Inibições

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Graças a caridade de Ethan, Jade estava do lado de dentro da Moondance saboreando coquetéis variados para afogar suas mágoas enquanto assistia de camarote Beliath se entregar para àquela loira repleta de charme. Um charme natural que estava longe de possuir.

Apesar das palavras compadecidas do albino que tentava anima-la, era inevitável que seus olhos procurassem pelas vestes brancas que destacavam-se em contraste das luzes coloridas, o balanço daqueles cabelos negros e sedosos e, àquelas silhuetas dançantes em sintonia que chamavam a atenção da plateia que os assistia. Por fim, para concluir o espetáculo, a donzela finalmente beijou seu príncipe.

Depois de lamentos e mais copos preenchidos, a cabeça da jovem se ergueu, dada pelo incentivo do álcool que eletrizavam suas veias. O mundo em volta parou para que os holofotes dessa vez mirassem em sua direção enquanto caminhava até o meio da pista, acompanhada de Ethan, que segurava sua mão e a guiava, se esquivando da multidão.

[...]

— É melhor irmos agora. — Anunciou Ethan finalmente após recuperar o fôlego depois da dança ritmada. — Eu te acompanho de volta até a mansão, não é seguro voltar sozinha.

— Tem razão. E eu agradeço. — Jade sorriu amigavelmente como resposta.

O silêncio reinou no caminho de volta, até que a garota decidiu quebrar o clima tenso com algum comentário estúpido sobre o clima.

— Hoje está frio, não?

— Você jura que não pensou em nada melhor?

— Apenas comentei. Então...Para quem já é um senhor de idade, você até que tem energia. — Percebeu-se humor em seu tom de voz. — Dançou bem.

— Você não viu nada, mas se eu pudesse, eu te mostraria que ainda tenho muita energia para essa noite. — Ele lançou-lhe um rápido olhar travesso e sugestivo, o que a fez corar. 

— E por que não pode? — Retrucou cinicamente. Agora era ele quem estava com as maçãs do rosto coradas, quase perceptíveis, se não fosse pela penumbra da noite.

— Você é o cálice do Beliath, sabe como as coisas são. — O rapaz pigarreou, olhando de um lado para o outro, como se procurasse qualquer pretexto para mudar de assunto. — Os únicos que honram sua velhice são o Raphael e o Vladimir. Ainda estou jovem, Coisa. — Continuou, deixando um espaço silencioso entre sua última fala e a próxima. — E para quem vive na sombra do Beliath, foi surpreendente como você se soltou. — Seu comentário a fez revirar os olhos, mas em partes, ele tinha razão, desde que chegara a mansão, não havia pensado nela mesma como uma pessoa que vive além daquela condição de cálice.

Balançou os ombros antes de responde-lo, inspirando uma grande quantia de ar nos pulmões enquanto refletia a respeito dos acontecimentos.

— Primeiro que, eu não sou um mero objeto para que tomem posse. Daqui em diante, não será mais dessa forma. Você verá.

— Eu não estou nem ai para o que você faz ou deixa de fazer, de qualquer forma.

O tom indiferente foi o suficiente para que a menina se calasse, optando por não atormenta-lo durante o restante do percurso que não demoraria muito para se encerrar e, naquele meio tempo, percebeu os olhares de soslaio do albino sobre ela, o que a fez questionar se havia alguma coisa em seu rosto, já que seu raciocínio era devagar ou inocente demais para perceber a luxúria nas íris do rapaz, que tentava admirar a curvatura que fazia ao fim de sua cintura.

Forbidden flavorOnde histórias criam vida. Descubra agora