Rin não era uma pessoa espaçosa, então nada lhe incomodava que o único apartamento que conseguia pagar era pequeno no centro de Vancouver. Até porque morava sozinho e a única pessoa que o visitava era Dakota. O mais importante era que era seu.
Ele fazia questão de manter tudo sempre muito limpo e arrumado, então o lugar passava, antes de tudo, uma impressão extremamente aconchegante.
Ao entrar, já era possível ver praticamente tudo por conta de o único cômodo definitivamente separado por paredes ser o banheiro.
À direita se encontrava a sala com um sofá em "L" de frente para a TV, um de seus lados encostava na parede e o outro na bancada da cozinha que formava um "U".
A cozinha não tinha nada de extraordinário, mesmo um dos hobbies de Rin sendo cozinhar, ele ainda não estava em condições de se dar muitos luxos. Duas banquetas pretas ficavam no lado livre da bancada; o fogão e a geladeira eram separados por alguns armários; a pia ficava virada na direção da televisão e, por fim, também tinham outros armários suspensos na parede.
À esquerda, alguns passos ao lado da porta, tinha um biombo escondendo sua cama e sua cômoda de roupas, dando mais privacidade ao lugar.
Por fim, mais a frente, ainda naquele mesmo lado, diante uma janela com vista para o parque do outro lado da rua, estava sua mesa de trabalho com seu iPad, alguns papéis e lápis de rascunhos recentes e ao lado uma estante branca com vários nichos para guardar seus materiais.
Por anos, enquanto ainda morava com seus pais, sonhou com um lugar só seu onde poderia ser verdadeiramente ele e fazer o que de fato gostava, então o tamanho realmente não importava.
Aquela era uma sexta como a maioria das outras, Rin e Dakota jogavam UNO na mesa no centro do apartamento enquanto comiam, bebiam e — mais pela parte de Dakota — conversavam.
— Acredita que a professora me colocou de novo como dupla daquele folgado do Austin — disse indignada e jogou uma carta no monte. — Eu não suporto nem mais escutar a respiração daquele garoto — ela tomou um gole de sua cerveja. — Dessa vez ele teve a coragem de simplesmente escolher o material que "a gente" vai trabalhar sem me perguntar nada, fazer uns esboços horrorosos, sem nenhum nexo, e dizer que já fez a parte dele.
Se um dia Rin tivesse que descrever Dakota Loyalnest com apenas uma palavra (além de insistente, claro) ele escolheria, sem que ela soubesse para não aumentar ainda mais seu ego, memorável.
Não só por sua personalidade, mas também por seu visual. Dakota adorava atenção, ela gostava de ser vista, reconhecida. Assim, seu volumoso cabelo cacheado pintado de rosa e pele escura eram seus maiores orgulhos.
Desde que Rin a conhecera, a menina sempre fora apaixonada por moda e adorava experimentar estilos diferentes toda semana, então não poderia estar cursando outra coisa que não fosse moda.
Uma vez, quando ainda estavam no colégio, Rin e Dakota conversavam sobre seus sonhos e algo que ela disse fez ele entender outro motivo pelo qual ela queria tanto aquele curso.
"Quantas pessoas negras você já viu que são estilistas ou modelos?"
"Bem poucas."
"Vou mudar isso. Vou ser mais uma lá inspirando outras pessoas. Mostrando que elas também podem, não importa como sejam."
— Qualquer hora eu vou trancar a faculdade, você tá me entendendo? — Disse ela, reorganizando as cartas na mão.
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Tudo que Precisava
Romance"É melhor amar e perder do que nunca ter amado." Pode até ser... mas e quando se perde sempre que ama? Rin Ishikawa já cansou disso: se dedicar, se esforçar e depois ser abandonado. Com só vinte e dois anos, ele já teve que lidar com t...