Capitulo 3

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... É a cela do Harry...

Ele ali sentado na ponta da cama com os braços descansados sobre as pernas. Ele estava olhando pro chão, parecia estar pensando profundamente. As mangas puxadas para cima e o seu cabelo escuro cheio de caracóis desarrumados, ele ouviu eu entrar e olhou na minha direção.

- olá - disse e sorriu

-hey - saiu mais baixo do que o planejado - hm... - não sabia onde colocar a bandeja e me senti estranho e intimidado, então fiquei apenas ali parado.

- aqui, eu fico com isso - ele disse enquanto se levantava na minha direção, instintivamente dei um passo para trás e bati contra a parede

Harry riu da minha reação e chegou ainda mais perto, me engasguei quando ele chegou ainda mais perto do que poderia, a bandeja entre nós deixou apenas centímetros de espaços entre os nossos corpos. Tive que levantar a minha cabeça pra poder ver a dele, os olhos dele como poças numa cor de verde-esmeralda, tinha um sorriso afetivo plantado na sua cara enquanto lambia os lábios para ficarem ainda mais molhados.

- não se preocupe, não vou te machucar - disse numa voz grossa e aveludada - qual é o seu nome?

- Louis

Curvou-se ainda mais. Estava surpreso como é que ele conseguia cheirar tão bem num lugar como esse. Levou seus lábios até o meu ouvido e consegui sentir sua respiração no meu pescoço. Deu arrepios ao meu corpo que tremia

- sou o Harry - sussurrou

Abanei a cabeça em confirmação, o meu coração batia descomunalmente, um assassino estava apenas a alguns centímetros do meu corpo. Não tinha como dizer o que ele iria fazer a seguir, mas para minha surpresa não fez nada, só ficou ali parado.

- posso pegar a minha comida agora? - perguntou ainda com o sorriso na cara

Olhei para baixo e percebi que ainda estava segurando a bandeja de comida, com tanta força que minha mão estava ficando branca

- ca-claro - gaguejei enquanto empurrei contra ele e fugi. Conseguia ouvir o palhaço rindo, sai dali correndo, frustrado.

Me xinguei mentalmente por ter deixado ele me intimidar, mostrei que aparentemente sou fraco e vulnerável, e essa não é uma boa impressão para passar quando se está perto de criminosos.

Fiz meu caminho até a enfermaria. A imagem de Harry ainda está fresca na minha mente, como é que a senhora Hellman pode me mandar ir naquele quarto sem proteção, sem guardas, nem pra colocarem algemas naquele rapaz? Ele poderia ter me atacado ou então até fugir do quarto e eu não poderia fazer nada. Quer dizer, eu sei que a senhora Hellman disse que eu estarei mais perto dos pacientes, mas não foi esse tipo de aproximação que eu imaginei.

Entrei no escritório da Lori e encontrei ela ajudando uma paciente esquizofrênica, Darla, que afogou o próprio bebe.

- olá, está bem? Parece que viu um fantasma. - reparou

- Não, estou bem. - menti, não quero estar perto de pacientes, só preciso me acalmar. - preciso ir no banheiro - disse enquanto saia da sala.

- tudo bem, mas não demora ainda precisamos fazer as consultas de rotina.

Resmunguei. Temos esse dia uma vez por mês onde vemos como está a saúde física dos doentes, não a mental o que é a que mais me interessa, esse é o trabalho do psicólogo.

Fico o tempo que preciso no banheiro, e dou uma arrumada no meu cabelo e no meu uniforme, depois caminho de volta pra enfermaria.

- Olha, acabou de perder aquele rapaz, o Harry - Lori me conta assim que entro na sua sala

- Não posso dizer que sinto muito por isso - respondi

- Porque? Não acha esse caso interessante?

- Além do fato dele ter mutilado 3 mulheres, ele me assusta muito!

- Ah, ele também me assusta mais todos os doentes me assustam

- Mesmo? Você parece sempre confortável perto deles

- Bem, porque acabamos nós habituando, quando você conhece eles percebe que não são assim tão diferente de nós, só estão perdidos na sua própria mente. - ela baixa o tom de voz e sussurra - metade deles não deveriam estar presos nesse lugar.

- O que quer dizer? - pergunto, são criminosos, claro que merecem ficar presos.

- Esquece, eu nunca disse nada

Estou curioso pra saber o que ela quis dizer, mas não vou pressionar.
Trabalhei com a Lori algumas horas mais, dando as coisas que ela precisava e fazendo registros e outras coisas que ela pedia.

Não precisamos sedar ninguém nem chamar um segurança portanto era bom.

Já tínhamos visto metade dos paciente, Lori vira-se pra mim e diz
- Bem, está na hora da pausa pro almoço - disse enquanto se levantava pra sair da sala

Não estou com muita fome, mas de maneira nenhuma eu iria ficar por uma hora sentada ali na sala, então porque não ir explorar? Sabia o suficiente para trabalhar ali, a cantina, os quartos dos pacientes e as salas dos funcionários, mas só isso.

De fora da pra ver como este lugar é enorme, provavelmente só vi a metade do edifício, eu não consigo parar de pensar o que é que tem nos outros corredores da instituição.

Os meus pés batiam no chão de cimento indo pra Deus sabe onde. Enquanto andava não consegui parar de reparar como o velho edifício é. Foi construído a 40 anos em 1972 mas parecia bem mais antigo.

Esse lugar é estranho, para dizer a verdade. Está feio e escuro nessa parte. Apesar das centenas de funcionários e pacientes esse lugar parece solitário. Andei a olhar aquelas paredes com muitas esquinas, provavelmente durante uns 5 minutos e deparei com uma porta larga e aparentemente pesada, é de metal e parece a entrada para outra instituição, consigo ouvir gritos abafados que vinham do outro lado da porta. Olhei para cima e vi um letreiro que dizia "Ala C"

Uma parte de mim queria saber todos os horrores que aconteciam atrás daquela porta, mas a outra parte não.
Então decidi andar casualmente, chego a outra divisão.
Já essa entrada não é tão grande ou segura, mas ainda sim é um pouco isolada, afastada. Não tem nenhum letreiro nela dizendo qual sala é, mas eu quero saber mais.

Então abri a porta e entrei na sala.

Entrei e descobri que é uma grande confusão, fichas e papéis em pilhas no chão, tinha impressões em azul espalhadas nas paredes e jarros de...
Mais o que, que estavam nos jarros? Eu não consegui identificar.
O líquido nos jarros era velho e nebuloso.

Os meus olhos viajam até as impressões azuis, pareciam diferentes partes do corpo humano. A maior parte é a do cérebro, algumas do coração e nervos, é o que eu consigo identificar, em um tinha alguma coisa escrita

Teste #309

Paciente 20

Lila Darson

Mais que droga?
Passei pelos papéis pra tentar ver outra impressão e poder investigar melhor, mas ouvi a porta atrás de mim abrir lentamente. Parei, sabia que não deveria estar ali e seja lá quem estava ali na porta também sabia.

- O que você está fazendo aqui?

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⏰ Last updated: Mar 20, 2015 ⏰

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Psychotic (Larry)Where stories live. Discover now