I married with a vampire

02: visits

Minhas mãos formigavam levemente, sentia minha cabeça latejar e meu corpo todo parecia ter sido atropelado por um caminhão enquanto eu dormia. Abri minimamente meus olhos sentindo a luz clara me cegar por alguns segundos, me obrigando a fechá-los de novo, por mais que meu corpo estivesse dolorido, o calor confortável dos cobertores envolvendo minha pele deixava aquele momento menos desagradável.

Me lembro vagamente do pesadelo estranho que tive, sobre a festa de formatura onde todos os meus colegas de classe tentavam me matar, mas Junmyeon de alguma forma conseguia me proteger. Foi horrível e eu gostaria de nunca mais sonhar com aquilo, ainda mais por ter parecido tudo tão real ao ponto de eu quase que sentir o Kim carregando-me em seus braços ao mesmo tempo em que massacrava metade das pessoas que tentavam me atacar.

Abri meus olhos mais uma vez, encarando o teto branco, tão branco que parecia até novo, o que me fez cair na realidade já que o teto de meu quarto tinha rachaduras e manchas deixadas pelo tempo. Senti meu coração disparar, as batidas rápidas como se eu fosse ter um ataque cardíaco, minhas mãos começaram a soar de medo e nervosismo enquanto minha respiração já desregulada ecoava pelo quarto. Aquilo, o meu pesadelo, não podia ser real, podia? Aquelas pessoas enlouquecidas, as taças com sangue, aquele... homem...

E como se ele lesse meus pensamentos, o barulho da porta do quarto se abrindo tirou-me de meus devaneios e finalmente meu corpo se mexeu para encarar o homem de cabelos esbranquiçados, sweater preto e um sorriso gentil em seus lábios pálidos. Em suas mãos o vi segurando uma bandeja com diversos potinhos e um copo com líquido avermelhado, senti o déjà vu do momento em que as taças de sangue se estilhaçavam no chão e manchavam meus tênis. Deus, isso não pode ser real.

- Boa tarde, descansou bem? - Chanyeol sentou-se ao meu lado no colchão, colancando a bandeja sobre minhas pernas. Eu não conseguia tirar meus olhos dele, meu corpo parecia paralisado de medo, sequer consegui responder sua pergunta. Eu com certeza vou morrer. - Você perdeu um pouco de sangue por causa dos machucados de ontem, mas se comer direitinho vai conseguir recuperar suas forças. - apontou discretamente para a bandeja, onde pude ver os potinhos com diversas frutas cortadas em cubinhos e uma tigela de cereal ao finalmente desviar meu olhar do Park.

Não é possível, o que aconteceu na noite anterior não pode ser real, eu devia estar muito bêbado ou então usei algum tipo de droga que não me recordo, mas aquelas pessoas me atacando como se eu fosse um pedaço de carne eu me recuso a acreditar, afinal por que elas fariam isso? Minha mente deve estar apenas brincando comigo, Junmyeon deve conhecer Chanyeol, eles podem ser da mesma família ou sei lá. O que importa é que estávamos todos na minha festa de formatura e nada do meu sonho foi real.

- Seu coração está batendo rápido, não precisa ficar ansioso, Byun, já disse que não vou te machucar, você é bonitinho demais para essas coisas. - o de cabelos brancos sorriu mais uma vez, deixando visível as covinhas em suas bochechas e por mais que seu tom de voz fosse calmo e carinhoso eu ainda me sentia assustado e crente que aquele era meu último dia de vida nesse mundo. - Quer ajuda para se sentar?

O Park se aproximou e eu, ainda paralisado, apenas deixei que suas mãos grandes me segurassem com cuidado ajudando-me a ficar sentado sobre o colchão, de frente para a bandeja que permanecia sobre minhas pernas. Pude ver claramente meu braço enfaixado do ombro até meu pulso, me fazendo lembrar que na noite anterior havia bastante sangue escorrendo dele, mas o que mais me chamou atenção fora o anel com uma única pedra vermelha, talvez um rubi, que estava preso em meu dedo anelar, tenho certeza de que nunca havia visto tal acessório antes, por que eu estava usando?

- Não vai mesmo falar comigo? - Chanyeol mais uma vez me encarou com seus olhos acastanhados beirando o vermelho. Essa cor parecia estar me perseguindo. - Se ainda estiver com medo das pessoas de ontem saiba que elas nunca mais tentarão lhe fazer mal, mas se estiver com medo de mim eu posso sair do quarto. É isso que você quer?