Quando O Bosque Chama

Capítulo 1

"Existem boatos que a mão da jovem Leona Lennox, filha do duque Lennox e herdeira da maior fortuna do nosso país depois do nosso Imperador, está prometida ao príncipe herdeiro desde o dia de seu nascimento. O Imperador enviou o duque e sua filha para que comandassem as novas terras do império. Ação que comprova nossas suspeitas sobre o suposto casamento dos dois grandes herdeiros. Será que em breve nosso império Broméliano receberá mais notícias sobre essa união?" 

Fechei rapidamente o jornal que havia escolhido para ler aquela manhã, o que em nada havia me ajudado em relaxar os nervos. Meu pai, por outro lado, estava em êxtase com toda essa repercussão, afinal, fora ele quem planejou todos os encontros, posicionara estrategicamente todos os jornalistas. Nunca gostei dessa história de casamento arranjado, entretanto não tive muita escolha quanto a isso.

Acho que não me apresentei, certo? 

Puxa, que mal educada. Meu pai ficaria furioso com os rios de dinheiro que gastou com professores pra mim. Bom, meu nome é Leona Lennox, sou filha única do segundo homem mais rico e poderoso do país, ficando atrás apenas da Família Imperial, que é exatamente por esse motivo que, infelizmente, acabei me tornando a prometida do herdeiro do trono mesmo antes de nascer. 

Desde muito pequena , tive os melhores professores particulares que me ensinavam tudo o que conseguir imaginar, iam de pesca até aulas de canto, passando por diversos idiomas, instrumentos e culinária. Sendo honesta, acho que já explorei todas as áreas de conhecimento que uma pessoa poderia conhecer. Sei tudo sobre meu país, sobre a importância das nossas alianças e também possuo grande conhecimento a respeito dos países vizinhos. Também sei as mais avançadas técnicas de sobrevivência, caso seja necessário.

Desde o meu primeiro ano de vida, fui treinada para me tornar a grande Imperatriz que as pessoas esperam que eu seja, meu pai não queria que eu me escondesse as sombras do meu futuro marido como uma frágil e delicada Imperatriz, ele queria que eu fosse alguém em que o povo pudesse confiar e os inimigos temessem. 

Não era comum e, muito menos, era bem visto mulheres com grande capacidade de pensar ou agir. Ainda existia aquele antiquado discurso que mulheres deveriam ficar em suas casas, cuidando apenas de seus filhos e sendo as esposas perfeitas. Porém, os tempos estão encaminhando para uma evolução e grandes rainhas e duquesas estão surgindo para conquistar seus verdadeiros lugares na sociedade, ainda que sejam poucas. Meu pai, por minha causa, é um grande apoiador dessa causa, entretanto é também um dos maiores apoiadores de uma das práticas mais arcaicas: o casamento arranjado. 

Devo admitir, que a ideia de ser temida e poderosa soa cada vez mais atrativa para meus ouvidos, contudo, o casamento com o príncipe é algo que realmente que me deixa com os nervos a flor da pele e me tira algumas noites de sono. 

Atualmente me encontro com 16 anos recém completados e a última vez que tive um encontro pessoalmente com o príncipe, foi a 10 anos atrás. Como se casa alguém que você viu raras vezes em seus poucos anos de vida? Puxa, eu vou passar todos os longos anos da minha vida ao lado dele, então, no mínimo, deveria ser alguém que eu tenha algum tipo de convívio. 

— Minha princesa, no que pensas tanto? — pergunta meu pai, interrompendo meus pensamentos. 

Nesse exato momento, estávamos em uma carruagem que seguia para o castelo imperial. Iriamos passar alguns meses lá. Meu pai tinha assuntos para resolver com o Imperador e, como a deixa perfeita, ele aproveitou a oportunidade de me levar junto. 

— Não é nada, papai. Apenas estou um pouco nervosa — respondo e ele solta uma leve gargalhada. 

— Não há nada com que se preocupar, meu bem. Treinamos anos para chegada desde dia, certo? 

Ele olha um pouco para a janela, creio que tentando nos localizar e, após um tempo considerável, finalmente diz a frase que eu mais temia durante todo o percurso: 

— Olhe, meu amor, parece que chegamos. 

Quando, infelizmente a carruagem para, denunciando que realmente chegamos, respiro fundo algumas vezes antes de descer da mesma. Era hora de encarar o Imperador e toda sua família, todos os jantares tediosos e as conversas ainda mais tediosas com a Imperatriz. E o pior de tudo: Era hora de encontrar o meu futuro noivo após tantos anos. 

Meu pai e eu fomos levados para a sala do trono, onde, amistosamente, fomos recebidos pelo Imperador Midas. Ele era um homem que se encontrava na casa dos 40 anos, já não havia mais nenhum vestígio de cabelo em sua cabeça, mas, em contra partida, era o homem mais barbudo que já tinha visto em toda minha vida. 

Nos cumprimentamos e meu pai perguntou se eu queria ir para meus aposentos e eu, com certeza, acenei positivamente com a cabeça, pois ali iria se iniciar uma longa e monótona conversa sobre política e quaisquer outros assuntos que eu realmente não estava nem um pouco interessada. 

Como esperado, a decoração do palácio era extravagante e pomposa, com diversos arranjos luxuosos seguidos de Bromélias por toda parte, o que não era incomum, já que essa flor era o símbolo do nosso império. 

Após virar em muitos corredores, finalmente cheguei em meus aposentos e minhas malas já se encontravam lá. Não havia muito o que fazer e estava com preguiça demais de arrumar meus pertences em seus devidos lugares, então apenas me banhei e fui dormir.