para roubar um beijo de desculpas.

Sem sucesso. O bloqueador com agilidade esquivou-se, mantendo os olhos presos em sua leitura, ignorando-o por completo.

— Tá bom. Você ganhou, Yama — mordeu os lábios, tristonho. — Me desculpa por rejeitar o seu beijo... E o seu carinho.

O timbre era manso, trazendo consigo a conformidade da realidade, infernos, só queria poder treinar e retribuir os beijos que antes negara.

— Eu não posso ir hoje, olha só — levantou o mindinho, este que estava em boa parte coberto por faixas, as mesmas que Tsukishima costumava usar. — Jogadores machucados não vão ao treino — concluiu, a fala carregada de cinismo.

— Por favor, só me escuta! — suplicou.

As nuances negras agora encaravam o namorado, em silêncio. Shouyou engoliu em seco, estava se sentindo intimidado, portanto correspondido.

— Pode falar — enfatizou, o levantador queria que o namorado se explicasse, aquilo era muito injusto consigo.

Kageyama quase nunca acordava como naquele dia; terrivelmente carinhoso e grudento. O bom humor parecia ter se dilacerado em frações de segundos quando teve seus beijos negados e sua atenção negligenciada.

Seu âmago se retorcia em angústia, as micro-expressões se fechavam e a falta de reciprocidade contornava seu peito; era quase que como uma criança quando se tratava de seus próprios sentimentos e a forma como os recebiam.

— O Hoshiumi estava passando na tevê exclusivamente hoje — começou, atento a cada movimento que Kageyama fazia — Você sabe que eu o admiro muito! Ele quase nunca aparece em jogos e entrevistas, preciso vê-lo para poder supera-lo e você sabe, Yama... Eu não podia pausar, era ao vivo.

Estava convicto de que o clima tenso seria amenizado com sua explicação barata, portanto verdadeira. Amava, de paixão, o suposto pequeno gigante que em breve lutaria pelo título contra si, seus olhos brilhavam em desordem cada vez que ouvia seu nome sendo proclamado. Instigava Shouyou a continuar sendo sua melhor versão.

O Rei do DramaOnde histórias criam vida. Descubra agora