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Ainda atormentada pela sutileza com que as unhas grandes acariciavam sua pele sem propriamente arranhá-la, Joana suspirou incontida. As mechas de cabelo alheias, que caiam do coque mal feito, esbarravam em suas costas sempre que a outra mulher descia os lábios para arrastá-los pelas pintinhas que sempre considerou tão atraentes. Os ombros claros eram macios e tentadores além da conta para que Márcia ficasse muito tempo longe deles.
O contraste entre a pele pálida de Joana e a escura de suas mãos era bonito demais de se apreciar naquela posição: sentada na parte posterior das coxas roliças. Por outro lado, a mulher que estava deitada para receber tudo que aquela massagem podia lhe proporcionar, indiscutivelmente gostava de sentir o peso da esposa nas pernas, como se ele fosse a prova mais verídica de que ela estava ali. Poder senti-la levava uma brisa morna ao seu coração, assim como Márcia se devotava em transmitir todo o seu amor através das mãos que, apesar de não muito habilidosas, davam conta de aliviar o estresse dos tendões.
— Um pouco mais pra cima — Joana pediu, meio manhosa.
— Aqui, amor?
Não foi necessário mais do que um leve menear de cabeça para que Márcia entendesse o recado, apertando os ombros grandes e logo voltando a distribuir selares pelas constelações que Joana naturalmente tinha gravadas na pele, arrastando as unhas e o seu cabelo pela derme quente no processo. Com a bochecha gorda esmagada contra o travesseiro, Joana não conseguiu — e nem tentou — evitar quando um outro suspiro apaixonado lhe subiu pela garganta.
— Bem aí...
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Mãos gentis, suspiros de amor
Conto"Com a bochecha gorda esmagada contra o travesseiro, Joana não conseguiu - e nem tentou - evitar quando um outro suspiro apaixonado lhe subiu pela garganta." | Mini-conto | 265 palavras |