you showed me colors you know i can't see with anyone else

1.2K 153 230
                                    




Uma das coisas favoritas de Harry era andar de moto pela cidade, o vento batendo contra o rosto e os cabelos voando, os pensamentos voando longe e, de vez em quando, pousando em uma casa específica, que ele normalmente adentrava pela entrada menos convencional — pela janela —, em uma cama mais específica ainda e um par de olhos azuis. Desviou o caminho de casa em favor de parar em algum outro lugar, ainda não havia decidido qual, no entanto.

Passou pela praça perto da igreja, a Harley-Davidson fazendo barulho pela rua silenciosa. Contemplou parar na praça pequena, sentar em um dos bancos e apreciar o silêncio e o céu estrelado. Mas acabou parando na igreja, mesmo que ele não entendesse exatamente porquê. Desceu da moto e subiu as escadas para o templo religioso, passou pelas grandes portas de madeira e correu os olhos pelo ambiente, observando a arquitetura e as pinturas do lugar. Era bonito, Harry sabia apreciar, mesmo que não fosse exatamente sua praia. Para dizer a verdade, Harry nem mesmo sabia porquê ele havia parado ali, não é como se ele fosse exatamente bem-vindo, ou como se ele sequer acreditasse em qualquer religião.

Girou em seus calcanhares, olhando em volta da construção. O único valor sentimental que aquele lugar tinha para ele era ter sido o lugar em que ele conheceu Louis e eles se falaram pela primeira vez. Ele ainda se lembrava o banco que ele havia se sentado com sua família, não se lembrava de uma palavra que o padre Tomlinson disse, mas se lembrava exatamente de tudo que o filho dele tinha feito, se lembrava da roupa que Louis usava e como suas bochechas avermelharam quando notou o olhar de Harry pesando sobre si.

— Harry Styles? — ouviu a voz de seu sogro atrás de si, soando meio incrédulo. — O que você está fazendo aqui? — perguntou. — Nem tá acontecendo missa alguma para você perturbar.

Styles se virou, encarando o padre. Ergueu as mãos em sinal de paz.

— Eu venho em paz, padre — disse, as feições neutras. — Não vim perturbar nada, nem ninguém. Aliás, eu não faço isso há tempos — disse, suspirando e se sentando em um dos bancos.

— O que quer aqui, então?

— Não sei dizer — ponderou, olhando para o alto, os olhos verdes analisando todos os detalhes das pinturas no teto. — Nunca fui de rezar, sempre me sinto falando com as paredes, eu não sou exatamente religioso, sabe. Mas eu, hm, gosto de alguém que se importa com isso.

— Talvez você esteja precisando precisando seguir os passos desse alguém e procurar Deus.

— Não é minha coisa, mesmo — reforçou. — Agradeço o conselho, no entanto.

O cacheado aproveitou o silêncio para pensar no que ele realmente estava fazendo ali. Ele sabia que ele não era religioso, porém essa era a coisa de Louis. E ele tinha confiança que tudo daria certo quando ele fosse contar para o namorado, mas uma parte de si ainda duvidava que tudo fosse dar tão certo assim tão rápido. Era o que ele mais queria, é claro, mas as coisas não eram fáceis para eles, então ele estava tentando se preparar para o pior. Já que igreja, religião e Deus eram coisas que Louis considerava importante, ele estava recorrendo a isso, ele supôs.

— Acho que tô recorrendo a medidas desesperadas — Harry riu, sem humor. — E eu nem sei se eu preciso, mas é melhor prevenir do que remediar, acho. Enfim, eu, hm, eu vou embora, não quis perturbar, me desculpa.

As palavras de Harry pegaram o padre de surpresa e o cacheado percebeu a surpresa nos olhos dele. Quando se levantou, Mark acenou com a mão e Harry parou.

— Tá tudo bem, pode ficar. A casa de Deus é de todos.

— Agradeço — se sentou de novo.

epiphany \ l.s.Onde histórias criam vida. Descubra agora