único

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Zoro o conheceu na detenção, quando fora pego dormindo na sala de aula. Ele se sentava nos bancos do outro lado da porta da pedagogia. Estava todo surrado e fedia a cigarro. Seu nome era Sanji.

Desde então, os dois se tornaram bons amigos. Por serem de salas diferentes, só se encontravam no caminho de ida e volta, além nos intervalos. Porém, algo incomodava Zoro em Sanji. No início, ele achava que fosse sua sobrancelha enrolada e a cor amarelo ovo de seus cabelos volumosos num penteado tigela, mas compreendeu que era longe de ser isso. Sanji era autodestrutivo.

Como o conheceu na detenção surrado, mais tarde descobriu que o idiota fazia parte de uma gangue de delinquentes e que já virara noites brigando com um adversário de outra escola, tudo para proteger ou conquistar mais territórios na cidade. Se Zoro não estava enganado, a gangue que representava a escola deles se chamava Zero.

Sanji costumava se ferir muito e uma vez, Zoro apertou seu punho para impedi-lo de partir e lutar. Porém, quando sentiu a pele clara de seu pulso fino, o osso bem aparente por ser seco, e os batimentos cardíacos descompassados por conta da discussão entre eles, Zoro se apaixonou por aquele idiota.

Durante a noite, o loiro aparecia no seu quarto acabado, nem parecia que era vaidoso como se orgulhava tanto. Costumava repreendê-lo, mas acabava cuidando de suas feridas. Um dia Zoro compreendeu que Sanji era sádico, fazia questão de mostrar que estava machucado para que o marimo desistisse da amizade, talvez para fazê-lo pensar que era só mais um filho da puta que gostava de se meter em encrenca.

— Onde você quer chegar, sobrancelha enrolada? - Zoro passava um pano úmido para limpar a pele de seu amigo. Sanji estava apenas com sua samba canção branca e sentado numa cadeira, que era da mesa de estudos do marimo. - O que você quer vindo quase sempre a essas horas no meu quarto?

Sanji permaneceu calado mas, de repente, deu um grunhido de dor por Zoro passar o pano com muita força no seu corpo dolorido. - Marimo, não coloque tanto peso!!

Zoro deu mais uma esfregada na parte por dentro dos braços e acabou, depois lançou o pano dentro do balde com água. - Você não respondeu minha pergunta.

Sanji revirou os olhos e se deitou na cama de Zoro, mas abrindo um espaço. - Deita comigo nessa noite também.

Franziu as sobrancelhas por sempre fugir do assunto e nunca conseguir tirar uma informação. Não conhecia as pessoas com quem andava, sua família e do que gostava. Sanji notou sua carranca e estendeu o braço na sua direção, num gesto suave.

O pulso estava novamente exposto, novamente o seduzindo. Como Zoro o adorava. Portanto, não se aguentou e se aproximou para beijá-lo com os seus lábios úmidos, sentindo cada pulsação do coração de Sanji, que sorriu excitado.

Puxou-lhe para si de tanta excitação e o envolveu num beijo em seus lábios. Depois o jogou na cama, ficando por cima do corpo forte e moreno, enquanto continuavam a se beijar. Afagavam os dedos no cabelo do outro e Sanji passou a chupar a curva do ombro de Zoro, mas não se aguentou e tirou seu short, tombando o corpo num lado apertado e livre da cama de solteiro para dar a traseira ao marimo. Nessa altura, já não ligava para a dor de seu corpo e Zoro já não estava mais bravo. Na verdade, esse último estava dentro de Sanji, enquanto abafava sua boca com uma mão para que os pais não ouvissem seus gemidos.

Zoro acordou e aos poucos sua vista ganhava nitidez, percebeu que o loiro estava se vestindo na beirada da cama para partir antes do amanhecer.

— Pretende ser assim pra sempre? - Não pôde ver os olhos azuis do amigo, porque estava de costas para si, mas sentiu que ele ficara tenso com a pergunta.

Sanji se assustou com a voz do marimo quebrando o silêncio, e parou de abotoar a camisa do seu uniforme. - Por que não desiste de mim?

Zoro riu e se ajeitou melhor na cama. - Talvez porque você é cheio de mistérios.

— Mistérios?! - Rebateu se virando para Zoro. - Eu sou só um moleque mimado que gosta de brigar por aí.

Ficou de lado na cama e apoiou a cabeça numa mão. - Algo me diz que há um motivo para querer tanto se machucar.

Sanji mordeu o lábio inferior e se levantou da beirada. - Não há nada profundo por trás. - Depois tencionou caminhar para a janela a fim de ir embora, mas Zoro pegou em seu pulso.

— Não vá. - Ele disse mais uma vez em mais uma noite. - Me diga o que te aflige. Talvez perdendo a curiosidade sobre você, eu resolva te largar.

Como amava aquele toque em seu pulso, os dedos ásperos do marimo lhe causavam o maior prazer de todos. Mas não podia contar a Zoro sobre o desejo que alguém o matasse para fugir de sua família e não sentir mais a dor de ser rejeitado. Era um cara quebrado e não queria envolver uma pessoa tão pura nessa merda. Como Sanji queria poder odiar Zoro, mas nem ao menos aguentava ficar sem vê-lo. Portanto, queria que ele pelo menos o deixasse, visse o quanto poderia fazê-lo mal por ser tão autodestrutivo e simplesmente desistisse.

Zoro continuava a envolver seus dedos no seu pulso, enquanto os seus olhos castanhos fitavam os dele. - Por que não desiste de mim? Será que não vê que sou um escroto e gosto de te ver sofrer por só me meter em encrenca e nunca te ouvir? Eu sou autodestrutivo!! Eu vou te destruir também!!

Zoro riu em ver o loiro derramando lágrimas pela primeira vez na sua frente. - Sabe... eu estava pensando... acho que não quer se destruir... talvez vem aqui quase todas as noites para pedir socorro e não para me provocar, fingindo que age exatamente o oposto que eu te peço. - Os olhos do loiro se abriram com o que disse. - Deixa eu te salvar, sobrancelha enrolada.

Sanji o abraçou, enquanto derramava mais lágrimas. Zoro retornou o abraço com um sorriso quente.

— Fique aqui essa noite.

FiqueOnde histórias criam vida. Descubra agora