Capítulo único

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P.O.V. Paul

- Ah, que bela noite - John se senta ao meu lado após pegar a caixa com garrafas de cerveja de dentro do seu carro que estava estacionado próximo a nós, repousando-a do meu lado.

Não sei ao certo, mas talvez já fosse quase meia noite e eu estava junto ao John em uma parte escondida por árvores a vários metros de nossas casas onde à frente se tinha uma visão completa da cidade. Ali é o lugar onde frequentemente ficamos para conversar e passar o tempo.

Pode se supor que estivesse tarde para um adolescente de dezesseis ficar por aí na rua mesmo à companhia de outro com permissão, mas meu pai não sabia. Fugi pela janela do quarto dizendo a ele antes que iria dormir e tranquei o cômodo. Diferente de mim, John podia fazer o que quisesse já que tem seus dezoito anos completos e como presente de sua tia, pôde ir morar sozinho. Aliás, não sozinho pois divide a casa com nosso amigo e parceiro de banda George Harrison, mas ele também só para lá para dormir, deixando assim a casa frequentemente livre.

Não se localiza longe da minha, na verdade é bem próxima e rápido de chegar, por isso quase sempre John invade minha casa no meio da noite para me convidar à uma noitada na cidade.

Desde que ando com John acho divertido ficar ao seu lado. Claro que ele não faz o estilo de cara certinho, pode-se notar logo em seu rosto, mas por mais que nossa diversão fosse um tanto errada aos olhos da lei, ainda é algo que pretendo fazer até o fim de minha adolescência, tomando algumas precauções para não acabar sendo preso.

Após o falecimento de sua mãe, tentei dar uma força a ele e acabei me aproximando mais por nos identificarmos nesse ponto. Também havia perdido a minha quase na mesma época. John era apenas um colega meu de escola, porém após esse episódio de nossas vidas nos tornamos melhores amigos.

Durante o inverno não saíamos tanto, mas nas noites de verão - como esta - saíamos em seu Mustang conversível pelas avenidas pouco movimentadas e chegávamos a uma loja de conveniência de um posto de gasolina mal frequentado. Roubávamos algumas coisas disfarçadamente e íamos embora de lá como se nada houvesse acontecido. Somos uns verdadeiros marginais, e mesmo que não me orgulhe, eu não deixo de sentir essa adrenalina.

- John? - chamo por ele que estava distraído olhando a cidade.

- Diga - responde assim que volta em si.

- O que pensa em fazer após o colegial?

- Continuarei com a banda. Quero muito investir no sucesso dela.

- Seria demais se conseguíssemos nos tornar famosos, digo mais do que apenas em Liverpool.

- Eu gostaria muito, mas vamos tentando até dar tudo certo para nós.

Assenti sorrindo e bebemos nossas cervejas.

Sobre nossa banda, ela se chama The Quarrymen, formada por John, eu, George, Stuart Sutcliffe e Pete Best. Todos nós nos conhecemos na escola durante uma aula de música e como cada um sabia tocar um instrumento diferente, John teve a brilhante ideia de fundar a banda. Até que em nossa cidade somos bastante conhecidos graças às pequenas apresentações no Cavern Club aos fins de semana. Ainda queremos um sucesso maior, esperanças é o que não nos falta.

- Estive pensando - o acobreado se pronuncia - Quero fazer algo grandioso na formatura.

- Como o quê?

- Eu não sei, mas algo que marcará a escola e todos se lembrarão de John Lennon.

- Toma cuidado com o que tem em mente, não quero que se meta em um problemão.

The Last Day (McLennon)Onde histórias criam vida. Descubra agora