Capítulo 46

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Maia

Acordei com a garganta seca, o corpo pesado e uma dor incômoda no peito. Não física, mas emocional. Tudo parecia embaçado, como se eu estivesse presa entre dois mundos. Só consegui ter certeza de que ainda estava viva quando ouvi a porta se abrir.

- Que bom que está acordada. _ o homem disse simpático. - Sou o Dr. Valverde, como se sente?

- Cansada e confusa.

- É um milagre estar viva. _ ele pousou o prontuário e me encarou com atenção. - Na verdade, é um milagre estarem vivos, é um guerreiro igual a mãe.

- O quê? _ tentei me ajeitar na cama. - O que disse? 

- Vejo que não sabia que está grávida.

- O quê? _no mesmo instante meu rosto ficou molhado de lágrimas.

- Está grávida de três semanas.

- Sério?

- Sim..._ ele disse pegando novamente o prontuário. - Não sabia? _neguei com a cabeça. - Está grávida.

E de repente, foi como se tivesse sido teletransportada para o passado. Lembro-me da reação do Greco quando lhe contei a primeira vez que estava grávida.

Foi o dia mais feliz da vida dele.

O nosso Giorgio.

- Devido ao que passou, vou precisar que tenha o máximo cuidado, por favor, não faça nenhum esforço, precisa se recuperar, assim como o bebê. Evite estresse, para o desenvolvimento saudável do bebê.

Tudo que ele dizia eu entendia mas não entendia, ainda era surreal para mim, tentava digerir a informação.

- Tem alguma questão?

- Não sei...Não sei. _ com muita dificuldade sentei. - Não sei...Contou para o meu marido?

- Não porque achei que vocês já soubessem.

- Não conte para ele, eu mesma contarei.

- Está bem. Vou deixá-la sozinha.

- Doutor?

- Sim?

- Estou grávida, de certeza?

- Sim, por quê?

- Apenas quero ter a certeza antes de contar ao meu marido.

- Está. Vou avisá-lo de que está acordada, pode ser?

- Sim. Obrigada.

Ainda sem acreditar, levei minha mão até à barriga. 

Estava em pânico, com medo e sem saber o que fazer. Estava grávida e não tinha a certeza de quem era. As possibilidades eram as mesmas para os dois, não podia esconder a gravidez, numa hora ou noutra, Greco descobriria, eu tinha de contar.

Pensei na possibilidade de fugir ainda naquele momento, assim ele não me mataria, mas seria um plano estúpido, pelo menos para àquele momento.

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