olha eu aqui novamente, hehe, devagar vou trazendo meus textinhos e já tenho em mente qual será o próximo (aguardem um ChiRagi/NiraShiya) mas por enquanto façam proveito do meu one shot desse couple que eu amo tanto de sk8!! perdoem os erros, por mais que revise várias vezes sempre passa algo despercebido, né? enfim, não hesitem de fazer qualquer crítica construtiva, até logo :)
★
não esqueça de favoritar, boa leitura! <3
"Porque, ao que parece, Deus nos tem posto a nós, apóstolos, na última classe dos homens, por assim dizer sentenciados à morte, visto que fomos entregues em espetáculo ao mundo, aos anjos e aos homens." - 1 Coríntios 4:9
Langa era um anjo caído. Sua aparência não condizia com sua personalidade, a melancolia o cercava, e preenchia pedacinho por pedacinho, contudo, ainda haviam inúmeros sentimentos bons dentro de si, sempre houveram. O ex-cabelo azul, porém ainda mais longo, deixou de carregar a luz da Divindade que o acolheu um dia. Perdendo seu vigor quando foi expulso do céu, quando foi julgado por amar todas as cores, suas madeixas e lumes tomaram o sombrio da noite vazia e fria, não absorvendo a luz das estrelas mas filtrando o seu anil, capturando a escuridão das trevas e, restando apenas o acinzentado de seu olhar. Seu ser doía, como alguém que fere a carne e não se aflige. A sua alma vagava pelo mundo.
Ao contrário do que o mundo ouve desde muito tempo, os anjos celestiais não são tão bons quanto imaginamos, possuem uma maldade de nascença e sua disciplina nem sempre foi o suficiente para manter a paz no firmamento, porém como uma peneira que nunca separa o suficiente a terra da água, o bem e o mal se unem naturalmente desde o primeiro ser vivente, tornando a benevolência Dele um completo mistério, afinal, até onde vai a sua ternura? O que é preto e o que é branco? Quem está certo e quem está errado? Quem é bom e quem é mau?
O abismo que existe entre o plano espiritual e o físico é de três espaços, são algumas camadas até o contato real entre os dois mundos, alguns possuem a habilidade de enxergar além do normal o que dificulta o equilíbrio entre eles, sempre há um problema por causa desse contato não planejado, mas curiosamente, nunca houve uma forma de parar. Reki via absolutamente de tudo desde pequeno, e mesmo com tanto tempo, agora na sua adolescência ainda não havia se acostumado com as diversas criaturas.
Ele tinha uma família, alguns colegas que diziam ser amigos — mesmo que fizessem piadas de mau gosto —, e uma vida boa, bem, isso era o que ele se forçava a acreditar em todas as manhãs que acordava com a cara inchada de tanto chorar depois de poucas horas de sono. O corpo cansado lutava contra os machucados recém cicatrizados em sua pele, ainda sentia dor mas sentia que era necessário fazê-los mesmo que não amenizasse seu sofrimento, não entendia aquele vazio que o perseguia. Sentia-se fútil e egoísta por fazer tanto alarde enquanto havia pessoas passando por problemas piores, mas não era ela ou ele que tinha que aguentar demonstrar um sorriso e boas risadas quando estava morto por dentro, fazia com que não soubessem, não queria ajuda, pena ou muito menos ser levado para uma igreja, aguentaria sozinho como sempre fez, só não sabia até onde seu limite poderia chegar.
Agora de frente para o mar sentia um calor percorrer todo o seu corpo, tinha a impressão que alguém o vigiava sempre que visitava a praia solitária perto de sua casa, mesmo observando ao redor não conseguia encontrar os olhos assustadores de seja lá o que o cercava. Diferente do que ele costumava ver e presenciar, algo bom estava presente, ainda que tivesse uma presença pesada, havia uma coisa boa no ar, a visão das cores claras ao seu redor o deixava curioso. A boa sensação não foi suficiente para despistar seus pensamentos de outrora, respirando fundo e esperando o pôr do sol chegar para colocar seu plano em ação.
Os pés nus tocavam a areia quente e ele podia sentir as lágrimas descerem pelo seu rosto bronzeado, os cabelos vermelhos bagunçados pelo vento de fim de tarde levava suas mágoas emaranhadas com baixos gemidos de inquietude, algo insistia em querer sair mas continuava preso dentro de si, era agonizante. Seu coração batia incessantemente, contribuindo para passos longos em direção ao mar azul esverdeado. Quanto mais fundo ia mais a dor diminuía, os remédios já faziam efeito e sentia seu corpo pender, finalmente estaria realizado, o inferno o esperava com alegria. A água preencheu todos os seus sentidos até não haver mais nada. Silêncio.
Enquanto o corpo de Reki afundava e despedia-se das mágoas mundanas, sua alma se preparava para a transição espiritual, talvez em outra vida tivesse um final diferente, onde terminasse feliz, como nos contos de fada. O corpo leve que afundava na água gelada começou a subir repentinamente, havia realmente morrido e agora já estava em um lugar qualquer, tinha certeza disso, ao menos achava que tinha até se deparar com ele.
Ao subir para a superfície sentiu a rejeição de todo o líquido que tinha absorvido. Logo em seguida, após todo o transtorno de colocar metade de um oceano para fora, Kyan voltou os seus olhos para aquele que suspeitava ser quem o vigiava mais cedo, era evidente que o rapaz em sua frente não era humano, fosse por sua beleza, pelas asas cortadas ou pelo toque surpreendentemente quente. Nunca havia visto algo assim, nunca havia visto um anjo, e esse tinha acabado de arruinar seus objetivos.
"Obrigado por permitir que meu sofrimento continue por mais tempo, estou muito feliz por ter literalmente me tirado do vale da morte. Era isso que esperava? Está contente?", Reki estava realmente irritado e mais triste do que nunca, odiava a vida, odiava o mundo e odiava mais ainda aquele ser estúpido.
A chuva começava a cair majestosamente, seus pingos caíam levemente do céu, como pedissem licença antes de acampar no solo e irem embora somente quando o sol as convidasse para se retirar. O cheiro de terra molhada manifestava o local, a praia vazia encontrava-se em um aspecto meio apocalíptico, os coqueiros balançavam com o vento forte e a escuridão já entrava em cena. As estrelas e a lua lutavam entre as nuvens pesadas para iluminarem o lugar, preenchendo a visão dos únicos presentes e fazendo Langa ter mais certeza ainda, a conclusão o fez querer gritar de alegria.
"Reki Kyan."
Seus lumes estavam direcionados ao avermelhado e ele correspondia, perdidos naquela situação, suspeitava que o garoto podia ver dentro de si e enxergava todo o seu ser, sabendo a sua história e vendo seus pecados, mas será que ele via suas promessas também, lembrava ao menos? Reki prometeu que o faria, mas era humanamente impossível, sabia disso. Sua destra tocou a pele molhada e fria do rapaz, murmurando frases em uma língua desconhecida e provocando um despertar poderoso capaz de parar o tempo, a chuva e todas as dores.
"Langa?!", os olhos marejados entregavam tudo, tinha funcionado como esperado.
Assim como a Noiva aguarda a vinda de seu Amado, a hora para aqueles pobres corações finalmente havia chegado.
"Até nos encontramos novamente... prometemos nos amar até em outras vidas. Eu cumpri, Kyan... estou aqui."
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fuyu no hanashi | Langa + Reki [HaseKyan]
Roman d'amour"𝒜té nos encontramos novamente... prometemos nos amar até em outras vidas. Eu cumpri, Kyan... estou aqui."