Nossa Lua Em Quarto Minguante

CAPITULO 1.1 : O TEU JEITO DE OLHAR

A agua quente do chuveiro do meu quarto de hotel, me trás de volta, as lembranças da noite passada. Já a conhecia a alguns meses. Havia feito uma prece a deus para que ele me ajudasse a me conectar comigo e com a minha profissão. Resolvi me isolar das mídias sociais para isso. Me instalei em um tipo de retiro espiritual.

Lembro-me perfeitamente quando a vi pela primeira vez. Estava a falar com um conhecido quando de repente ela entrou pela porta. Estava com uma calça jeans desbotada e um top branco, com seus longos cabelos escuros jogado de lado. Meu coração palpitou mais forte e acho que não foi pelo seu corpo sexual ou minha tara em cabelos. Mas o jeito que gritou aos quadro ventos que foi ali pra "aproveitar cada segundo" com sua fala arrastada e seu sorriso perfeito.

Confesso que achei que ela queria algo comigo na época. Ela é alguém impressionante de se conhecer. Não sou das pessoas mais legais de primeira vista pareço alguém frio. Não costume distribuir sorrisos a todos com facilidade. Mas ela era tão inteligente, engraçada. Eu lembro que só conseguiu rir perto dela. . Não sou frouxo nem nada, mas meu objeto ali era outro. Não estava a paquerar, mas depois dessa noite me pego pensando duas vezes: " e se eu tivesse me entregado antes?"

Ela estava na cidade ontem, eu sabia. Já tinha encontrado com ela antes e confesso que tinha tentado ver se ela ainda estava afim. Foi depois da meia noite, ela estava linda na foto com um vestido verde musgo. Mandei msg dizendo que estava a 14 minutos dela. E ela respondeu : "Vem me ver". Eu vesti meu moletom e simplesmente sai.

Não sei o que me fez ficar com coração quente hoje. Se foi o abraço apertado que ela me deu quando estava na porta. Ou as risadas que me tirou depois de meia garrafa de whisky. Talvez foi as mãos quentes dela em meu rosto. Ou seu beijo molhado passeando pelo meu peito desnude. Seu olhar safado enquanto abriu o cós da minha calça. Ou sua língua macia fazendo círculos próximo a minha virilha. Ainda podia sentir seu hálito quente me chupando. Talvez nada disso me fez ficar com coração tão quente quanto ela me olhando com olhos lagrimejados dizendo ser a melhor noite que ela já teve.

Enfim desligo o chuveiro e resmungo baixo: " Eu não entendo, estava tudo indo bem. Porque ela disse que..."

Já devidamente arrumado. Pego a chaves do meu carro alugado e me direciono a porta pra ir trabalhar. Bato a porta do quarto e me lembro das exatas palavras dela quando estava se despedindo de mim hoje pela manhã: "Ninguém nunca pode saber de você. Não deixe que o vejam. Vá". Meu coração GELA novamente. O que era aquele jeito de olhar? Medo? Do quê?
Perguntas ecoadas num sussurro, onde tão pouco, houve respostas. AINDA.

(CONTINUA...)