•• Capítulo Único ••

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— P O T T E R • I N • W O N D E R L A N D —

Euphemia Potter tinha um dos mais belos e sinceros sorrisos que verá na vida. Olhos brilhantes e calorosos acompanhando o branco tão reluzente, que esbanjava riqueza. Fazia-a ainda mais bonita, como se sua já beleza natural e graça diária ficassem ainda mais atrativos com tais emoções puras expostas. Magnífica em sua plenitude.

James Potter tinha, inegavelmente, herdado isso dela. Eram lados da mesma moeda, esses dois. Tal em aparência, tal em personalidade, essa genética passava o sentimento mais aquecedor possível, puxando-lhe para cada vez mais perto e fazendo-lhe querer contar piadas apenas para vê-los rir. Era assim que funcionava.

       Nesse momento, os dois trocavam esse sorriso.

       Era já quase pôr do sol quando a mais velha, vestida em verde esmeralda e com cabelos castanhos rebeldes, querendo a começar o branco, presos em um coque, adentrou a mansão. Era uma auror, seus dias bastante ocupados — James tinha muito orgulho dela —, mas sempre encontrava uma maneira de fazer-se presente. Por meio dos sanduíches preferidos deixados prontos para comer de lanche, ou um chocolate quente para o filho e o marido, Fleamont, ou o que sua mente criativa indicasse. Hoje era uma sacola de loja desconhecida, mas a mãe parecia tão feliz com o que tinha em mãos que fez o filho ficar imediatamente feliz também.

       Como o furacão que era, a mulher andou em passos rápidos até a mesa de jantar, deixando o pacote em cima desta e olhando para o baixinho com expectativa. Como o outro furacão que era, o filho seguiu seus passos correndo e tirou de lá dentro um livro.

       Não era qualquer livro. Era um livro muito lindo. Era azul claro! James gostava muito de azul claro. E tinha desenhos, eram tão incríveis, tão loucos quanto sua própria infantil mente era. Ele tinha amado sem nem abrir. Effie, é claro, conhecia a peça a quem tinha dado à luz, sabia que seria muito de seu agrado.

       Folheou as páginas e dentre elas viu mais e mais ilustrações e encontrou algumas palavras legais e meio confusas que imediatamente tinham feito-o pensar que era o melhor presente que já tinha ganho. Esse era ele, animado com coisas que as vezes parecem tão pequenas.

       Não demorou muito para ele correr até o quarto e começar a ler. Tinha quase 11 anos, já era grande, lia como um mocinho — era o que seus pais lhe diziam.  Prendeu-se e misturou-se e tornou-se aquela história, rindo com as maluquices que tanto faziam sentido e como algumas pessoas são tão bestas por pensarem tão difícil quando as coisas são tão simples. Era uma sensação melhor do que diversas outras coisas tinham causado em si. Sentiu-se parte daquele mundo, mesmo que parecesse besteira quando falava em voz alta.

       Não importava.

       Eles não achariam besteira. O Chapeleiro com certeza entenderia-o. Era irreal, mas confortante. Confortante como família.

       Queria gritar para todos que tinha gostado tanto e ali tinha achado sentimento como nenhum outro!

       Quando acabou, saiu contanto tudo para os adultos que cercavam-no. As funcionárias, o jardineiro, seu pai, o cozinheiro...... ah, e sua mãe. Sem ela não teria tido isso tudo. Era possível amar alguém ainda mais? Porque realmente achava que agora amava-a um pouquinho mais do que amava antes. E sempre foi um tantão!

Não aguentou muitos dias antes de pegar o objeto de capa dura novamente. Dessa vez fez todas as vozes e agiu como faziam os personagens, encenando tudo que aquele universo de imaginação dizia até que estivesse totalmente satisfeito com seu próprio show. Era engraçado de se ver, deveras adorável também. Um garotinho de cabelos tão rebeldes quanto sua própria alma, de ainda bem baixa estatura, correndo por aí e dançando e gritando.

- Potter in Wonderland -Onde histórias criam vida. Descubra agora