Capítulo único

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— Hey, hey, Yoshino-san, vamos almoçar juntos? — Cutucou as costas do garoto que prontamente se virou.

Soltou um suspiro, depositando a caneta na carteira após preencher a ficha que foi entregue pelo professor, cada uma das perguntas fez seu estômago revirar, e talvez não tivesse coragem de encarar os bolinhos de carne no bento que trouxe.

O cansaço a dominava, a face nada contente em contraste com as bolsas escuras abaixo dos olhos, a falta de sono a perseguiu por um bom tempo até o surgimento dos primeiros resquícios de superação, um fato novo, um fato horrível. Estava sozinha num barco prestes a ser inundado pela água gelada.

Ao encarar as próprias mãos, analisou os leves machucados nas costas, quase desaparecendo, em alguns dias, não restaria nada que indicasse que a epiderme carregou marcas fortes. Isso era bom, muito bom.

— Hey, Junpei, vamos almoçar juntos? — O mesmo ritual de quase todos os dias, o leve cutucão nas costas dele, e ele se virando para encará-la, trazendo um gentil sorriso.

Com o chamado do professor para entregar a ficha preenchida, levantou-se e a depositou na caixa, voltando para o assento no fundo da sala. De repente, sentiu ligeira fome, pensando nos bolinhos de carne que trouxera no bento, talvez estivessem mesmo gostosos.

— Junpei ~ — cantarolou, meio que saltando no banco e pousando o queixo no ombro dele, o garoto deu um pulinho de susto, mas logo sorriu. — Vamos almoçar juntos.

Observando o céu limpo pela janela da sala de aula, divagou levemente se o chamaria para almoçar, embora isso fosse apenas um pensamento vago. A carteira à sua frente estava vazia, e não havia ninguém que pudesse chamar para acompanhá-la no horário de intervalo.

O que ficouOnde histórias criam vida. Descubra agora