Está assustada, Yuna?

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Os cinco horários haviam terminado, finalmente era a hora de ir para casa. Direcionei meu olhar para a porta e vi Paolo escorado na batente enquanto me encarava. Já era de se esperar que ele viria tirar satisfações sobre o tal garoto que me defendeu.

— Tá fazendo o que aqui, Paolo? -Parei em sua frente e cruzei os braços, o encarando.

— O que estou fazendo aqui? - soltou uma risada baixa. - Você ainda pergunta? Acha que eu não percebi o quanto você ficou caidinha por aquele idiota? Yuna, você é MINHA namorada, não tem que ficar encarando outros garotos por aí como se você não tivesse dono.

— Dono? Você enlouqueceu de vez, não é mesmo? Garoto, eu já te disse, nós terminamos. Acabou.

— Acabou? Para de ser tosca. Você não vai terminar comigo.

— Por que não? Acha que vou continuar com você e sair como a "corna" da história? Acha que vou continuar aturando suas mentirinhas e histórias mal contadas? Eu cansei, Paolo. Você é um completo babaca, eu devia ter terminado com você há muito tempo. Já passou da hora. Tá tudo acabado. -Dei as costas para o garoto e senti sua mão segurar meu ombro.-

— É por causa daquele garoto, não é? -Prensou meu corpo contra um dos armários, fiquei completamente gélida-  Aquele desgraçado... - Deu um soco no armário, me fazendo encolher e fechar os olhos- Eu vou acabar com ele!!

Paolo saiu em passos rápidos para fora da escola em busca do garoto. Eu não sabia o que fazer. Peguei minha mochila que havia caído no chão e saí correndo atrás dele, mas, acabei não o enxergando naquela multidão de alunos que estavam indo embora. Trombei em algumas pessoas enquanto o procurava. No meio dos alunos acabei encontrando Eric, um dos meus poucos amigos. Ele estava acompanhado de Judy, uma garota que estuda na mesma sala que eu, mas, ela é bem calada e na dela, quase não nos falamos.

— Eric, Judy...

— Yuna, tá tudo bem? - Eric arregalou os olhos ao me ver chegar ofegante. -

— Comigo sim...mas...o Paolo..

— O que tem ele?  - Judy disse calma me olhando-

— Vocês viram ele? Ele passou por aqui?

— Não, não vimos ele por aqui. Por que? Aconteceu algo?

— Não...digo.. depois eu explico, tudo bem?

— Espera! - Ele segurou uma de minhas mãos- Você não vai ir embora com a gente? Esqueceu que íamos juntos hoje?

— Eric, desculpa. Eu realmente preciso encontrar o Paolo.

— Ah, tudo bem então...Me conte tudo depois! - Ele disse acenando e indo embora com Judy. -

Corri de volta para dentro da escola e vasculhei todas as salas do primeiro e segundo andar, mas todas estavam vazias. Parei em frente das escadas que levavam para o terceiro andar, onde ficavam as salas de teatro, arte e música e, sem pensar duas vezes, subi as escadas e encarei aquele corredor grande e vazio. Meu coração se acelerou mais. Comecei olhando pela sala de artes, mas infelizmente não havia nada. Corri pela sala de música e infelizmente também não havia nada. Andei até a última porta e minha última esperança: a sala de teatro. Suspirei fundo e abri a porta de uma só vez. Senti um vento bater em minha face e o barulho da porta ecoar por todo o salão. Não enxerguei praticamente nada, a sala estava totalmente escura devido as longas cortinas. Desafiei a mim mesma a ir até o palco para conferir se havia algo nos bastidores, mas, ao dar dois passos a frente, tropecei em algo e caí com as mãos no chão. Algo estava errado. Senti um líquido em minhas mãos, rezei para que fosse água. Engatinhei até encostar na parede e me levantei devagar. Deslizei minha mão pela parede, procurando por um interruptor, e o liguei rapidamente assim que o encontrei. Me virei de costas para a parede e direcionei meu olhar para o chão e posso dizer que foi a pior escolha de toda a minha vida. Me deparei com Paolo deitado no chão com uma tesoura cravada em seu pescoço e sangue em volta de todo seu corpo.  Fiquei completamente sem reação, meus olhos estavam cheios de lágrimas. Por mais que eu odiasse Paolo, aquilo havia me destruído. Quem poderia fazer algo tão absurdo assim?
Dei passos lentos para trás em busca de sair rapidamente dali e procurar ajuda, mas senti meu corpo bater em algo que com certeza não era a parede. Senti uma mão gelada segurar minha cintura, oque fez um arrepio percorrer por todo o meu corpo.

