♧ Cap. 1 - Sangue Na Água ♧

277 23 13
                                    

O tilintar dos sapatos ecoavam por todo o ambiente vazio, enquanto o homem de postura firme e séria caminhava pelo corredor com quadros por todos os lados.

Ele andou até chegar em uma passagem com cortinas.

A abriu com ambas as mãos.

-Boa noite, senhor Suppasit. -O velho de cabelos pretos recém pintados o cumprimentou.

Ele saudou o velho com um leve aceno de cabeça, enfiando as mãos nos bolsos.

Um fato muito importante do homem jovem era que ele odiava com todas as suas forças sujeira.

Quando mais jovem, evitava ao máximo ficar perto de terra ou poeira.

Enquanto sua irmã menor estava pulando nas poças formadas pela chuva.

Ele preferia ler seu livro no sofá quente de sua sala.

Nunca haviam posto um nome naquilo.

Até que um dia, um médico do qual Suppasit já havia se livrado à tempos.

Disse que sua condição se chamava "TOC" e "TEA" ou mais conhecido como "Autismo Leve de Nível 1"

-O que você tem hoje? -Ele proferiu com a voz falha, de quem não falava a muito tempo.

-Hoje tenho algo especial para o senhor. Encontrei ontem à tarde.

-O senhor sabe que não gosto de mudanças.

-Eu sinto muito... mas lhe prometo que valera à pena. Gostaria de ver?

-Ele respirou fundo e fechou a mão em um aperto. -Depois do senhor. -Disse indicando o corredor oposto do que viera.

Ambos os homens caminharam quase ao mesmo tempo.

Passando por algumas portas.

Hora selada.

Hora entreaberta.

E apenas em uma das portas pôde-se ouvir gritos e choros.

Provavelmente de uma das jovens que não aceitava seu terrível fim.

Mew olhou para o velho em sua frente enojado.

Era um cliente assíduo alí, contudo, odiava aquele homem e todas aquelas pessoas do fundo de sua alma.

Muitas vezes pensou em fazer uma limpeza naquele lugar.

Fogo seria uma boa pedida.

Ele sorriu ao vagar por esse pensamento mórbido novamente.

-É aqui. -O homem disse parando em frente a uma porta preta com aparência velha.

-O que quer que eu faça agora?

-Que entre e veja a surpresa.

-O senhor acha que entrarei em uma porta desconhecida sem nenhum segurança me acompanhando?

-Eu esqueci que o senhor é desconfiado. -O velho riu. -Espere aqui, voltarei logo.

Ele entrou pela porta e saiu empurrando uma pessoa que caiu ajoelhada.

-O que é isso?

-Seu produto. Encontrei ontem na rua.

-É um homem de peruca.

-Sim. Essa bicha se fantasiava para se prostituir. -A risada emanada pelo homem incomodou Mew, que fez careta. -Desculpe. -Ele lamentou se recompondo.

-Nunca mais use essa palavra na minha presença.

-Claro, claro. É que o senhor compra tantas mulheres aqui que esqueço que o senhor também é uma bi... que o senhor é... enfim...

À Beira da EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora