nada quebra como um coração

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⸙⸙⸙

Felix estava sentado no balcão daquele bar totalmente
devastado, tentando desatar aquele nó em sua garganta com doses fortes de uísque, as quais já tinha perdido a conta de quantas tinham sido.

Naquela noite, tinha gastado horas em seu quarto tentando decidir que roupa vestiria, como iria pentear seu cabelo e que maquiagem usaria. Até fez questão de usar seu perfume novo pela primeira vez. Não sabia porque seu namorado tinha marcado de encontrar com ele tão de repente, mas, pela forma como o outro falou consigo ao telefone e pelo local que iriam, imaginava que seria importante. Ótimo, ele também tinha algo importante a dizer, queria tornar aquela noite especial.

Saiu de casa com antecedência e chegou ao local combinado, uma lanchonete fofinha no estilo anos 60, o mesmo lugar em que conheceu seu amor, Christopher Bang. Devido a correria do dia a dia, com trabalho e faculdade, fazia um bom tempo que não entrava ali. Encontrou uma mesa vazia e se sentou. Enquanto esperava o namorado, passava os olhos pelos diversos casais que ali estavam, se lembrando dos momentos incríveis que tinha vivido com seu amado ali.

Minutos depois viu o Bang entrar pelas portas da frente da lanchonete e, ao encontrar o olhar frio do mesmo para si, sentiu um incômodo na espinha. Tinha algo errado, mas, ele decidiu afastar esses pensamentos, pensou que deveria ser apenas impressão sua. Estava certo do que ia fazer, tinha economizado bastante para comprar aquelas alianças bonitas e naquela noite, daria mais um passo em sua relação.

Christopher veio a passos largos e pesados, e sentou-se na cadeira em frente a Felix.

- Não vai sentar aqui? – Felix indagou batendo no assento da cadeira, estranhando o fato de o mais velho não estar sentado ao seu lado como sempre faziam.

- Eu preciso ser rápido Lix, não tenho muito tempo – o outro foi curto e grosso.

- Como assim? Achei que íamos passar um tempo por aqui... – o mais novo fez um beicinho, mas, não ia se abalar – Vamos pedir algo pra viagem então? Você pode ir comigo pra casa e a gente...

- Não Lix, já falei que preciso ser rápido.

- Não dá nem pra tomar um milkshake? Por favor, nós nunca deixamos de dividir um desses e...

- Lix, eu quero terminar. – O Bang o interrompeu de forma brusca, fazendo com que o sorriso iluminado do mais novo se fechasse aos poucos.

Felix estava paralisado, a boca aberta tentando formular frases e mil ideias se passando por sua cabeça. Aquilo não poderia ser sério. Agora a caixinha com as alianças parecia pesar mil toneladas em seu bolso.

- Oi? C-como assim, você o quê? – ele ainda não acreditava.

- Desculpa, Lix. Não é nada com você, eu só... Só não dá mais – o mais velho falava com as mãos cruzadas em cima da mesa.

- Não dá mais? Como assim não da mais? – Felix falava sentindo as lágrimas se formarem em seus olhos. – Aconteceu alguma coisa? Eu fiz alguma coisa? Será que não podemos resolver isso juntos?

- Não dá mais Lix, eu não quero – o mais velho terminou sua fala com o tom de voz alterado e a cabeça baixa.

- Olha pra mim – Felix pediu e o Bang continuou de cabeça baixa – Olha pra mim, Christopher. Diz isso olhando nos meus olhos – ele sentia as lágrimas ali, mas não ia chorar – Diz que não quer mais ficar comigo olhando pra minha cara. Não tô nem aí se você não quer me explicar nada mas quero que tenha a decência de falar isso olhando pra mim, como um homem.

O Bang ouviu tudo ainda de cabeça baixa e permaneceu, levando um susto quando o mais novo levantou rápido empurrando a mesa.

- Babaca – foi a única coisa que Felix conseguiu dizer ao outro enquanto andava até a porta da lanchonete, limpando os vestígios das lágrimas, a raiva o fazendo pensar mil coisas diferentes.

O Bang foi atrás do loiro, segurando seu pulso quando o mesmo atravessou as portas da lanchonete.

- Lix, por favor, entenda meu lado.

- Meu nome é Felix, Christopher. Felix. E o que você quer que eu entenda? Você marca um encontro pra terminar comigo e nem me diz o motivo, ainda quer que eu te entenda? Ainda
mais, nesse lugar... Você sabe o quanto esse lugar é especial pra nós dois... Pra mim! – Ele falava alto e exaltado, já estava vermelho de raiva pela falta de consideração do mais velho.

