Como não ser um Príncipe | PJM + JJK [HIATUS]

2. Entendam, uma mentirinha só...

Nunca fez mal a ninguém.

/Jimin/

   Enquanto eu e minha indecisão entre bolo de morango ou de maracujá com chocolate brigávamos internamente sobre os prós e contras de ir pela opção morango e ficar com muita vontade de comer bolo de maracujá com chocolate mais tarde, e vice versa, Taehyung, por sua vez, esperava eu decidir qual pegar para que ele próprio pegasse a outra opção, algo que sempre fazia, e, enquanto eu me abaixava na altura da vitrine para olhar de perto qual seria minha aquisição da manhã, pude ver de canto de olho que ele batia a ponta dos dedos contra sua própria perna, puxando de leve o tecido jeans de sua calça, suspirei, todo o caminho até a cafeteria havia sido assim. Eu sabia que era sua mania, de quando estava nervoso com algo e, mais precisamente, estava ciente que o "algo" dessa vez não era apenas nossa mudança para Seul, como sempre eu conseguia ler perfeitamente o que se passava na cabeça do meu melhor amigo, mesmo que desta vez ele estivesse sendo mais óbvio do que meu pai tentando mentir para minha mãe dizendo que não iria jogar golfe com os amigos, estando com a bolsa de tacos pendurada no ombro. E era minha culpa.

Estava consciente de que situação com a faculdade trazia sempre imenso nervosismo ao mais novo, já que ele se cobrava demais e já prévia seu fracasso mentalmente como se ele pudesse realmente ver lascas do futuro. O que, nem de longe, seria uma verdade. Taehyung é, sem dúvidas, a pessoa mais cuidadosa e talentosa que conheço, além de ser inteligente para um caralho e sempre estar dando seu melhor, e eu acreditava muito nele, era certamente seu fã número 0 (pois eu TENHO QUE vir antes do número 1), meu melhor amigo iria ser o melhor médico que esse mundo já viu ou não me chamava Park Jimin, pois faria de tudo para que ele realizasse seu sonho. E, mesmo que ele não confiasse em si mesmo para isso, eu confiava e faria ele confiar também, isso que importava. Mas podia sentir que não era apenas sua insegurança quanto a sua carreira que o estava incomodando, era por causa do meu plano.

Portanto, como melhor amigo e criador desse plano, sabendo que eu era o causador da maioria de suas preocupações agora, tal como o próprio cebolinha que arrasta o cascão para suas confusões diárias, minha tarefa agora era apenas o fazer sorrir e esquecer esses pensamentos, que sequer deviam fazer parte do dia de hoje, já que era literalmente nosso primeiro dia oficial em Seul, visto que no dia anterior passamos arrumando a maioria das coisas, o que significava que precisávamos aproveitar um pouco, até porque só tínhamos uma curta semana antes das aulas começarem. Mesmo que, em tese, a gente tenha saído de casa pela manhã justamente com a desculpa, bem esfarrapada, de que iriamos apenas comprar coisas para terminar de organizar o apartamento e, também, ter o que levar para o dormitório.

— Tae... — murmurei, logo após fazermos nossos pedidos, quando o vi levar seus dedos até próximo a boca, pronto para maltrata-los com os dentes. Peguei em sua mão, apertando-a e evitando que machucasse a si mesmo. — Escuta, não precisa se preocupar com isso! Sério, vai dar tudo certo, já nos matriculamos, vamos começar em uma semana e eles nem sequer imaginam. Quer dizer, imaginam que nós estamos prestes a começar a faculdade, mas não que... enfim! Você entendeu.

— Eu sei, mas...— ele respondeu após um tempo, um longo suspiro vindo junto com a frase, demonstrando que ele havia desistido de falar seus "contras" novamente. Ficamos em silêncio por alguns segundos, nos encarando de modo que eu podia entender completamente cada coisinha que se passava em sua cabecinha; sempre tínhamos esses momentos, era quase como se estivéssemos nos comunicando mentalmente naquele momento. E a única coisa que foi capaz de nos fazer desviar da conversa de olhares fora a atendente, entregando nossos pedidos, peguei a bandeja com o pedaço enorme de bolo de morango, que no final foi minha escolha, e o bolo de maracujá que era do mais alto, Tae pegou os dois copos que eram entregues junto para evitar que eu derrubasse tudo antes mesmo de nos sentarmos.