PESSOA CONFORTO <3
“Você perdoa a mamãe, Padmé?” foi a última coisa que Padmé escutou vindo de sua mãe naquela tarde, e a morena apenas concordou com a cabeça enquanto mordia seu lábio inferior aflita. A Naberrie sorriu falsamente, mas ela tentava ser sincera, por mais que segurasse a tempestade de lágrimas em seu rosto. Ela esperou alguns minutos para não mostrar que ficou tão abalada com as palavras rudes de sua mãe sobre quanto Padmé era indesejada em seu lar.
Desde o divorcio dos pais e Sola ter ido para a faculdade, as coisas estavam mais complicadas. A morena vestiu sua jaqueta jeans por cima da sua camiseta da Gryffindor e calçou seu All Star preto e branco, em seguida avisando que ia sair para a casa de Anakin. Ela realmente precisava de Anakin, ele tinha o melhor abraço de todos mesmo que as palavras de consolo fossem atrapalhadas. Mas Padmé não ligava, ela já era uma pessoa oratória, não precisaria de outra naquela relação, ela só apreciava que acima de tudo o Skywalker era genuíno e sempre tentava ajudar.
Anakin poderia parecer arrogante e convencido, mas lá no fundo ele era tão compassivo quanto Padmé. Ela o amava por isso, amava como ele a confortava em situações como essa. Sua caminhada a ajudou a esclarecer um pouco seus pensamentos confusos, engolir o choro e pensar que não deveria sentir raiva de seus pais. Eles estavam fazendo o melhor por ela e por Sola, eles nunca tinham tido nenhum problema a mais, só naquele momento que discussões se tornaram normais.
Ao chegar na casa dos Skywalker-Lars, Padmé bateu delicadamente duas vezes na porta amadeirada e não demorou para que Shmi a atendesse. A mãe de Anakin era enfermeira no hospital público da cidade, Padmé a admirava por trabalhar salvando vidas ─ tanto como os médicos faziam ─ e se ela não tivesse repulsa em ver corpos abertos muito provavelmente gostaria de se formar em medicina.
─ Ah, olá Padmé! ─ Shmi disse dando um sorriso cansado do rosto. Pelas roupas azuladas, Naberrie suspeitou que ela tinha acabado de voltar de um plantão.
─ Oi, tia ─ a morena sorriu timidamente como sempre, por mais que conhecesse Shmi há anos, ela sempre gostou de causar a impressão de ser a santa namorada do Skywalker. Ela sentia como se enganasse todos, pois Padmé Naberrie era mais do que uma ‘boa garota’ ou uma ‘garota legal’. ─ Desculpa vir sem avisar… Anakin está?
─ Não tem problemas, Padmé! Você já é de casa! ─ Padmé sorriu aliviada, já perdendo as contas de quantas vezes Shmi tinha sido cortês. ─ Ele está lá em cima no quarto dele, mexendo no celular provavelmente.
Padmé riu baixinho e entrou na casa enquanto Shmi falava para ela não reparar na bagunça, mas Padmé de fato não iria reparar. Ela não poderia ser hipócrita, por mais que fosse uma pessoa planejada até demais, seu quarto às vezes conseguia ser uma zona de bagunça! Afinal, ela ainda era uma adolescente.
Subindo as escadas da casa não tão grande, Padmé bateu na porta entreaberta do quarto de Anakin. Assim que o loiro a viu, ele largou o celular e se apoiou nos cotovelos para a olhar melhor, ainda deitado com seu corpo estirado na cama. Ele sorriu quando a viu abrir um pequeno sorriso. Por costume, ela fechou a porta e respirou fundo, se jogando na cama de casal de Anakin e colocando a cara no outro travesseiro de seu namorado.
Padmé soltou um gritinho abafado, o que fez Anakin se virar para o ângulo dela e levantar uma mecha de cabelo dela para colocar atrás da orelha. Ele ainda sim a olhava com admiração, mesmo quando ela estava prestes a surtar.
─ Posso perguntar se está tudo bem?
─ Está tudo perfeitamente bem ─ a voz fraca da morena ecoou ainda abafada, até que ela decidiu se afastar do travesseiro e olhar para Anakin com as sobrancelhas franzidas.
─ Você não me engana, anjo ─ ele se aproximou e beijou a testa dela.
Aquilo foi o aviso, ela estava finalmente segura, com alguém que a desejava e a amava verdadeiramente. Não era como a mãe de Padmé, que poderia até a amar, mas parecia a desejar cada vez menos. Padmé se odiava por isso, mesmo sabendo que não era sua culpa. A Naberrie começou a chorar, tentando expulsar toda frustração e tristeza de seu corpo enquanto sujava a camiseta de My Chemical Romance que Skywalker usava.
─ Você me ajudou no meu momento difícil, Padmé, estou aqui para você como você esteve aqui para mim.
─ Eu quero que essa merda de colegial acabe logo, quero virar independente, quero morar sozinha com meu gato e não ver minha família por vários meses! ─ choramingou a adolescente ao abraçar Anakin que tinha se deitado na cama para ser um melhor travesseiro.
─ Eu posso visitar? Você sabe que Artoo me ama ─ brincou, fazendo Padmé rir ao afastar sua cara do peito de Anakin.
─ Sim… droga, odeio chorar! Fico horrível depois.
─ Nah, você é linda até chorando ─ Anakin a consolou quando Padmé se sentou na cama, passando a mão por seu rosto e em seguida seu cabelo bagunçado.
“Você só está falando isso para me agradar” sussurrou de forma manhosa, mas Anakin apenas a puxou para seus braços novamente. Padmé explicou o que tinha acontecido em sua casa, como tudo estava sendo estressante, e ele a ouviu tentando ser um bom namorado que sempre fora.
No fim, o coração de Padmé Naberrie estava aliviado por ter sua pessoa que a confortasse. Anakin Skywalker a curava aos poucos.