Remus ainda conseguia se lembrar da sensação de euforia que ele sentiu quando chegou à Hogwarts pela primeira vez. Um mundo tão novo para um garoto tão pequeno explorar com todas suas energias; pessoas novas para conhecer, aventuras novas para enfrentar. As histórias que seu pai contava sobre aquele castelo enorme eram os contos que o pequeno Lupin mais se interessou por, "Um dia, eu e meus amigos explodimos um caldeirão em nossa aula de poções, e nós tivemos que ficar uma semana sem frequenta-las pela grande bagunça!" ele ainda se lembrava da excitação que sentia ao escutar essas palavras.
Mesmo que o garoto fosse, consideravelmente, quieto, ele adorava pregar algumas peças em seus pais. Hope e Lyall ficavam doidos todas as vezes que Remus decidia esconder suas varinhas, aprender um feitiço e tentar executá-lo sem permissão e sem mesmo uma varinha que pertencia a ele! Foi uma infância boa nessa parte, considerando a sua licantropia e a falta de amigos que o garoto tinha por conta dela, ele tinha que achar uma forma de se divertir sozinho, então.
Seus primeiros dias em Hogwarts foram um sonho se realizando, a magia que não precisava ser escondida ou contida, os banquetes mágicos, cada lugar daquele castelo que ele podia explorar, cada coisa que ele poderia aprender. Ele ansiava por aquele momento há muito tempo, e ver que aquilo tudo estava se realizando parecia surreal.
Não demorou para ele fazer amizades, James Potter se encantou pelo senso de humor de Remus Lupin, e logo eles se tornaram grandes amigos. Seu primeiro ano foi quase que irreal de tão bom. Ele e seus amigos - Sirius Black, Peter Pettigrew e James Potter - se tornaram inseparáveis, e desde novos pregavam peças em todos no castelo.
Ele sabia que a amizade deles duraria pra sempre.
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Quando eles iniciaram seu segundo ano, os meninos começaram a ficar desconfiados sobre os sumiços de Lupin todo mês, as desculpas que ele inventava ficavam cada vez menos convincentes, "Minha mãe está doente" "Meu pai convocou uma reunião de família", algumas delas nem mesmo faziam sentido! Por exemplo, a família de Sirius tinha reuniões durante o ano inteiro, e o garoto nunca deixara a escola para frequentar uma delas. Bom, pode ser pelo fato de que essas reuniões eram sempre relacionadas a poder, supremacia de sangue, casamentos entre primos e coisas desse tipo, coisas que um garoto de 13 anos não tinha uma voz sobre - mesmo que ele já tivesse opiniões fortíssimas sobre cada um desses assuntos.
Até que, enfim um dia, eles descobriram o que Remus realmente era.
"Remus? Por que não nos disse antes?" fora a coisa que o loiro mais ouviu naquele fatídico dia. As três vozes perguntavam aquilo da forma mais calma, porém preocupada, possível, e Remus só conseguia pensar que perderia seus amigos naquela mesma tarde.
Mas, não foi o que aconteceu. O apoio que os garotos deram a ele foi o que fez o coração de Remus se acalmar e seus olhos soltarem inúmeras lágrimas de alívio; alívio por saber que sua condição não seria demonizada entre eles, e por saber que os olhares de ternura e amizade pura que eram direcionados a ele permaneceriam constantes, alívio por saber que ainda existiam pessoas no mundo para o amar. Logo depois disso os meninos acolheram-o em um abraço que pareceu durar por uma eternidade. Ele, definitivamente, tinha os melhores amigos do mundo.
28/11/1974, Terça-feira.
"Hey, James." Remus chamou o mais baixo, que saiu do seu pequeno transe de observar Lily Evans do outro lado da sala. "Você sabe onde está o Sirius? Eu preciso falar com ele." ele disse num tom baixo, vendo o moreno ajeitar seus óculos em seu rosto e desviar o olhar rapidamente. Ele estava tramando algo.
"Erm- A última vez que o vi..." ele pensou por alguns segundos mas logo curvou seus lábios em um sorriso largo que teria sido acompanhado de uma grande lâmpada sobre sua cabeça se isso fosse um desenho animado, como se ele tivesse tido sua melhor ideia em anos "Ele estava no Grande Salão, acho que tentando impressionar Emmaline Vance de alguma forma." Ele sorriu, parecia orgulhoso dele mesmo pela desculpa. Então, Remus só deu dois tapinhas amigáveis em seu ombro e saiu do salão comunal para procurar Black.