Terceira Parte

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Gaara entrou em seu quarto que já havia sido arrumado por um dos empregados de confiança da mansão. A lareira estava acessa e havia uma bandeja com alguns alimentos solicitados por ele naquela tarde. O tenente Satoshi veio logo atrás ao seu encontro. Ele ficou parado ao lado da porta, após fechá-la, observando o Kazekage.

Satoshi ofereceu seus serviços naquele final de noite, mas era dispensado. Assim que a presença do tenente ainda era óbvia no quarto, Gaara virou-se na direção dele com um olhar diligente.

— Sei que o dia foi longo, mas ainda há algumas considerações a fazer sobre o encontro de hoje a noite. — Satoshi andou devagar até metade do quarto, Gaara continuou parado ao lado da poltrona, cauteloso.

— Você se refere as propostas de casamento que foram realizadas hoje? As que eu, respeitosamente, recusei uma a uma? — Ele moveu a cabeça, recordando-se da situação constrangedora de presenciar os homens praticamente vendendo suas filhas, a fim de criar alianças com a Vila. E para Gaara, uma aliança forte não precisava ter o elo físico de uma aliança para ser inquebrável.

Aquele era um pensamento retrógrado ao qual não compartilhava. Além do mais, jamais se casaria por interesse, a não ser que fosse um interesse romântico compartilhado pelas duas pessoas. Ele não era uma pessoa dada aos sonhos matrimoniais, mas se o fizesse um dia, seria pelo laço do coração.

— Isso mesmo, senhor. — A imagem de Satoshi próximo da lareira era significativa, ele possuía uma presença vibrante em qualquer ambiente que se encontrava. Seus ombros eram largos e os traços masculinos do rosto bem delineados, a pele bronzeada destacava-se bem com os cabelos loiros.

Gaara sentia-se atraído por ele, não ignorava aquela sensação, provavelmente se Naruto o questionasse, responderia a mesma coisa. Mas não necessariamente se aproveitaria dessa atração para conseguir algo.

O Kazekage era um homem tranquilo, de fato, levou alguns anos para conseguir controlar aquele ódio que o preenchia. Também aprendeu a distinguir diversos sentimentos, além de terríveis sensações e pesadelos que sentia.

Contudo, naquele momento ele não sentia de todo confortável com o olhar sedutor do tenente. Ocorrera alguns meses atrás uma aproximação inadequada por parte de Satoshi e Gaara evitou ao máximo que eles chegassem ao ponto de se beijar.

— O Senhor poderia se beneficiar de um casamento bem arranjado.

— Não me ofereça mais essa proposta, Satoshi, você sabe muito bem porque eu não aceitei esses pedidos.

— Eu não queria ofendê-lo senhor. — A voz encantadora de Satoshi era um de seus artifícios, era disso que Naruto falava sobre não gostar dele. — Mas o senhor sabe que eles serão implacáveis.

— O preconceito é algo que eu desejo combater, mas não com mentiras.

— Tem razão, me perdoe por isso. — Satoshi aproximou-se, mas parou quando Gaara deu alguns passos para trás.

— Deseja mais alguma coisa, tenente?

— Sim, eu não quero que o senhor me evite dessa forma, eu já deixei claro que jamais repetirei aquele gesto desagradável de antes.

Gaara suspirou.

— Não diga isso, não foi desagradável. Eu o estimo muito, por sua força, sua lealdade, seus pais lutaram ao lado do meu pai... não vou afastá-lo por uma quebra de decoro. Além do mais, eu dei abertura, mas agora é diferente.

Satoshi sorriu e Gaara pode distinguir que aquele era um sorriso frio, isso porque acabara de presenciar o sorriso mais quente que ele conhecia. O de Naruto, que nas últimas horas, tratou os homens mais ardilosos da forma mais séria que ele poderia fazer, sem deixar de sorrir e retrucar as propostas dos Daimyos.

Você me faz sentir amadoOnde histórias criam vida. Descubra agora