PRÓLOGO

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As ondas quebravam na praia e uma brisa agradável soprava os fios negros de um rapaz, os fazendo dançarem no ritmo dos ventos, enquanto o mesmo tocava uma linda canção em seu violão. As melodias eram calmas e serenas, tais como o vento gélido — mas ainda confortável, daquele fim de tarde.
Yeonjun assistia ao pôr do sol esperando a hora azul chegar. Gotas salgadas beijavam sua face, anunciando que a maré logo subiria. O homem cantava e tocava cada nota com o coração, fechando brevemente os olhos para sentir a emoção com a mente tranquila, se permitindo ser abraçado pela maresia.

Mal sabia Yeonjun que não estava sozinho, pois olhos curiosos o admiravam de longe, mas perto o suficiente para curtir a sua música.
— De novo na superfície, Soobin? — Uma voz surgiu assustando o jovem tritão, tirando-lhe do leve transe que a música do humano o havia colocado. — Você sabe que é proibido!

— Não começa, Tyun. Eu estou apenas... apenas curtindo o pôr do sol.

— Você vai curti bastante o pôr do sol, quando for banido do cardume por violar as regras!

— Não seja chato, e se eu for banido você também será. Afinal... Eu não estou nesta pedra sozinho! — o de cabelos azulado falou em um tom zombeteiro, ganhando um revirar de olhos do amigo.

— Só estou aqui por que sou seu melhor amigo e estou cansando de te acobertar. Imagina se um humano nos pega?

— Relaxa. Estamos seguros aqui!

— Quem me garante? Eu não estou com vontade de ter minha cauda arrancada, ou sabe se lá Netuno quais barbaridades esses filhos da terra são capazes.

— Eu garanto! Estamos seguros. Eu estou seguro! Sempre venho aqui.

— Que seja! — o loiro indagou se retirando da pedra e caindo novamente na água.

— Já vai?! Você acabou de chegar.

— Tenho que ir, alguém precisa livrar essa sua linda cauda de problemas. — o azulado sorriu em resposta. — Mas não demora! — com as últimas palavras ditas, o mais novo mergulhou batendo a cauda e jogando jatos d'água no mais velho, que apenas riu sentindo-se grato por ter uma amigo tão divino como Taehyun.

Quando voltou a atenção na direção do homem que cantava apaixonadamente, Soobin sobressaltou ao perceber que o rapaz não estava mais na praia. O jovem tritão lamentou com alguns ruídos, recostando-se na grande rocha, olhando para o imenso céu, no ponto exato de transição para o anoitecer. Soobin amava a noite, a lua, e os segredos que ela guardava consigo. O jovem perdeu as contas de quantas vezes escapou do seu cardume para ficar horas admirando as estrelas. O tritão sentia que pertencia a superfície e não a escuridão do fundo do oceano. Era esmagadora a sensação de não pertencimento, por mais que amasse ser o que é. — Por um dia, apenas um dia, eu gostaria de ter a permissão para usar pernas e andar no mundo humano. — o menino falou para si mesmo com melancolia na voz, admirando o céu escuro pouco estralado. — Deve ser tão incrível, e eles parecem ser tão... livres. — A brisa fria bateu na pele clara do garoto tritão, causando arrepios. Ele amava essa sensação.

Soobin bocejou, encostando a cabeça no rochedo para cochilar sob a luz do luar, que logo viria a aparecer completamente, mal notando a tempestade que se formava ali.

Lentamente o céu limpo e pouco estrelado dissipava-se, os ventos rugiam, trovões começavam a gritar e ondas fortes se formavam. Não demorou para o jovem tritão despertar de seu breve cochilo, sendo surpreendido por um raio que caiu no mar com um barulho estrondoso, como se o céu tivesse quebrado. Soobin abriu os olhos, surpreendido, e quando tentou fugir daquela bagunça caótica que a superfície havia se tornado, suas costas e cabeça foram jogados contra a pedra, por uma grande onda, causando uma forte colisão e o deixando inconsciente, enquanto o corpo era empurrado pelas águas, em direção a praia.

MY PRETTY MERMAN |YEONBINOnde histórias criam vida. Descubra agora