Capítulo 20: De volta ao México

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Enquanto Anahí descobria que seria a mãe de uma menina, em algum lugar desconhecido, Poncho passava por mais uma noite de insônia em seu apartamento da base. Ele havia deixado a casa de Hugo já há algumas semanas e retornado à FLPM.

Há dois meses ele não tinha notícias sobre Anahí.

Desde sua saída da prisão, todos os dias seguintes após tratativas na Facção do Norte ou pendências em relação ao vilarejo eram destinados à busca por pistas sobre a localização de Anahí e Luiz, que também sumira.

Ele sabia que Vivaz estava com eles. Todas as tentativas de encontrar Jorge Vivaz, fosse no casarão sulista que agora parecia quase deserto, fosse no gabinete do governo, no qual Vivaz ainda levava uma vida política comum, foram inúteis.

Jorge Vivaz teve sua segurança redobrada. Além disso, Poncho não podia ser visto em novos casos de polícia, caso contrário, seria retirada sua liberdade mais uma vez, o que o faria enlouquecer definitivamente.

Nano, Rio e... Miguel o ajudaram em certas ocasiões. Mas todas pareciam totalmente ineficazes. Poncho se estressava em alguns momentos por Miguel não ter novas notícias de onde Anahi pudesse estar. Ele hesitava algumas vezes em confiar no homem que trabalhava para o Sul, mas Rio o conscientizava:

— Acalme-se. — Rio disse em uma das noites em que estavam os três na base. Como nos velhos tempos. — Ele está do nosso lado. Não irá nos trair.

— Como pode ter tanta certeza? — Nano questionou, jogado no sofá.

— Sua ganância não o deixará. Está bem claro que ele quer tomar o controle do Sul, mas antes precisa se livrar dos comandantes originais. É assim que funciona. — Rio deu de ombros, fitando sua própria mão e brincando com o anel dourado em um de seus dedos, em breve ele e Rose completariam um ano desde o casório. — E nós não somos inimigos dele agora. Talvez no futuro, quando o Norte e o Sul voltarem a disputar território, talvez. Mas agora não.

Poncho arfou, estralando os dedos.

— Que seja. Faço qualquer coisa para encontrá-la.

E assim o fez.

Poncho sempre foi o cérebro entre os três. O líder mais experiente e aplicado em relação aos planejamentos do vilarejo, aos ataques em busca da vingança a Jorge Vivaz. Desta vez não seria diferente.

Ou talvez fosse. Agora não era tão simples, Anahí e seu filho estavam em perigo. Ele poderia perdê-los para sempre se não os encontrasse a tempo. Noites de sono foram perdidas em frente ao computador. Cláudio, o hacker do vilarejo, foi chamado algumas vezes por Poncho. Algum modo de rastreamento deveria ser possível. Qualquer coisa valia. Todavia, também estes esforços não foram o suficiente para romper a barreira sigilosa de Jorge Vivaz.

Agora, Poncho estava sozinho em seu apartamento, jogado sobre a cama fria e estudando o teto do quarto que um dia fora dele e de Anahí. Sua mente era tomada por lembranças que aqueciam seu coração, afinal, ele só poderia ser feliz revivendo tudo em sua cabeça. O mundo real era cinza.

Um evento que aconteceu há meses fez com que um sorriso no rosto de Poncho brotasse. Ele se lembrou de quando Anahí e ele invadiram a Mansão de Vivaz e pintaram todos os seus ternos. Ele desejou com o fundo do coração que a entrada à Mansão Vivaz fosse tão fácil como já foi um dia. Agora, as viaturas de segurança estavam dia e noite ao redor da residência do governador. Poncho não poderia se arriscar e ir até lá sem um plano bem feito.

Ainda deitado na cama, ele balançou a cabeça, tentando espantar todos os pensamentos. Levantou-se e ficou de frente para a enorme estante de livros que tinha.

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