hora do banho e poças d'água

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Os olhos castanhos percorriam o cômodo com cuidado. Estavam há mais de uma hora naquele jogo, mas, agora, ele não tinha mais para onde correr: estava encurralado. Ginny aproximou-se com sigilo, cuidando para não fazer nenhum barulho que denunciasse sua presença ali, nem mesmo uma mosca ousava se mover. Pelos cálculos da ruiva ele estava debaixo da cama, não tinha como ter entrado no armário sem deixar a porta aberta e o vão da cômoda entre a parede era pequeno demais até mesmo para ele. Bolava uma maneira de capturá-lo, já há alguns meses abaixar-se não era uma tarefa simples, levantar era ainda mais difícil, carregar peso não tinha problemas, contanto que a movimentação de sobe e desce não estivesse envolvida no processo. A varinha tinha sido esquecida em outro cômodo, mas, se ela conseguisse segurá-lo com um lençol... Pensamento interrompido, um passo em falso em uma tábua solta e sua posição foi revelada.

Um pequeno filhote de lobo saiu de debaixo da cama, pulando por entre as pernas da mulher e disparando para fora do quarto. Ginny virou-se, colocando-se a correr atrás do animalzinho praguejando para si mesma por não ter fechado a porta e xingando mentalmente o bebê que carregava em sua barriga e dificultava sua locomoção.

— Edward Remus Lupin! Volte logo aqui! Você vai tomar banho querendo ou não!

A resposta foi um latido que basicamente informava que, dependendo dele, aquilo não iria acontecer. Ginevra bufou e tentou localizá-lo pelo (mau) cheiro, o único problema era que o cheiro do rapazinho - intensificado graças aos pêlos - estava por toda a casa. Entretanto, para sua sorte, Teddy continuava a ser um garotinho de seis anos transmutado em um lobo filhote e relativamente desastrado. O barulho de vidro quebrando na sala de estar foi o suficiente para revelar exatamente onde o menino estava e Ginny apressou-se até lá, mas não foi muito longe. A contração veio de repente e sem aviso, a ruiva apoiou-se no móvel mais próximo enquanto se curvava para frente, rangendo os dentes e evitando causar alarde. A dor durou por poucos segundos, mas que foram o suficiente para Ginevra decidir que teria que mudar a tática.

— Ok! — Disse ao recuperar-se, respirando fundo e acariciando sua barriga. — Certo! Você venceu. Sem banho. Eu estou grávida demais para isso! — Afirmou, apoiando suas costas na mão e caminhando para a sala. Tinha acabado de sentar no sofá quando as orelhas do lobinho surgiram detrás do móvel, seguido por um latido empolgado, ela suspirou. — O bebê aqui não quer brincar mais. — Informou, apontando para a barriga. — Você pode voltar a rolar na lama mais tarde.

Era uma boa tática, deveria ter pensado nisso antes. Mas, talvez, ele desconfiasse se tivesse feito de início. Como não era o caso, logo Ginny tinha um filhote em seu colo, lambendo seu rosto.

— Teddy! — Repreendeu, agarrando-o e fazendo carinho atrás de sua orelha, aproveitando a distração para levantar-se. — Peguei você! — Avisou quando sentiu que conseguiria segurá-lo, Teddy uivou. — E pode voltar a ser humano.

— Mas mãe! — A criança protestou, quando seu focinho voltou a ser um nariz e suas patas mãos e pés.

— Teddy...

— Ginny. — Ele corrigiu. — Eu não quero tomar banho. — Resmungou.

— Bem, eu não acho que isso seja uma questão de querer ou não. — Pontuou. — Além do mais, você realmente quer encontrar Victoire e Gloire sujo desse jeito?

— Não. Eu só não quero tomar banho.

— Bem, estamos em um impasse. E você sabe o que eu faço em um impasse?

— Espasse, passe... sasse? — O rapazinho tentou, sem sucesso, repetir a nova palavra, Ginny riu.

— Eu ganho. — Ela continuou a falar, agora entrando no banheiro.

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