Capítulo_1

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Ser criado e subjugado sobre as regras da ANBU era difícil para todos, se adaptar a um estilo de vida sempre no limite com o risco eminente abalava qualquer ideal de qualquer ninja de Konoha, mas não é como se isto fosse uma escolha para Kaori.

Sua mãe era uma grávida solteira que deu a luz nos dormitórios apertados, sob uma beliche velha de ferro. De seu pai ela não tinha conhecimento, nada que lhe informasse quem era, por isto puxou o sobrenome de sua mãe.

Kaori Uzumaki.

Este nome lhe trazia lembras, sejam elas boas, sejam elas ruins. A última vez que se identificou por tal ela não se lembrava, eram sempre números, animais, objetos ou códigos.

Nascida e criada pela ANBU, Kaori sempre viveu em prol da vila que mal conhecia. A vontade do Fogo se refletia em seus cabelos, tão logos e vermelhos, olhos tão dourados quanto o sol que castigava os pobres trabalhadores.

"Largue isto! Kunais não são para crianças!"

Não é como se tivesse ouvido essa frase uma vez se quer em sua vida. Eram sempre conselhos sábios de sobreviventes de guerra.

"Esteja preparada para tudo, criança. Nunca se sabe o amanhã."

E ninguém sabia, muito menos ela.

Brincar com kunais logo ficou chato, agora era uma obrigação sem fim, uma posição errada e um exercício inteiro era praticado desde o início.

"Um assassino não tem pena de crianças." Uma vez sua mãe disse enquanto penteada seus longos cabelos. "Nunca abaixe a guarda, você sabe de mais, meninas da sua idade brincam de boneca, você luta contra dez."

Sempre se sentia orgulhosa disso, porém lhe faltava idade e força, experiência que todos aparentavam ter, menos ela.

Aos 8 anos ela exigiu que tivesse uma missão fora do território ANBU, rugia furiosa com quem contrariasse a ideia repentina, mas, como foi pedido, foi concedido.

Fora um sucesso. Seu primeiro capitão era muito rígido, mas era para o seu bem e sua cabeça não tão infantil quanto deveria entendeu o que significava as mensagens por trás de frases muito assustadoras para ela.

E como se de repente tivesse brilhado na mais vasta escuridão, todas as pessoas queriam a levar ao limite e além dele.

Agora os treinos chatos se tornavam doloridos e muito longos. Era talentosa e não podia desperdiçar isto, ela entendia quando sua mãe fala isso, mas era puxado para uma criança.

Uma vez em um treino puxaram seu cabelo até que suas costas estivessem no chão e então um sussurro preencheu seus ouvidos e ecoou por sua mente por muito tempo, perturbando todos o seus pensamentos.

"Um dia vai pagar caro por ser tão vaidosa."

E então com sua catana mais afiada cortou o cabelo no espelho do corredor, uma madrugada fria a escura. Apenas mais uma noite normal no território ANBU.

Sua mãe concordou, disse que ninjas não podem ter pontos fracos e que cair pela própria rasteira não era o futuro que ela projetou para Kaori.

Apenas para que ela não chorasse mais pelo cabelo cortado, talvez não aguentasse a filha que botou no mundo.

De qualquer forma, gastou sua infância assim, não é como se ela se arrependesse de seu passado, mas gostaria de ter aproveitado mais como a criança que nunca foi.

Com a idade e habilidades suficientes, se apresentou formalmente ao Hokage, entrou para um esquadrão com o título oficial.

Apesar disso, era mais comum que fosse em missões sozinha. Recebia, executava e entregava o relatório. Tudo em um lupim sem fundo.

Sentiu-se completamente diferente depois de matar uma pessoa. Quase sentia seu sangue pulsar nas veias, a adrenalina percorrendo seu corpo a mil quando o líquido ferroso espirrou em seu rosto tão lindo pela primeira vez.

Agora lhe era uma normalidade. Pessoas morrem, pessoas vivem. Não importava. Uma assassina em ascensão.

Uma perfeita arma para o governo. Visada por Danzo e a ANBU NE, foi convidada pelo líder em pessoa, mas recusou. Aquele homem não presta. Seu subconsciente martelou em sua cabeça.

Nunca esteve tão certa.

E como punição, ele levou sua mãe. Nea Uzumaki morreu em missão, os relatórios dizem que foi um encontro violento entre duas aldeias rivais. Puff, aquilo não enganava ninguém.

O Shimura ofereceu estadia e apoio novamente, como se nada tivesse feito. Sentiu o sangue ferver e a palma da mão coçar para estrangular seu pescoço escondido por trás de tantos panos.

Mas, claro que não ousaria fazer isso. Muito educadamente negou da pior forma possível.

Em uma dessas visitas conheceu Sai. Uma experiência desagradável, odiava o garoto que era seu rival declarado, e o sentimento era recíproco.

Atualmente completou seus 17 anos, nem se lembrava de seu aniversário normalmente, porém o calendário ao lado da cama deixou o aviso bem explícito.

Olhou o sol inundar calmamente sua janela. Amava admirar o nascimento de um novo dia e poder contemplar com satisfação a mais bonita das visões que lhe era um prestígio reconfortante.

Levantou da cama. Teria que se apresentar para o Hokage. Uma missão especial e muito longa esperava sua chegada e ela não poderia estar mais ansiosa, mesmo que não soubesse o motivo por trás de tanta euforia.

Faca De Dois Gumes - Uchiha Itachi Onde histórias criam vida. Descubra agora