(Créditos da capa ao autor.)
Ele falava de tudo um pouco, de cada coisa no mundo um pedaço.
Sobre eventos naturais, sobre o calor do fogo, sobre a firmeza da força, sobre a clareza da luz…
E seus lábios se moviam de forma adorável.
Ele falava cada palavra com a profundidade do oceano, e com o entusiasmo de alguém que acaba de descobrir os segredos do universo.
E a boca em movimentos, por vezes acelerados, por vezes lentos, dependendo do assunto do qual falava.
Sobre a beleza da planta, sobre a frieza do metal, sobre a flexibilidade do ar…
Com um ânimo intenso, com uma alegria descomunal por falar…
E a sua em simplesmente ouvir. Em escutar cada frase, sem atenção nenhuma, apenas focando em seus lábios, que não paravam de se mover.
Como queria tê-los…
Acariciá-los com as pontas dos dedos, e acima de tudo, beijá-los…
Ele continuava falando, dizendo, discursando.
Sobre a resiliência da água, sobre a paz da mente, sobre a escuridão da sombra…
E o desejo por seus lábios aumentando, por ter cada palavra dita diretamente em seu coração.
Ele não se cansava de exaltar as belezas do mundo em suas frases…
Sobre a estrutura dos insetos, sobre a intensidade da eletricidade, sobre a produtividade da terra…
E todo o mundo, para si, era ele.
Levantou-se da cadeira, aproximando-se sem dizer nada, por sobre a mesa, alcançando seus lábios, selando-os carinhosamente.
Quando voltou a se sentar, foi que notou todos os olhares do restaurante sobre si e sobre ele.
-Pode continuar.
Basorexia.
(Desejo incontrolável de beijar.)