— Está assustada, Yuna?

Essa voz.... Não me é nada estranha.

— Resolvi fazer esse favor pra você. Percebi que ele não era nada gentil com você e...bem, também não foi comigo. -Senti um sopro em meu pescoço quando o garoto riu.-

— Você...Quem é você? - Disse ainda paralisada sem me virar-

— Oh, claro! Me desculpe, nem me apresentei. Sou Jeong Jaehyun. Você já me conhece, te salvei deste imundo mais cedo.  -Me virei lentamente para o rapaz que estava com um semblante amigável e um sorriso no rosto. Aquele sorriso que eu havia ficado encantada mais cedo. -

— Você? Você fez isso? Como você... pôde fazer isso? -Disse com a voz embargada.-

— Ah, querida. Sério mesmo? Ele era um completo idiota com você e ele não te merecia.

— Ele não merecia isso que você fez!! -Gritei e senti sua mão tampar minha boca-

— Não seja ingrata. Você sabe que será bem melhor sem ele. Eu posso substituir ele, garanto que você esquece ele rapidinho, Yuna. - riu baixo se aproximando-

— Eu..? Ficar com o cara que matou meu namorado?

— Ex namorado.

— NÃO INTERESSA!! Nunca vou ficar com você. Irei te denunciar pra policia e você vai apodrecer na cadeia, filho da puta! -Senti lágrimas descerem pelo meu rosto assim que empurrei o garoto, que segurou meus braços.

— Acabou? -Ele me olhou com uma certa frieza e eu senti meu corpo se arrepiar novamente. - Bom, se você cooperar comigo, eu posso até pensar em te deixar viva. - Colocou uma mecha de meus cabelos atrás de minha orelha - Yuna, Yuna...você tem que saber que fiz isso pro seu bem, nem vai me agradecer? -Levou uma das mãos até meu rosto e o acariciou -  Faz o seguinte, vai pra casa, toma um banho e descansa. Irei cuidar dessa...bagunça, e te vejo amanhã.  -Selou nossos lábios e abriu um sorriso logo em seguida. Saí correndo da sala enquanto limpava minha boca com a manga da blusa.

Nojo. Isso era oque eu estava sentindo naquele momento. Não esperava que aquele garoto pudesse fazer aquilo e me beijar como se nada tivesse acontecido.

Jeong Jaehyun. Esse é o nome do tal "garoto novo" que havia me defendido. Esse rosto angelical engana qualquer um, inclusive eu. Eu me enganei. Achei que ele seria o típico garoto amável e estudioso que todos os alunos e professores são caidinhos mas, na verdade, ele é um assassino e ele matou meu namorado. Queria nunca ter cruzado com esse garoto, queria não ter me encantado por aquele sorriso. Aquele maldito sorriso.

———

04:56 p.m

Desde que havia chegado da escola não havia sequer comido algo. Eu estava tão...em choque? Aquilo não me parecia real, como aquilo poderia acontecer? Mais que merda.
Um número desconhecido mandou uma mensagem para o meu celular e, para a minha "surpresa", era Jaehyun dizendo que havia limpado toda aquela coisa que ele havia feito. A mãe de Paolo já havia me ligado perguntando se ele estava comigo e eu quase desabei, eu...eu queria contar. Juro que queria! Mas não saiu nada, ficou intalado na garganta, me veio uma mistura de medo e culpa. Tá, tudo bem que não fui eu quem matou Paolo, mas cara, será que se eu não tivesse olhado para Jaehyun,  tudo isso seria evitado? Será que ele não mataria Paolo?

Culpa.  Medo.

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⏰ Última atualização: Sep 02, 2023 ⏰

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