Prólogo:

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 O luto pode ter várias camadas. Negação, raiva, depressão e aceitação. Acho que nunca serei capaz de chegar na última, aceitar a morte de alguém que amo nunca foi o meu forte. Na faculdade eu perdi um dos meus melhores amigos, Beau era o capitão do time de futebol da Briar e apesar de jogar no time de Hockey não existia competição entre a gente, muito pelo contrário éramos parceiros, lembro como se fosse hoje de saber da notícia do acidente de carro. Eu não consegui ir ao enterro e ainda passei semanas na depressão, fui expulso do time e tive os piores dias de toda minha vida universitária. Na época, quem me ajudou a voltar à vida foi Allie, minha namorada da faculdade, e a mulher a qual eu vinha me apaixonar e amar depois.

Agora novamente vivo a perda de mais um dos meus melhores amigos, que também conheci na época da universidade, e que também morreu em um acidente de carro. A diferença é que dessa vez não tinha Allie ao meu lado.

Eu conseguia ver seus cabelos loiros a distância que eu me encontrava. Ela voará de Los Angeles até Boston para o enterro. Enquanto as pessoas jogavam flores e diziam suas últimas palavras para um caixão fechado eu só conseguia questionar o porquê? Porque agora? porque com ele? porque meu deus? porque?

Eu não conseguia nem me aproximar do local do sepultamento, observava tudo de longe, considerando que no enterro de Beau eu nem apareci, foi uma evolução mental e física conseguir estar ali mesmo que a metros de distância. Via meus amigos e conhecidos jogando flores e abraçando os familiares. Eu estava a ponto de ir embora antes que me vissem quando ela me viu. Era como se seu olhar percorresse todo o campo até me encontrar ali encostado e escondido atrás de uma árvore. Se fosse qualquer um eu iria simplesmente ignorar, sei que meus amigos iriam julgar o fato de eu estar a distância e não com eles, ou então viriam me abordar na tentativa inútil de me consolar, e quem sabe me fazer sentir menos culpado. Se fosse qualquer um eu iria ignorar assumindo a postura de grande filho da puta que eu consigo representar, porém não era qualquer um. Desviando da multidão ela saiu correndo até a minha direção. Os cabelos vermelhos estavam soltos e usava um vestido preto. Não tinha lágrimas no seu rosto, será que ela entendia tudo aquilo que estava acontecendo? Mesmo muito inteligente ela era apenas uma criança. Como explicar que nunca mais teria o pai para buscá-la na escola, ou para brincar com ela, ou para vê-la crescer.

Jamie chegou perto e a peguei no colo. Ela me abraçou com aqueles bracinhos curtos e descansou a cabeça no meu ombro.

-Você deveria ter ido com ele, se você tivesse ido com ele talvez isso não teria acontecido ... 

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