Bunny

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O empresário se encontrava com as juntas de seus dedos doloridas, consequências do enorme período em que ficara digitando inúmeras planilhas, projetos e coisas do gênero. Sentia suas pálpebras pesadas, e seus olhos quase fechavam-se sozinhos. Mas ainda assim, ele tentava afogar todo o misto de cansaço, dor e sono, numa enorme xícara de café forte, do jeito que ele tanto amava. Suas vistas estavam pedindo arrego, e seus óculos nem faziam tanta diferença, sentia como se estivesse sem eles.

Afim de ir para casa, aquele empresário desligou seu computador, tomando rapidamente o último gole da xícara de café, suspirando profundamente; queria apenas um banho relaxante, e um bom fim de noite com seu amado marido. Queria deitar no peito do homem que lhe fez júrias de amor num lindo altar, e senti-lo lhe fazer carinho em seu cabelo louro e macio, enquanto cantarolava suas músicas favoritas. Ambos estavam naquela relacionamento repleto de amor recíproco, afeto e carinho, a sete anos no total. E mesmo que fosse bastante tempo, ao menos Jimin poderia afirmar que ele ainda sentia a euforia lhe invadir, em seus momentos com Jungkook.

Era como se eles nunca tivessem se beijado, e a sensação era incrível.

Apesar do relacionamento deles ser ótimo ㅡ assim como qualquer relação interpessoal ㅡ sempre há brigas e desentendimentos. Mas não era algo que prejudicava em tamanha importância o amor que sentiam um pelo outro. As vezes quando brigavam, Jungkook se trancava no quarto, e chorava debaixo nas cobertas. Geralmente fazia isso quando chateava Jimin de alguma forma, pois não gostava de vê-lo chateado, e ser o motivo da sua chateação era pior ainda. O mais novo sempre foi um garoto prodígio, inteligente, dedicado e responsável. Mas assim como qualquer um, ele também tinha suas inseguranças. Ele odiava se olhar no espelho após um banho quente, e se pergunta do por quê Jimin ainda estava consigo. Se perguntava como o loiro o achava tão lindo e perfeito. Às vezes achava que Jimin precisava trocar o grau de seus óculos. Mas ele geralmente agradecia pelo loiro não enxergar cem por cento bem, pois dessa forma ele nunca iria enxergar quem realmente era Jungkook. Enxergar cada marca de estria em sua coxa, cada gordurinha que ele tinha em sua barriga.

E sabendo disso, Jimin ficava furioso. Odiava ver Jungkook se diminuindo, falando mal de si mesmo. O louro não admitia que ninguém falasse mal do seu marido, nem mesmo ele. O empresário sempre deixou claro à Jungkook o quanto ele o achava perfeito, mesmo com todas as coisas que na cabeça dele, eram feias e nojentas em seu corpo. Jimin sabia que era difícil ser casado com alguém tão inseguro como Jungkook, mas ele nunca iria o deixar. Jurou naquele altar amá-lo até que a morte os separem, e ele cumpriria. Era um homem de palavra, afinal.

Finalmente se dando conta que ainda estava em sua empresa, Jimin se levantou da cadeira, organizando cada item posto em cima de sua mesa de trabalho, deixando tudo milimetricamente alinhado. Ele era tão perfeccionista, que às vezes até ele mesmo se irritava. Mas não era como se pudesse controlar essa mania, o empresário foi diagnosticado com transtorno obsessivo-compulsivo quando ainda era apenas um adolescente de quinze anos. Apesar de atualmente o louro não sofrer tanto com as crises obsessivas por organização, quando algo o estressa em um nível a mais que o normal, é a hora em que qualquer que está por perto deve tentar acalmá-lo, ou então apenas deixá-lo em paz.

E assim como Jimin ajudava Jungkook em suas crises depressivas e com várias inseguranças, o mais novo também sempre ajudava seu hyung quando o mesmo precisava. A relação que ambos tinham era realmente linda, e Jungkook podia jurar que sua vizinha fofoqueira sentia inveja de si. Não que ele fosse um tremendo escroto e egocêntrico, mas ele percebia a forma em que aquela velha mulher desempregada secava seu marido dos pés a cabeça, quando o via descer de seu luxuoso carro. Era até uma pena ㅡ para a vizinha é claro ㅡ Jimin ser apenas gay.

Após o empresário aliar cada objeto na mesa, ele andou até o sofá de veludo preto posto milimetricamente em sua sala, e pegou sua bolsa de verniz, também preta. Dentro dela, ele colocou seu celular, sua carteira, e sua pasta com alguns arquivos que não confiava em deixar na empresa. Colocou seus óculos novamente, pois não conseguiria dirigir sem eles, e então, apagou as luzes da sala, deixando apenas a luz fraca e relaxante do abajur posicionado em cima da estante ao lado do sofá. Trancou a porta, e deu-se conta que já se pesavam das onze da noite, quando olhou para o balcão onde seus secretários trabalhavam, e não viu ninguém ali.

Bunny | PJM + JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora