Capítulo Único

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 Fez questão de checar todo o corredor antes de entrar no cômodo, fechando a porta lentamente ouvindo seu ranger baixo, mantendo-a entreaberta para evitar barulhos. Sabia que o outro estava ocupado no escritório no primeiro andar da casa, então era sua chance de aproveitar esse momento em que a área estava limpa. Na verdade, limpar entre aspas, já que o quarto estava um pouco bagunçado.

Era sua vez de arrumar as coisas alí, porém havia esquecido, pois tinha que enviar um relatório para a ordem logo cedo, então acabou prometendo que faria a tarefa depois. Mas esse não era seu único objetivo, tinha outra coisa em mente, logo evitava de fazer muita movimentação, não queria atrair uma atenção desnecessária.

Esticava o lençol, dobrava os cobertores e quase caia da cama ao tentar colocá-los no armário - a dificuldade de ser baixo nessas horas era bem complicada. Catou algumas roupas caídas no chão, as quais eram, de sua maioria, suas de hoje cedo quando teve correr para se organizar, e as colocou no cesto de roupa suja, esse que teria que levar para o banheiro depois de acabar.

E lá estava o quarto completamente arrumado, então só restava uma coisa a fazer. Checou a fresta da porta, aproximando-se para olhar o corredor brevemente, ao notar que não tinha nada, dirigiu-se ao armário mais para a esquerda da parede. Ao abrir, pode visualizar as roupas de seu querido marido, Jhonny Tabasco, roupas essas que o rapaz de cabelos brancos amava vestir ocasionalmente.

Sentia vergonha de vesti-las na frente dele, sempre ficava vermelho e tinha o mais alto chamando-o de fofinho, isso fazia Rubens ter um pane no sistema. Também tinha o caso do de cabelos curtos não gostar de emprestar roupas, sabia disso porque ele sempre reclamava de ter que dividi-las com seus irmãos. Mesmo que Tabasco tenha dito milhões de vezes que não se importava de emprestá-las para o baixinho, tinha medo dele apenas estar sendo gentil.

Suspirou apaixonado mexendo em seu colar de flamingo, esse havia sido o "anel de compromisso" que lhe foi dado quando começaram a namorar, continha um sentimento muito especial por aquele presente e não ousava tirá-lo nunca. Mesmo se não o usasse no pescoço alguma hora, ainda o possuía guardado em alguma bolsa ou até amarrado como uma pulseira improvisada. Lembrava daquele pedido com muito carinho e, apesar de possuir um anel lindo em seus dedos atualmente e ter recebido um oficial de namoro na época, nunca ia se desfazer daquele presente.

Puxou uma das suas blusas favoritas do outro, ele sempre ficava ótimo nela e era difícil disfarçar o quanto gostava de vê-lo a usando. Era só uma blusa de flanela verde simples, não tinha nada demais, porém o que podia fazer se o rapaz ficava bonito com qualquer roupa? Retirou-a do armário podendo comparar seu tamanho com o do seu corpo, vendo o quanto ela ficava grande em si e soltando um suspiro por isso, às vezes desejava ser mais alto.

Jhonny sempre dizia que amava a altura dele, ela era perfeita para abraçar e poder ser acolhida nos braços dele, além de que era fácil beijar sua testa sempre que tivesse vontade. Também era boa porque ele podia sentar no colo dele ou entre as pernas dele quando o mais alto estivesse jogando videogame, tendo em vista que não atrapalhava sua visão da tela. Ele só vivia dizendo o quão perfeito era do jeitinho que era e isso fazia o de pele morena ficar muito envergonhado, mas extremamente feliz.

Tirou a roupa do cabide, colocando-o na maçaneta, e, sem demora, passou a vestir. Via as mangas passarem de suas mãos e o resto da blusa passar de sua cintura, era engraçado, para dizer o mínimo. Suas bochechas doíam por conta do sorriso que não conseguia tirar, corava de leve por conta da sua alegria. Sentia-se abraçado pelo maior naquele momento, sendo envolvido totalmente por seu amor quente e confortável, esse amor tão lindo que sempre fazia o rapaz se sentir abençoado por ter chance de presenciar tão de perto.

Podia também sentir outra coisa ao usar aquela roupa... Vontade de fingir que era um fantasma de desenho animado. Balançava seus braços deixando as partes sobrando das mangas balançarem para cima e para baixo, enquanto fazia "uuuuh" de forma alongada e repetitiva. Era como ser criança novamente e brincar com as roupas de seu pai e sua mãe, era uma nostalgia gostosa na qual adorava se escorar.

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⏰ Última atualização: Sep 12, 2021 ⏰

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