- Ele tem essa áurea de bom pai. Não é?Sasha comentou para a amiga que observava discretamente uma estranha e agradável cena se desenrolando; Levi segurava o bebê Springer o embalando cuidadosamente em seu colo perto da varanda, afastado do barulho do trio, longe o suficiente para Mikasa continuar o espiando em sua recém curiosa apreciação. O bebê de um mês dormia tão calmo e confortável em seu colo que não lembrava em nada o bebê agitado de alguns minutos atrás - para o descontentamento de Connie como pai. Ele ainda choramingava na poltrona, murmurando que falhou quando não conseguiu fazer o próprio filho dormir.
Sasha disse algumas palavras de incentivo para o marido estendendo a mão para mesinha de centro, em direção aos biscoitos que Mikasa trouxe em sua visita, devorando alguns antes de sorrir e sussurrar para os dois :
- Vamos aproveitar que ele está de bom humor e deixa-lo continuar sendo uma babá improvisada.
- Oi, pirralha, estou escutando.
Levi resmungou e Sasha se engasgou com o biscoito acabando por receber tapas nas costas no final.
- eeek
*****
O filho dos Springer não era a primeira exceção da disposição anormal de Levi, Mikasa notou que ele tinha afinidades com crianças - o que chega ser irônico -, é verdade que antes ele tinha sido um terror causador de pesadelos para adolescentes indisciplinados, mas aparentemente as crianças pequenas nunca pareciam realmente ser afetadas. Era o jeito suave em seu mal humor quando alguma criança corajosa demais para se assustar com seu típico olhar frio se pendurava em suas pernas. O tom menos duro e ríspido em que respondia perguntas tolas e bobas. As vezes ele até mesmo curvava os lábios para cima. E era lindo de se assistir.
Então isso a atingiu como uma flechada certeira em sua cabeça e em seu coração.
Ele queria uma família de verdade? Com filhos e tudo ?
Filhos com ela?
Depois do final, quando a verdadeira e terrível guerra se foi , eles se juntaram. Não foi algo dito com palavras porque, afinal, os dois eram terríveis com palavras, então apenas viveram juntos, se aconchegando em uma bela casa, compartilhando bem mais que simples companheirismo.
Claro, ela sabia que eles eram algo bem mais complexo depois de tudo, era certo e duradouro. Ela o amava. Ele era sua família agora. Ele a segurava quando não conseguia se manter, em noites quando a mera menção de fechar os olhos era assustador demais.
Mikasa queria realizar os sonhos desse homem que tanto a ajudou em sua jornada de altos e baixos. Queria aumentar seus laços com ele.
E talvez fosse a hora de dar os próximos passos.
Levi não aparentava notar o grande e importante assunto que a mulher deitada ao seu lado debatia consigo mesma. A serenidade em seu rosto enquanto lia um livro velho de capa azul que vez ou outra tinha que endireita as folhas soltas antes de voltar a leitura.
Mikasa mordeu os lábios virando o rosto para o encarar sentando com as costas contra a cabeceira da cama, bonito em sua concentração nas linhas do livro surrado em suas mãos.
- O bebê Springer é fofo.
Comentou ela com a voz bem baixinha como um sussurro. Tinha certeza que ele não a escutou, mas ao se ver sob a mira dos azuis cinzentos foi a confirmação de que ele não estava tão alheio assim. Ele quase nunca estava, afinal ele era Levi Ackerman, com seu sentindo Ackerman aguçado.
- O que foi?
Direto ao ponto. Maldito.
Alguns segundos eternos se passaram quando ela finalmente tomou coragem de algum lugar e perguntou:
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família.
RomanceEle queria uma família de verdade? Com filhos e tudo ? Filhos com ela? Mikasa ficou chocada com o quão sincero Levi foi.