Capítulo Único.

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LOSING YOU

Era possível ver pela janela do apartamento da Senadora de Naboo o templo jedi em chamas, com a fumaça dos corpos mortos sendo queimados, simbolizando a queda da esperança. Padmé ponderava se Anakin estava entre um daqueles corpos. Já fazia semanas desde que ela tinha o visto.

Aquela não era uma das únicas preocupações em sua mente, além de todos os problemas pessoais, ela estava preocupada com seu trabalho. Sua barriga, devido a gravidez, estava crescendo mais rápido do que o normal e muitos membros do senado estavam percebendo isso.

Boatos de que a Senadora Amidala seria substituída envenenaram Padmé tão rapidamente quanto a ideia de perder alguém que ela amava; ela sentia que já tinha perdido demais nos últimos anos! Ela não conseguiria suportar mais nenhuma dor, era como se todo seu coração estivesse em pedaços.

Toda vez que ela via Anakin, era como se seu coração se recuperasse, mas sequer esse privilégio ela estava tendo. Ela só queria se jogar de joelhos e chorar, chorar por todas as vidas, por todas as crianças mortas no expurgo jedi, por não saber o paradeiro de seu grande amor.

Padmé estava sob a ameaça de perder uma das únicas coisas que conseguia distrair seu coração cabisbaixo ─ seu trabalho. Se levantando de seu sofá, Padmé ficou hipnotizada por mais um fim de dia, olhando tristemente para a visão de seu apartamento que dava justo para o seu pesadelo.

Umas das coisas que Padmé usava fielmente nos últimas dias era o colar que o pequeno Ani tinha dado para ela, então não seria diferente naquela vez. O segurando com força em suas mãos após tirá-lo do pescoço, Padmé sussurrou “Por favor, Anakin,esteja seguro, esteja bem”. As lágrimas inundaram de maneira caótica os seus olhos castanhos que estavam em tom mais claro pela última luz do dia iluminando.

Mais um dia tinha se passado para Padmé Naberrie, mais um dia sem Anakin Skywalker.

Rumando até sua cama após sua refeição ─ na qual honestamente só se alimentava por conta de seu filho ─ e suas higienes noturnas, Padmé se jogou no lado esquerdo de sua cama, já que o direito sempre fora preenchido por Anakin, e ela rezava mentalmente todos os dias para que ele aparecesse lá com vida e saúde. Os olhos da senadora enfraqueceram cada vez mais, ela já não sabia quanto tempo tinha demorado até se sentir cansada o suficiente para dormir, por mais que se sentisse cansada o tempo todo, mas uma voz a despertou.

A voz de um anjo? Não, um anjo não seria tão maldoso em enganá-la desta forma.

─ Anakin?

Assim que abriu seus olhos, ela foi capaz de ver seu marido sentado ao seu lado na cama. Padmé não hesitou em ficar de joelhos para o agarrar, passando seus braços em volta do pescoço dele, com seus dedos sempre acariciando a nuca do Skywalker. Ele retribuiu o abraço, apertando mais do que devia, porém não conseguia conter suas emoções de finalmente ver sua esposa, ainda viva.

─ Padmé ─ ele sussurrou o nome da morena que se afastou apenas para o apreciar.

O rosto de Anakin era tão bonito. Os cachos dourados que caiam em seu rosto em forma de cascatas e formavam uma sombra em seus olhos azulados, ou o lábio inferior que era mais inchado do que o superior ─ Padmé os adorava. Tudo era perfeito, para Padmé Naberrie, Anakin Skywalker era a perfeição. O aloirado falava que a cicatriz perto de seu olho o estragava, mas para Padmé aquilo só o fazia mais bonito. Era uma prova de quão forte ele era, quantas batalhas ele já tinha passado e superado. Padmé desejava, ela acreditava, que aquela guerra era mais uma dessas batalhas que eles iriam superar. Juntos.

─ Anakin, eu estava tão preocupada com você ─ Naberrie choramingou, franzindo suas sobrancelhas enquanto sentia seus olhos se encherem de lágrimas. O loiro levou suas mãos até o rosto dela, a alisando para acalmá-la.

─ Eu estou aqui, meu amor, meu anjo, minha vida ─ proclamou seu amor de forma poética. ─ Não irei a lugar nenhum até a manhã.

Padmé amava quando ele era poético deste modo, por mais que não admitisse em voz alta. Eles ainda teriam tempo para as revelações como essa, certo?

─ Mas eu quero que você fique aqui para sempre, Ani.

─ Teremos todo o tempo do mundo, mas não agora ─ Skywalker falou calmamente.

Seria engraçado se não fosse trágico ver como a guerra mudava as pessoas. Geralmente Padmé era a que dava conselhos, a que acalmava, a que estava sã naquele relacionamento. Mas ultimamente,  Padmé se sentia mais perdida do que nunca, sentindo que a cada dia mais seu coração se afunda em tristeza. Sua família era definitivamente a única razão de sua felicidade, ela já não encontrava benefícios em nenhum tipo de ansiedade ou melancolia que fosse lhe dar algo bom em seguida.

─ Eu sei que é difícil, Padmé ─ as lágrimas saltaram dos olhos da morena enquanto ela tentava as reprimir. Não queria chorar na frente de Anakin, não queria ser um problema para ele pois sabia que ele já tinha muitas coisas em mente. ─ Mas nós vamos superar isso.

Parando seu discurso, ele viu o colar enlaçado em volta do pescoço de sua esposa, o que o fez sorrir pacificamente. As orbes de seus olhos que antes dele pisar no apartamento estavam douradas pelo domínio do darkside em Anakin, agora se encontravam em um mais bonito tom azulado de todos. Era amor.

─ Eu fico chocado que você ainda tenha isso.

─ Como eu poderia esquecer? O corajoso menino de Naboo que com apenas dez anos ajudou meu povo ─ quando o castanho entristecido se encontrou com o azul exausto, Padmé não se segurou e avançou para acertar os lábios de Anakin em um beijo necessitado. ─ Oh, Anakin… eu te amo tanto.

─ Eu também te amo, anjo.

Alguns minutos entre beijos apaixonados no qual Padmé puxava o manto preto de Anakin para tê-lo mais para si, o loiro se afastou lentamente e perguntou:

─ A bebê está bem?

─ Sim, o nosso filho está bem ─ a mulher sorriu.

─ Oh, Padmé, é uma garota! Eu sinto isso!

Skywalker riu baixinho com a Naberrie que negou com a cabeça.

─ Discordo! É um menino, eu tenho intuição de mãe.

Revirando os olhos em um gesto dramático, Anakin agarrou Padmé e a deitou na cama, em seguida a encheu de beijos por todo o rosto e pescoço. Anakin desceu seus gestos afetuosos até a barriga coberta pela camisola de Padmé e olhou atentamente, sorrindo automaticamente ao ver sua filha.

─ Ela terá seus olhos ─ Anakin murmurou.

─ Então espero que ela tenha seus cabelos…

─ Não, ela vai ser sua cara.

Padmé riu, sentindo o seu rosto ainda molhado por lágrimas. Eram naqueles pequenos momentos, os momentos fantasiosos sobre um futuro bondoso, em que a Senadora de Naboo não se sentia perdida. Conforto, Padmé sempre achava conforto nos braços de Anakin Skywalker.

Losing You | ANIDALA.Onde histórias criam vida. Descubra agora