Eram 22h e eu estava trocando de roupa em meu quarto. Coloquei uma roupa comum para não me notarem. Um capuz era essencial para esconder meu rosto, mas não poderia deixar de usar o anel de minha família, coloquei no dedo indicador. O anel era dourado e possuía o símbolo da família em vermelho, contaram que pertenceu primeiramente à minha bisavó, a rainha Margaret e assim foi passado para frente. Terminei de me arrumar e saí silenciosamente do quarto, carregando meus sapatos na não para evitar o barulho que faziam ao encostar naquele chão polido de madeira. Deveria ter pensado que ficar escorregando por aí de meia seria pior. Esta noite teria uma corrida de carros, era ilegal e com certeza não é aonde eu deveria estar, mas que se dane, quero muito ver isso. Seria um desastre ser reconhecida naquele ambiente, mas vou garantir que isso não aconteça.
Poucos passos eram audíveis pelo castelo, os guardas estavam em outro andar e meus pais, de acordo com a rotina estavam deitados desde 21h, tudo que preciso fazer é chegar até a garagem sem ser notada e dizer no portão que vou até o cinema ou supermercado. Caminhei pelos corredores escorregando, certamente andar só de meias por aquele chão polido não era a melhor ideia que já tive. A cada passo olhava pelos cantos para não ver nenhum dos guardas, principalmente os velhos carrancudos pessoais do rei. Depois de muita esquiva e deslizes pelo chão cheguei ao térreo, onde iria receber ajuda de um amigo. Sair do palácio era a parte difícil, sem autorização não poderia sair depois de 20h, mas quando estivesse lá fora, poderia dizer que recebi autorização. Chegando perto da sala principal, onde tenho que tomar cuidado com as câmeras, pude ver Tomás pelo vidro na porta. Ele era o guarda mais novo do palácio, seus cabelos pretos curtos sempre estavam penteados para trás, combinando com o uniforme da guarda real, uma espécie de sobretudo preto com o brasão vermelho, o mesmo em meu anel. Eu o considerava meu único amigo. Na frente de outros guardas, sempre éramos quietos e formais, mas nas poucas vezes que podíamos ficar sozinhos, era muito divertido, na maioria do tempo ficávamos falando mal de outros guardas ou sobre alguma fofoca das celebridades. Ele era um bom amigo.
Comecei a me aproximar da porta que Tomás estava, me certificando de não haver ninguém por perto e ficar exatamente onde as câmeras não pegam, então dei três toques. Ele demorou um pouco, mas enfim abriu a porta devagar, sem parar de olhar para frente.
- Tomy, preciso ir até a garagem.- pedi a ele.
- Catarina, o que você vai fazer? - perguntou ele, com um tom de preocupação.
Eu geralmente conto a verdade para ele, mas dessa vez não iria funcionar, se eu contasse, não poderia ir..
- Vou a um cinema drive-in, preciso de um carro.- disse tentando convencê-lo.
De fato teria um filme de terror no drive-in hoje, mas não era para lá que eu iria.
- A essa hora? - perguntou ele..
- É um filme de terror, por favor Tomy, não vou demorar muito- Depois disso, não sabia mais o que falar.
Tomás respirou fundo. Ele sabia que seria difícil me impedir de qualquer maneira, então simplesmente concordou. Acenando para o guarda na torre de vigia, ele deixou sua posição e então eu poderia correr até a garagem sem deixar ele encrencado, achariam que fugi quando ele foi ao banheiro, se me pegassem.
Saí correndo abaixada em direção a garagem. Coloquei a senha da entrada e o portão levantou, a partir de agora, não precisava se preocupar com guardas. Ao ligar a luz, não consegui conter um sorriso no canto da boca, eu amava ver aqueles carros. Peguei a chave de um deles há dias, no quarto do meu pai, quando comecei a planejar tudo e escondi perto de alguns equipamentos mecânicos. Não me lembrava exatamente de qual carro era aquela chave, talvez devesse ter pensado mais nessa parte, sempre me consideraram a pessoa mais inteligente daqui, mas quando se trata de atos rebeldes assim, acho que fico nervosa demais. Apertei o botão de destravar para ver qual carro iria emitir alguma luz e o que aconteceu não era exatamente o que eu queria. A luz de uma Lamborghini Aventador preta com uma placa iluminada, com as iniciais "PCAT", de Princesa Catarina acendeu. "Droga" murmurei. Era tarde demais para não desejar chamar atenção, mas agora eu não iria recuar, tem uma corrida de carros muito maneira esperando para ser assistida.
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A nova realeza
RandomApós um trágico acidente em sua família, Catarina, a jovem, princesa que virou uma celebridade na internet, contra todas as possibilidades se torna a herdeira do trono de Neeren. Enfrentando problemas com a população, o rei faz um pedido inusitado p...