Dentes de leão

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A rainha do submundo caminhava pelos campos de trigo de Deméter, a cabeça aeria, flutuando como nuven.

"Talvez seja a maneira como você diz meu nome. Talvez seja a maneira que você joga o seu jogo...Mas é tão bom, eu nunca conheci ninguém como você".

Fazia dois meses que Persephone avia partido e ela estava se sentindo perdida sem ele. Quando ela o viu pela primeira vez no Olimpo, seu coração falhou uma batida, então ela se aproximou do cativante deus da primavera, ficaram amigos e era tão mágico. Então Afrodite resolveu se intrometer e mandou Eros flecha-la, que enlouqueceu e raptou o deus de cabelos ruivos. Deméter surtou e devastou a terra, diversos mortais e animais morreram, lotando o submundo pelos meses que o filho sumiu. Zeus foi atrás dela para devolver o filho e acalmar a fúria de Deméter.
Ela não queria, mas aqueles olhos verdes olharam nos seus negros, prometendo que voltaria, mas que não queria ficar sem a mãe, que não podia deixar aquela situação continuar. Então ela sedeu, mas com a condição de ele comer a romã que não permitiria ninguém de impedi-lo de voltar para ela.

E assim foi feito, agora Persephone passaria seis meses com Deméter e quatro com ela, pelo resto de eternidade a felicidade de uma seria a tristeza da outra.

"Mas é tão bom, eu nunca sonhei com ninguém como você"

As ninfas olhavam de longe e cochichavam. O que a senhora dos mortos fazia ali ? Uma das ninfas correu para avisar ao deus da primavera que sua esposa estava por ali.

"E eu ouvi falar de um amor que vem uma vez na vida. E eu tenho certeza de que você é esse amor meu"

- Malditos deuses do amor intrometidos. Maldito Eros e suas flechas. - Sussura a deusa do mortos.

A deusa se afasta cada vez mais do campo e entra na floresta, e se joga no chão, entre um vasto campo de dentes-de-leão.

"Por que eu estou em um campo de dentes-de-leão ? Desejando em todos que você seja meu"?

- Meu...e eu vejo o para sempre em seus olhos.
Eu me sinto bem quando vejo você sorrir.

E que sorriso bonito.

- Maldita Afrodite.

A mão pálida de dedos finos e delicados colhe um dente de leão e assopra.

- Por favor não me esqueça, por favor não me odeio até o outono. Ah que tolice a minha. Mas...sua maldita, isso é culpa sua. Então não o tire de mim.

" E aqui estou eu, a grande rainha dos mortos. Orando a deuses que um dia você seja meu. Fazendo desejos a dentes-de-leão".

- Será que um dia você será meu ?Verdadeiramente meu ?

A deusa pegou outro dente de leão e torna a soprar, uma risadinha escapa pelos lábios da deusa.

- Tinha me esquecido como isso é divertido.

"Eu acho que você é único para mim. Porque fica tão difícil respirar.
Quando você está olhando para mim".

- Que beleza, quando que eu iria imaginar que um pirralho iria causar em mim o que deuses ou mortais muito mais velhos e experientes não chegaram nem perto de conseguir.

Os olhos escuros olham para o céu entre os galhos das grandes árvores.

"Eu nunca me senti tão viva e livre. Quando você está olhando para mim...eu nunca me senti tão feliz".

- Será que você sente o mesmo ? Ou é tudo coisa da minha cabeça ? Eu sei que não é só a flecha...mas as vezes penso que ela nevoeia minha cabeça, me faz pensar que você está apaixonado por mim...quando não está.

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