Se Ainda Existir Amor

Prólogo

                                                                                    Anabethe Davis

                                                               " ⁠A compaixão é pior que a morte "

                                                                              CINCO ANOS ATRÁS

 - Você é meu irmão - o peso do meu peito subindo e descendo rapidamente juntamente com lágrimas pesadas de agonia e sofrimento - Eu sempre te amei, amei da forma mais sincera e pura que existe e você ... você só me usou - soluços fortes saem sem demora - Por .. que, porque você fez isso comigo 

A dor era o único sentimento que eu era capaz de sentir naquele momento, eu havia sido manipulada por tanto tempo por alguém que eu daria tudo de mim por ela, uma pessoa que eu sempre tive admiração. Uma parte de mim estava em pedaços, o meu coração expressava angustia , em estilhaços ele se encontrava.  

- Ele nunca me veria como ver você Anabethe, ele não me escutaria como escutava você - Uma risada seca ressoa pelo ambiente - Eu sempre seria o segundo filho, sendo mais velho ou mais novo não importa, eu sempre seria o outro - Lagrimas começam a percorrer seu rosto - Aos olhos dele eu sempre seria o filho da outra, o problemático o distante, e você Anabethe sempre seria a menina da vida dele, o milagre, a parte da história dele e da sua mãe que havia sobrado.

Palavras ?, eu não as tinha agora, apenas uma expressão de surpresa misturada com milhões de lágrimas que ainda desciam pesadamente com uma rapidez. Jamais imaginei que ele via as coisas dessa maneira, ou que se sentia assim, não era verdade, não era, tínhamos mães diferentes e idades diferente mais sempre vi o esforço do nosso pai em incluí-lo a tudo, mais Nicolas ainda preservava uma barreira que tentei sempre botar a baixo.

- Isso é um absurdo Nicolas - Minha voz se torna mais alta e a distancia entre nós diminui - Ele nunca, jamais, te tratou assim, seja você filho de sangue da minha mãe ou não, ele sempre tentou te incluir em tudo e você Nicolas, você, se afastava por contra própria e consumia sozinho essa raiva sem motivos dentro de você, e agora que ele morreu você quer jogar isso apenas pra não admitir o seu sofrimento - Uma mistura de raiva e desilusão tomam conta do meu corpo - Nosso pai morreu Nicolas, e você agora está sentindo o arrependimento e raiva de tudo que você fez, de tudo que você poderia ter vivido ao lado dele e preferiu ser esse babaca egoísta e medíocre que se revelou em minha frente, eu perdi tudo, meus pais, minha família, mais ainda achava que tinha você, mais você se tornou uma decepção cravada no fundo da minha alma.

Paro antes de sair pela porta e me viro novamente em sua direção - A e Nicolas - Olho em seus olhos - Minha mãe podia não ser a sua mãe biológica, mais ela te amava como se ela tivesse te gerado por nove meses e você tivesse saído dela, até o último suspiro dela ela pensou em você - Em silêncio vejo lágrimas descerem pelo seu rosto.

Em passos longos e rápidos deixei aquela sala, não conseguia mais respirar naquele ambiente, sentia como se uma mão estivessem em volta do meu pescoço a cada segundo aumentando a pressão do seu aperto, dificultando a passagem de ar pelos meus pulmões, eu estava sozinha, e no fim do poço e sabia disso, sabia que não havia mais vida pra mim, sabia que não havia mais sentido e mais ninguém.

Uma pequena risada saiu dos meus lábios ao parar e olhar ao redor, ao ver tudo que estava acontecendo, era uma risada de sarcasmo por toda a situação, uma mordida fraca alcançou  meu lábio inferior no intuito de reprimir as pequenas lágrimas que ameaçavam cair. 

Errada, sufocada, torta, deprimida, vazia, mergulhada no meu próprio poço, fora de ordem, depressiva, pra baixo, triste, esquecida, abandonada... Normal.