Sexta, às 20h.

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— Eu...

Tralfagar D. Water Law travou. A ideia de Bepo, Shachi e Penguin aparentava ser muito boa, mas sua insegurança o deixava no chão, principalmente quando se tratava daquele moreno com um chapéu de palha tão excêntrico. Não lembrava o porquê de ter concordado com tudo aquilo e para piorar, alguns amigos do rapaz estavam próximos, inclusive seus dois irmãos mais velhos.

Monkey D. Luffy deixava Tralfagar nervoso, as mãos trêmulas do estudante de medicina tiveram que ser escondidas nos bolsos de seu casaco. Os dois estavam frente a frente, sendo observados por seus amigos. Sabo e Portugas D. Ace encaravam os dois, desconfiados com a situação, afinal, era bem raro Law iniciar o assunto entre a dupla, ainda mais no meio de uma multidão.

— Eu... Hm... — o tom de voz do rapaz foi diminuindo e a vergonha foi aumentando cada vez mais.

Bepo, Shachi e Penguin, juntamente aos outros amigos do ciclo de amizade de Tralfagar começaram a ficar nervosos e ansiosos junto do moreno, queriam pegar Law e correrem dali antes que o pior ocorresse, mas Roronoa Zoro, que estava próximo, os motivava a continuar observando, pois queria muito rir do que seja lá o que estivesse por vir.

— Torao, está tudo bem? — Luffy questionou com um pouco de preocupação, afinal podia ver o suor descendo pela testa do amigo.

— Podemos conversar lá na sala? — pediu baixinho, porém, um pouco sério.

Monkey D. Luffy olhou de um lado para o outro, procurando a melhor brecha para poder sair do pátio da universidade, segurou a mão de Tralfagar e saiu correndo, o arrastando consigo.

— MUGIWARA-YA, EU VOU CAIR... — os amigos dos dois, que ficaram para trás, escutaram o moreno mais velho berrar enquanto sua voz sumia pela entrada do campus.

Todos observaram a cena com curiosidade e depois olharam uns para os outros, dando de ombros.

— Dois soldados se foram. — Usopp comentou tirado o boné da cabeça e colocando sobre o peito, imitando uma cena de saudação.

Luffy puxou Law até um auditório vazio, já que naquele horário, raramente era utilizado por alguém e, sempre que queriam conversar ou apenas fazer nada, vinham ali, na esperança de esquecerem os problemas do dia a dia.

Os dois conheceram-se no primário, alguns anos antes de Donquixote Rosinante, o pai adotivo de Tralfagar falecer com um câncer pélvico no seu segundo ano do fundamental maior, então Luffy ainda teve o prazer de conhecer o homem que era tão idolatrado por seu melhor amigo.

O Monkey sentou-se na beirada do palco do auditório enquanto o moreno mais velho permanecia em pé, desviando o olhar sempre que as pupilas negras do chapéu de palha tentava encontrar o dourado de seus olhos. O silêncio pairava pelo local, como uma partitura que necessitava ser preenchida pelas notas de uma flauta transversal.

Tralfagar passou a andar de um lado para o outro, tentando conter o nervosismo. Ele era a pior pessoa do mundo quando se tratava de sentimentos, afinal nunca conseguia transmiti-los corretamente, entretanto sabia que, entre todas as pessoas do mundo, quem o entendia quase de maneira perfeita, estava bem em sua frente.

— Pode me contar seja lá o que for, não há ninguém aqui para lhe atrapalhar ou fazer alguma gracinha. — encorajou, Luffy.

Law respirou fundo e aproximou-se do amigo ainda tenso.

— Eu sou gay, Luffy...

— Zoro também é. — retrucou.

E um suspiro frustrado e irritado saiu do estudante de medicina.

— Pelo amor de Enel, tem como você levar um pouco mais a sério? — pediu sôfrego.

— Eu estou levando a sério, Torao. Não ligo para sua sexualidade, vai continuar sendo meu melhor amigo. — sorriu e abriu os braços para que viesse abraçá-lo, mas Law sequer moveu-se — Qual o problema? — indagou, desfazendo o sorriso.

— Eu gosto de você, mugiwara-ya... — revelou baixo.

— Eu também gosto de você, ora.

— Eu gosto de você muito mais do que de maneira fraternal, idiota! — Tralfagar alterou-se e tanto suas bochechas quanto as de Luffy mantinham-se rubras e suspirou.

— Romanticamente falando? — sussurrou o estudante de turismo.

— Romanticamente falando. — respondeu no mesmo tom.

O moreno aproximou-se novamente e foi abraçado por Monkey D. Luffy, para retribuir, abraçou-o com um braço e, com o outro, começou a acariciar os fios negros de seu cabelo, já que não eram tão curtos como os seus. Luffy aconchegou-se no ombro do rapaz e possuía certeza que acabaria dormindo, como todas as vezes em que Law era carinhoso consigo.

— Quer sair comigo? — questionou Tralfagar.

— Só se me deixar comer o tanto que eu quiser.

— Não sei se terei dinheiro pra tanto.

— Sexta, às 20h. Vá me buscar em casa, ok?

— Ok.

Os dois trocaram sorrisos e o horário no relógio de pulso em Tralfagar, mostrava que estava na hora de irem para casa, afinal, o turno havia encerrado.

— Vamos? — convidou Luffy.

— Vá na frente, tenho que resolver algumas coisas com meu professor de anatomia celular. — explicou.

— Posso esperar você se quiser.

— Talvez eu demore, há problema?

— Nenhum. — sorriu — Vou avisar Ace e Sabo! — avisou e saiu correndo em direção à saída do auditório.

Foi então que Tralfagar D. Water Law viu o chapéu de palha ao seu lado, esquecido. Algo totalmente incomum, já que o acessório era de extrema importância para o Monkey.

— Mugiwara-ya! — reagiu Law quase de imediato e Luffy virou-se em sua direção — Seu chapéu!

O moreno mais baixo correu até o estudante de medicina, deu um casto beijo em sua bochecha e, sem pegar o chapéu, sussurrou em seu ouvido:

— Me devolve na sexta.

Law pôde ver as bochechas vermelhas do garoto assim que ele virou de costas para si e saiu do auditório. Tralfagar possuía certeza de que a cor de suas bochechas ainda estavam mais vivas que a do estudante de turismo. Com o coração acelerado, permitiu-se sorrir e enquanto colocava o chapéu em suas costas para ter certeza de que não o deixaria em lugar algum, praguejou:

— Filho da mãe.

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⏰ Última atualização: Sep 20, 2021 ⏰

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