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❛ PRÓLOGO ❜
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O SOLO CASTIGAVA MEUS PÉS DESCALÇOS, a ardência aumentando a cada passo, como se fogo consumisse minha pele. As pedras e grãos de areia eram lâminas afiadas, rasgando sem piedade. Meu coração martelava no peito, um ritmo frenético que ecoava o medo pulsante dentro de mim. O vento cortante chicoteava meu rosto, sussurrando a urgência da fuga. Corri sem olhar para trás, ignorando o cansaço que incendiava minhas pernas.
O estalar dos galhos sob meus pés se misturava ao som da minha respiração entrecortada. Mas então, de repente, tudo parou.
O silêncio caiu como um peso sobre o mundo, sufocante e absoluto.
Meus pulmões ardiam, minha mente gritava para continuar, mas algo me deteve. Onde estava Victoria? O som de seus passos, que antes me perseguia como uma maldição, desaparecera. O medo se condensou em um nó no meu estômago.
Hesitei. O ar pareceu se tornar mais denso, carregado por algo invisível. E então, como se respondesse ao meu pavor, ela surgiu.
Entre as árvores tortuosas, sua silhueta emergiu como uma sombra líquida, uma figura desenhada pelo próprio breu. Os olhos vermelho-sangue brilharam no escuro, duas brasas fixas em mim, ardendo em fome e desejo predatório. Um arrepio gelado percorreu minha espinha.
Victoria se moveu sem pressa, seu andar era silencioso, quase etéreo. A lua dançava sobre seus cabelos ruivos, criando reflexos vivos, um contraste hipnotizante com a ameaça que ela representava. Não havia hesitação em sua postura, apenas uma certeza cruel.
E então, aquele sorriso. O maldito sorriso que eu tanto odiava.
A vampira parou diante de mim, tão perto que eu podia sentir a ausência de calor de seu corpo. Seus dedos frios tocaram meu queixo, erguendo-o com suavidade, obrigando-me a encarar aqueles olhos profundos e enigmáticos. O sorriso torto em seus lábios carregava uma mistura indecifrável de emoções - desejo.
── Está sendo fácil demais caçar você... ── murmurou, sua voz um sussurro grave que deslizou pela minha pele como um feitiço. ── Então sugiro que não me faça perder tempo, lobinha.
Minhas mãos se fecharam ao lado do corpo, minha mente oscilando entre lutar e sucumbir. Meus olhos ardiam, não por lágrimas, mas pela certeza de estar à beira de um abismo sem volta.
O perigo nunca foi tão inebriante.
Victoria deslizou os dedos pelo meu pescoço, lenta, sentindo o pulsar acelerado do sangue sob minha pele quente. Seu toque era gélido, uma ameaça e uma promessa ao mesmo tempo. Aproximou-se, até que seus lábios pairassem a um fio de distância dos meus.
Eu deveria correr. A prudência gritava para me afastar, para fugir antes que fosse tarde demais. Mas quando seus braços envolveram minha cintura, trazendo-me para perto, fizeram meus pensamentos sumirem rapidamente, quase que com um estalar de dedos. Meus olhos foram para sua boca.
Puta merda, será que seria ruim demais querer beijar essa sádica do caralho?
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