Epílogo

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André está sentado na cama de seu quarto, e Diego está de pé na sua frente.

- O que houve? - André pergunta assustado.

Diego entrou desesperado pela janela, ainda cansado e recuperando fôlego, ao entrar ele falou que algo havia o perseguido pela rua durante a noite. Já eram quase três da madrugada.

- Eu estava voltando pra casa, e quando eu estava mandando uma mensagem... - Diego parou pra respirar. - Eu vi um cachorro com a pata machucada, e fui atrás dele pra ver se eu podia fazer algo.

- E então foi ele que te perseguiu? - André pergunta enquanto passa a mão em seus olhos cansados.

- Não, não foi ele. Foi um... alguma coisa maior, acho que eles estavam brigando.

- Você tá sujando meu tapete com sangue. - André fala preocupado.

Diego olhou pra ferida e pareceu surpreso.

- Me desculpa, eu nem tinha visto, ou sentido, mas agora está ardendo um pouco.

- Eu vou pegar algo pra você passar aí, senta na minha cama e espera um pouco. - André diz ao se levantar.

Diego assentiu com a cabeça e colocou sua mão por cima da ferida enquanto olhava para a janela. André começa a pensar, uma ferida enorme próxima ao cotovelo, e ele nem sentiu, ou ele estava muito assustado ou realmente bateu a cabeça com muita força. André vai até o banheiro e pega um cicatrizante caseiro de seus pais. Voltando para o quarto ele vê que Diego continua olhando para a janela.

- Você está assustado mesmo, não é? - André pergunta ao sentar do seu lado.

- É que foi tão rápido, eu sou meio medroso sabe, eu nem sei por que sai de casa uma hora dessas.

- Eu percebi, você parecia desesperado ao passar pela minha janela. Me dê o seu braço. - André estende a mão para Diego.

- Me desculpa por invadir a sua casa... e por te incomodar, a porta da minha está fechada e demoraria muito pra subir a janela do meu quarto.

- Não tem problema, eu estava tentando dormir e não conseguia, então o meu único medo foi você dizer que era um assalto. - André sorri para Diego.

- Você tá bem-humorado pra alguém que está acordado as três da manhã, e teve um quarto invadido por alguém que nem sabe o que viu. - Diego fala e se senta um pouco mais perto de André.

- Não é nada muito diferente de quando meu melhor amigo briga com a namorada e me obriga a escutar as mesmas besteiras que todo o casal diz quando briga, pra alguns dias depois estarem de mãos dadas por aí. - André está tentando fazer Diego sorrir.

- Então você é daquele tipo de pessoa que ajuda os amigos até quando não deveria?

- Você tá me chamando de trouxa? - André olha fixamente para Diego.

- Não, não é isso... - Diego está com vergonha.

- Relaxa tá? Estou brincando. Eu diria que algumas pessoas merecem um pouco mais de atenção.

- É... algumas merecem.

- Pronto, agora só toma cuidado pra não sair por aí correndo de cachorros e se machucar de novo.

- Eu não sei não, talvez eu me machuque de novo, agora que eu sei que eu posso vir aqui pra você me ajudar. - Diego fala enquanto vai até a janela.

- Se você fizer isso três vezes por semana, eu começo a cobrar. - André diz e sorri em seguida.

- Obrigado, de novo. Espero te ver por aí.

- Bom, a gente mora do lado um do outro, se você quiser falar comigo, eu tô por aqui.

- Você tá me fazendo um convite?

- Estou dizendo o óbvio. Boa noite. - André diz com um sorriso no rosto.

Diego desce a janela bem rápido, André acha que ele ainda está assustado, e isso é bem fofo. Na escola, ele sempre ouviu dizer que Diego é um garoto meio quieto e raivoso, mas ele não passou essa impressão para André. Pareceu aberto e cuidadoso, ele acha que as pessoas erraram sobre ele.

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