— Seus olhos. — Ele respondeu com um tom misterioso, carregado de algo que eu não conseguia decifrar.
— Meus olhos? O que tem eles? São as lentes? — Perguntei, arqueando as sobrancelhas em pura confusão. Ele não se conteve e soltou uma risada alta, tão natural e contagiante que parecia iluminar o ambiente.
— O que foi agora? — Questionei, meio envergonhada, cruzando os braços.
— Não posso acreditar que você seja tão boba. — Chan disse entre risos, balançando a cabeça como se não pudesse compreender minha suposta inocência.
E, como se tivesse sido gravada em uma trilha sonora perfeita, sua risada ficou ecoando na minha mente, doce e inebriante. Era quase um canto, uma melodia que fazia meu coração acelerar e minhas pernas parecerem instáveis. Algo no brilho de seus olhos me prendia ali, como se o mundo tivesse se tornado menor e mais silencioso ao nosso redor.
De repente, Chan se aproximou. Seus movimentos eram lentos, mas intensos, como se estivesse tomando coragem para algo grande. Sua expressão mudou, ficando séria, mas ainda suave. Quando sua voz saiu, era baixa, quase um sussurro.
— Tenho um segredo pra te contar. — Ele disse, inclinando-se para mais perto, tão perto que eu podia sentir a leve fragrância de sua colônia, um misto de baunilha e algo fresco que parecia gritar "Chan".
Assenti com a cabeça, completamente tonta, incapaz de articular qualquer palavra. Meu coração batia tão rápido que eu tinha certeza de que ele podia ouvir.
— Eu gosto... — Ele começou, pausando entre as palavras de propósito, como se estivesse medindo cada uma delas.
— Você gosta...? — Repeti, ansiosa, sentindo as palavras queimarem na ponta da língua. — Chan?
Mas, antes que ele continuasse, algo estranho aconteceu. Sua boca ainda se movia, formando palavras que eu não conseguia ouvir. Um silêncio avassalador tomou conta de tudo ao nosso redor. Eu piscava freneticamente, tentando focar em sua expressão, mas as bordas do meu campo de visão começaram a escurecer. Tudo ao meu redor parecia se desfazer em sombras, enquanto Chan, parado no centro, parecia se afastar cada vez mais.
— Eu não consigo te ouvir! — Gritei, desesperada, estendendo a mão em sua direção. — Chan! Espera, por favor!
Mas ele continuava se afastando, como se fosse puxado para uma escuridão que me engolia junto. Minha voz ecoava no vazio, mas não havia resposta. O desespero crescia em mim como uma onda que eu não podia controlar. O vazio ao meu redor parecia pulsar, quase como se estivesse vivo, e meu grito se tornou um som agudo que de repente me arrancou dali.
Acordei de repente, o coração disparado, a respiração ofegante. Tudo não passava de um sonho. Um sonho tão vívido que parecia real. Tateei a cômoda ao lado da cama em busca do telefone, os dedos trêmulos, enquanto me perguntava mentalmente que horas eram. Assim que vi a tela acesa, meus olhos se arregalaram: já passavam das oito da manhã. Pulei da cama, calçando o primeiro par de tênis que vi pela frente, e corri para o banheiro escovar os dentes.
Enquanto apressadamente juntava minhas coisas para sair, ouvi a porta do dormitório se abrir. Yumi, minha colega de quarto, entrou carregando várias sacolas de compras e café. Ela me olhou de cima a baixo, franzindo a testa ao perceber minha correria desajeitada.
— Que confusão é essa? — Perguntou, tirando o casaco e largando as sacolas na pequena mesa do canto.
— Como você consegue estar tão calma? Eu tenho que acompanhar o Minho em uma entrevista e ajudar o Felix no cabeleireiro! — Falei em tom de urgência, enquanto ela começava a rir. — Qual é a graça? — perguntei, olhando-a desconfiada.

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𝑬𝑭𝑭𝑶𝑹𝑻𝑳𝑬𝑺𝑺𝒀, 𝘣𝘢𝘯𝘨𝘤𝘩𝘢𝘯 [REESCREVENDO]
Romance━━━ ❝Sentindo-me vivo. No dia em que as pétalas caírem, eu estarei esperando por você.❞ Atravessar o mundo em busca de um sonho não é fácil, ainda mais quando tudo é posto em prova por causa de um pequeno acidente: o amor. O que fazer quando se é um...