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ʙᴀʀʙᴀʀᴀ ᴘᴀssᴏs
"ʙᴀʙɪ"

Olhava todo mundo do morro dançando,  eu já tava no meu limite, provavelmente a maconha já tinha feito efeito.

— Olha se não é a minha nora favorita.

Tia Rosa se senta do meu lado e me puxa pra um abraço apertado.

— Oi tia, tudo tranquilo?

— Já te avisei dessa ideia de ficar me chamando de tia – puxou minha orelha — sempre vou ser sua sogra do coração.

— Não faz sentido eu chamar a senhora de sogra – termino de bolar — quem tem que chamar você de sogra tá lá em cima.

Olhamos pro camarote vendo coringa beijando Sophia que a minutos atrás estava fazendo um drama do caralho por causa de uma garota que falava com  o príncipe encantado dela, foi uma putaria só.

— Tá de palhaçada – ela passa a mão no cabelo — Olha pra ela, e pior que as menina que fica abrindo a boceta pra câmera na internet.

— Que isso dona Rosa, sua nova nora – ela me puxa novamente pra perto e bate na minha mão fazendo a maconha cair — essa era da boa, era só um trago.

— Tu já percebeu que você se afundou nesse mundo de " era só um trago" depois daquela merda toda? – encaro ela — muita coisa ainda vai mudar, minha menina.

E assim ela se levanta indo novamente pra pista de dança, e o motivo era um carinha que beijava ela maneiro na frente de todos. Minha mente tava pequena, eu não queria acreditar que eu tinha me perdido em droga por um motivo ligado a ele, eu não tinha.

Pego a arma que tava encostada e caminho de cabeça baixa pra fora daquela merda toda, eu só quero ir embora sem ninguém perceber ou até mesmo empurrar alguma coisa pra mim.

— Calma aí parceira – meu braço e puxado — Já tá indo?

Respiro fundo e puxo o braço, eu me recuso a dirigir qualquer palavra a ele sem que sejam atos dos quais eu possa tomar no rabo por cometê-los.

— Tô falando contigo porra – puxa novamente com força — me responde caralho.

— Tá chapando? eu não quero ter qualquer contato com você, então me deixa ir embora.

Minha respiração tá desacelerada, minha raiva era evidente pra qualquer um que tivesse perto, menos pra ele.

— Qual seu problema porra, você não era assim comigo – passa a mão no cabelo.

— Eu não era – sorrio debochada — você não era muitas coisas e veja onde paramos, me evita cara.

-— Vai se fuder Bárbara – grita — Qual a porra do seu problema, me responde!

— Você seu babaca de merda, você.

— Esquece aquela porra de situação, tudo passado.

— Que situação – passo a mão no cabelo fingindo pensar — A traição ou a faca cravada no meu corpo, quer escolher?

Me viro saindo o mais rápido que eu consigo dali. Quase nunca choro, não fui criada assim, chorar pra mim é motivo de fraqueza e consequentemente faz você pensar que é inútil. Meu tio quem foi responsável pela minha criação dizia que nunca devemos dar espaço demais pra qualquer pessoa entrar nas nossas vidas quando sabemos que somos passageiros.

A minha vida toda eu sabia que tinha que seguir os passos dele, tinha que correr da polícia ou podia ser alguém simples e morar com um pai estrupador a quem devo sentir ódio por matar minha mãe. Meu tio não matou ele por respeito ao último pedido da minha mãe, de fazer pelo menos uma figura famíliar na minha vida.

Agora em casa apoiada na porta de entrada encarava um ponto fixo pra tentar não surtar de ódio e sair quebrando tudo que vejo pela frente. Quando saí do Alemão eu não conseguia pensar em mais nada a não ser a sede da minha vingança, em como eu poderia fazer da vida desse infeliz deplorável.

Não consegui, eu tinha pena não por ele, pela sua mãe. Sabemos que traição não é permitido no cv, afinal se você não consegue ser fiel a pessoa que se deita com você, não vai ser fiel aos seus irmãos de organização.

A ideia de começo era sua morte só que não poderia acontecer, não no momento que estavam passando por diversas coisas com a polícia, então ele foi apenas preso, em um assalto organizado justamente pra isso.

Eu me perguntava como não tinha visto a intenção dele, como tinha conseguido cair rapidamente em seus papos de carinho, de amor e de sentimentos. A minha respiração voltava lentamente ao ritmo certo e a raiva tinha passado, meu celular então vibrou no bolso.

— Minha sobrinha – respiro fundo.

— Aconteceu alguma coisa?

Afinal, que tio liga pra sobrinha quando não está precisando de nada.

— Claro que aconteceu Bárbara! – grita do outro lado da linha — Preciso de você, amanhã as nove em ponto.

— Eu vou tá de plantão – respiro fundo.

— Tô pouco me fudendo onde você vai estar, quero você aqui as nove em ponto.

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