- Desculpa Lix... Felix – Christopher soltou seu pulso e subiu rápido na moto que estava estacionada em frente a eles – Desculpa – foi a última coisa que disse antes de ligar a moto e dar a partida, acelerando alto e indo embora rápido, deixando Felix sozinho na calçada.

Era noite e o céu estava escuro, Felix sentia seu coração escurecer também. Sentia tristeza, mágoa... Sentia raiva. Tudo tinha acontecido tão rápido, a ficha ainda não tinha caído. Observou a rua a sua volta, estava cedo, talvez ainda conseguiria pegar um ônibus e voltar pra casa, para poder deitar em sua cama e chorar até não aguentar mais. Tirou
a carteira do bolso conferindo quanto ainda tinha de dinheiro quando um grupo de jovens passou por si, uma menina bonita acabou esbarrando em seu ombro e foi logo pedindo
desculpas, seguindo seu caminho. Felix seguiu a pequena multidão com os olhos e viu que eles entraram em um bar exatamente em frente a lanchonete. Notou que nunca tinha notado o estabelecimento ali, talvez estivesse cego demais com alguém que não vaia a pena ao seu lado.

Conferiu se estava com dinheiro suficiente e seu cartão, foi rápido em sua decisão.

- É... Não vou gastar dinheiro com milkshake nem com passagem dessa vez.


⸙⸙⸙


A roupa bonita que Felix vestia agora estava toda desalinhada, assim como seu cabelo e sua postura, sentado de qualquer jeito no banco alto do balcão do bar. Não se importava com nada nem ninguém, a vontade de chorar ainda era forte.

- Não... Não, não, não... Christopher Bang não merece minhas lágrimas e eu não vou gastar minha maquiagem com isso – ele falava para si mesmo com a voz arrastada por causa da bebida forte – Moço, err... Garçom! Mais uma, por favor!

- Você não acha que já bebeu demais? – a figura não muito alta que vinha lhe servindo durante toda a noite lhe indagou com um ar de preocupação.

- Você não acha que tem que trabalhar? Não perguntei nada a você, eu estou pagando, vou beber quantas doses eu quiser, sirva seu cliente – Felix falava tentando manter um tom rude e autoritário, o garçom achou isso fofo.

- Como meu cliente se chama? – o garçom o perguntou.

- Felix... Lee Felix.

- Okay, Lee Felix... Vou preparar mais uma dose para você, mas esta será sua última, estamos fechando.

Felix olhou em volta e mesmo com a visão turva notou que não havia mais ninguém por ali. O garçom logo trouxe sua última dose a qual ele virou tudo de uma vez, sem notar que tinha mais gelo e água de coco do que uísque de fato. Abriu a carteira e deixou um bolo de notas amassadas em cima do balcão e saiu cambaleando pela porta da frente do bar.

Ao sair de dentro do estabelecimento, olhou para a frente e viu a fachada da lanchonete que estava mais cedo, logo lembrando de tudo o que tinha acontecido naquela noite. Passou a mão no outro bolso e notou que ainda carregava as alianças consigo. Dessa vez, o peso das lágrimas foi mais forte e ele não aguentou, desabou a chorar na calçada do bar. Soluçava tão alto que nem notou quando alguém se aproximou de si.

- Você está bem, Lee Felix? – uma voz familiar lhe perguntava, preocupada.

- Eu estou bem, eu só estava... Nada, eu vou pra casa – Felix tentou levantar ainda cambaleando e quase ia ao chão novamente, se não fosse pelos braços fortes lhe segurando. Ao levantar o rosto viu que a voz familiar na realidade era o garçom que passou a noite lhe servindo.

- Tem certeza de que consegue chegar em casa nesse estado? – o garçom o perguntou.

- Eu acho que não...

- Vem, se apoia em mim – o garçom segurava sua cintura colocando o braço do outro em seu pescoço para que ele se segurasse melhor.

- Eu nem sei quem é você, garçom. Te conheci hoje, como vou confiar em alguém que eu nem sei o nome? Eu posso matar você – Felix disse, a bebida o fazendo não medir suas palavras.

- Meu nome é Changbin. Seo Changbin. E eu vou levar você pra casa. Pode me matar amanhã se quiser, mas hoje você precisa dormir pra aliviar esse porre aí.

Felix notou que havia sinceridade naquilo que o outro falava e decidiu confiar, de fato não conseguiria chegar bem em casa naquele estado e o que mais tinha a perder naquele dia? Com isso, aceitou a ajuda, se apoiando nos ombros do outro e se deixando ser carregado até um carro, logo fechando os olhos e sentindo os efeitos da bebida forte que não era acostumado a beber.

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⏰ Última atualização: Nov 28, 2021 ⏰

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