(eu não sei se alguém vai ler isso) só queria dizer que este foi mais um dos meus delírios depois de assistir sakura card de novo!
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— Gostaria de pedir que você pare de deixar marcas tão explícitas no meu corpo — Yue disse certa vez.
Touya o olhou pelos cantos dos olhos, mas não lhe deu atenção.
— Apareceu cedo hoje — comentou.
— Você ouviu o que eu disse?
Touya deu um longo suspiro:
— Não é como se eu deixasse marcas em você, entende?
— Eu e Yukito dividimos o mesmo corpo. Literalmente. Não. Ele vive no meu corpo. E também gostaria de pedir que você pare de ser tão agressivo. Eu sinto dores intensas na coluna, não entendo como Yukito suporta.
Touya riu atrevido.
— Por mais que seja surpreendente: Yukito gosta de agressividade.
Yue também sabia disso, mas resolveu não questionar.
— Não entendo o que há de tão demais nisso.
— Nisso o quê? Sexo?
— Nunca irei entender a vulgaridade humana.
— É algo muito, muito bom. Deveria tentar de vez em quando.
Yue bufou.
— Eu sei que é — ele disse, e Touya se virou com olhos curiosos — quero dizer, eu sei pois Yukito parece gostar bastante. Embora Yukito seja uma extensão minha, somos existências diferentes, então, não posso sentir as mesmas sensações que ele, mas tenho acesso aos seus sentimentos e memórias, e sabe, vocês fazem isso com bastante frequência, o que deixa as memórias dele muito vívidas.
— É um pouco perturbador pensar que você sabe de tudo o que fazemos.
— É ainda mais perturbador para mim. Mas se quer saber, tenho muita curiosidade.
— Criaturas mágicas não sentem vontade de transar?
O anjo não gostava das palavras vulgares que Touya usava, mas em algum momento acabou se acostumando com elas.
— Não temos esse tipo de necessidade. Isso é de natureza humana.
— Então quer dizer que você ainda é virgem? Tipo, nunca beijou ninguém?
— Ser "virgem" também é uma constatação humana considerando que sou uma criatura mágica e não me aplico às suas regras, mas, sim, sou virgem.
Touya achava criaturas mágicas não-humanas genuinamente interessantes, especialmente Yue. A forma como suas palavras soaram tão inocentes e seu rosto continuou impassível era fascinante. De modo algum Yukito conseguiria falar algo do tipo sem ficar completamente envergonhado.
— E você nunca sentiu vontade de experimentar?
Yue parou alguns segundos para pensar e logo continuou:
— Eu não sei até que ponto as vontades de Yukito interferem nas minhas vontades, mas várias vezes já pensei como seria a sensação de beijar você. Não sei distinguir se são vontades minhas, entende?
Os olhos de Touya se alargaram, surpresos.
— O-o que... você está dizendo, idiota!
Yue pareceu se divertir, porém ficou igualmente surpreso pela reação que provocou no outro.
— Você está envergonhado? Nem parece o mesmo que diz coisas tão obscenas para o Yukito quando- — suas palavras foram abruptamente interrompidas quando Touya pôs a mão sobre sua boca, impedindo que ele continuasse.
Os olhos felinos de Yue encontram-se com os de Touya, que parecia um pouco irritado pelas provocações do anjo.
O corpo de Touya tremeu ao sentir a ponta da língua de Yue tocar delicadamente a palma da sua mão que ainda se mantinha sobre a boca dele, enquanto seus olhos sustentavam uma linha firme e inquebrável encharcada de tensão.
Touya afastou sua mão, porém ainda ficando a poucos centímetros do corpo de Yue.
Touya pensou muito antes de voltar a falar:
— Posso te ajudar com a sua curiosidade.
E quebrou os centímetros entre seus corpos, suas mãos segurando o rosto de Yue enquanto seus lábios se encaixavam em um novo toque. O corpo de Yue ainda era rígido, mas conforme Touya lhe tocava, lentamente seus olhos se fechavam e seu corpo relaxava.
Na realidade, Touya estava um tanto impressionado ao perceber que Yue sabia exatamente o que fazer embora não houvesse experiência alguma. Sua língua tocava na sua com maestria inquestionável e com delicadeza suas mãos puxavam os fios do seu cabelo.
Os dedos de Touya fizeram caminho até a cintura do outro, as asas do anjo chacoalhando com cada toque íntimo em seu corpo.
Yue se deleitava com a perversidade daquele toque, a língua de Touya se enrolando na sua trazia uma sensação sufocante e um desconforto no estômago; nunca pensou que pudesse ter desejos tão impuros como aqueles que Touya lhe causava. Ele queria que aquelas mãos continuassem lhe tocando, mas não com delicadeza exagerada; ele gostaria de ter as mesmas sensações que Yukito tem quando pede por mais e Touya o dá sem hesitar.
Touya prendeu o lábio inferior de Yue entre os dentes antes de se afastar minimamente dele: os olhos estavam fechados e o peito ofegante, a boca entreaberta ansiando por ar. Era uma imagem tentadora.
— Agora consigo entender porque Yukito gosta tanto disso.